Pode-se dizer que a Jornadinha é
a versão especializada para a infância da Jornada Literária do DF. Projeto, que pretende levar livros, literatura
e autores às crianças de até sete anos, algo que já vinha sendo feito pela
Jornada, mas, com a concentração permitida pela Jornadinha, ampliam-se as ações
direcionadas a esse público e conferindo uma organicidade maior ao trabalho com
as crianças.
Para o curador do projeto, João
Bosco Bezerra Bonfim, “quando uma pessoa tem contato com o livro, especialmente
com os álbuns ilustrados nos primeiros anos de vida, ela tem mais chances de
vir a se encantar com as narrativas”. Neste sentido, a Jornadinha busca ampliar
encantamento, organizar e sistematizar, na criança, o mundo da imaginação; isto
é, não só a faculdade de acessar mundos mágicos, onde tudo é possível; mas
dando uma espécie de sequenciamento dos eventos fictícios, que é justamente a
história como gênero, isto é, a fábula, o conto, o livro de imagens. “E esse
poder da imaginação é que pode auxiliar esse novo leitor a sonhar, a enfrentar
a realidade cotidiana, por mais árdua que seja; e – claro – amplia o uso da
linguagem verbal, ferramenta poderosa de aprendizagem”, acrescenta o curador.
Para a Jornadinha, foi preparada
uma série de atividades com crianças de creches, abrigos e jardins de infância.
São oficinas de leitura, narração de histórias, espetáculos de literatura e,
principalmente, uma exposição com uma vasta coleção de livros infantis para que
as crianças tenham contato com esse objeto simbólico; e, com a familiaridade
que venham a desenvolver, as crianças possam começar a se identificarem o que
mais lhes agradam, qual livro lhes chamam a atenção; e possam escolher qual
história querem conhecer. “O mais importante é dar à criança a liberdade de
opção, a liberdade de ela escolher o que ela quer conhecer no mundo dos livros
e das histórias”, comenta João Bosco.
A Jornadinha Literária do DF é um
projeto patrocinado pelo FAC DF e ocorre no período de 13 a 16 de agosto de
2018, no Teatro Sesc Newton Rossi, na Ceilândia-DF. Ao todo, serão seis
oficinas de leitura, seis espetáculos de literatura, seis sessões de narração
de histórias; e também debates sobre a literatura na primeira infância e duas
oficinas de poesia.
Toda a programação é gratuita e aberta ao público.
Curadoria: João Bosco Bezerra Bonfim
Produção: Marilda Bezerra
Caio Riter e o prazer de estar com a 'gurizadinha' leitora
O escritor Caio Riter fará sete
apresentações na 3ª edição da Jornada
Literária do Distrito Federal, sendo três na Jornadinha,
dia 16, e as outras quatro na Jornada, no dia 17 de agosto (confira a programação).
“Minha participação na jornada será com a gurizadinha”, adianta o autor, com um
inconfundível jeito gaúcho de falar. “Nosso encontro será para troca de ideias
a partir da leitura de livros meus, livros de poemas”, sintetiza Riter.Autor de mais 60 livros, Caio Riter acredita que eventos como a Jornada Literária, bancada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, FAC-DF, e cor-realizado pelo SESC, podem realmente formar leitores, desde que haja a leitura prévia dos livros dos autores participantes (o que é o caso da Jornada), “sobretudo por proporcionar momentos de troca entre quem leu e quem escreveu, momentos que resinificam o livro e a experiência leitora”, completa.
Ele conta que privilegia esses encontros com os leitores e que essas ocasiões acabam por aumentar ainda mais a porção leitora do próprio autor. “Creio que um livro só existe à medida em que ele é lido, conhecido, relido. Assim, a partir do encontro com as palavras urdidas pelo escritor, ele também acaba por poder se constituir mais como leitor, já que sua obra passa a ter significado para novos (ou mais) corações”, explica Caio Riter. “Gosto disso, gosto, parodiando o Milton Nascimento, de ir aonde meus leitores estão”, conta o autor, falando sobre sua relação com eventos iguais à Jornada. De tanto participar, coleciona histórias que gratificam a carreira literária. “Houve certa vez uma menina que, após ler ‘Meu pai não mora mais aqui’ (um dos livros de Riter), fez questão de me dizer que aquele livro marcou sua vida, tornou-a leitora”, lembra o escritor.
Na obra vasta de Caio Riter, a criança e o adolescente são, de longe, o público principal. Na bibliografia, apenas três livros para adultos. “Como iniciei minha carreira literária escrevendo para a infância e, depois, para a adolescência, constituindo um grupo de leitores, conquistando prêmios, acabei ligando meu nome a estes públicos. Assim, quando alguém pensa no Caio Riter, pensa-o como alguém que é um escritor de LIJ (Literatura Infanto Juvenil), daí a dificuldade em publicar livros para outros segmentos de públicos, sem contar que minha produção maior é mesmo para crianças e para adolescentes. Assim, se a produção é maior...”, conclui.
Sylvia Orthof escreveu mais de
cem livros ao longo da carreira e teve uma ligação forte com Brasília, onde
morou 11 anos, entre 1960 e 1971. Aqui, foi professora de teatro da UnB,
dirigiu o Teatro Candanguinho, programa teatral de bonecos, na TV Brasília, e
foi coordenadora do teatro do SESI. Falecida em 1991, Sylvia estará na Jornadinha
Literária do Distrito Federal por intermédio do.
Firimfimfoca reúne sete histórias
da autora, que escrevia não só com muita sensibilidade, mas também com muito
humor. E é isso que alunos e professores da Jornadinha verão, na íntegra, no
palco do Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia, sob a direção de Joana Abreu
(Cena) e Tino Freitas (Musical), na montagem que reúne as atrizes Aldanei
Menegaz, Miriam Rocha e Simone Carneiro, além do próprio Tino, exímio contador
de histórias. O nome da peça saiu de um livro de Orthof – Um Pipi Choveu Aqui –
e durante 50 minutos o público assistirá a uma mescla divertida e inteligente
de narração, dramaturgia e música.
“As histórias são costuradas
prelas músicas que o Tino compôs para o espetáculo. Pra cada história ele
compôs uma música alegre, divertida e inteligente. A fada lá de Pasárgada; A
bruxa Uxa e o elefantinhozinhozinhozinhozinh o; Foi um ovo? Uma ova!; O bisavô e
a dentadura; O sapato que miava; Fraca Fracola a galinha d'angola e Maria vai
com as outras são histórias divertidas que permitem muita ludicidade em cena”,
conta a atriz Aldanei Menegaz.
Para Aldanei, o teatro é uma
forma de leitura estética, e na colagem de sete obras de Silvia Orthof o grupo
buscou fomentar vários tipos de leitura, e isso, para ela, desperta o interesse
da criança pelo livro. “O teatro é um recurso lúdico de formação de leitores
que possibilita à criança compreender o pensamento e a linguagem do outro. Um
caminho que desperta a sensibilidade, que motiva a criança a buscar o texto
após o espetáculo. Nossa intenção é que o público conheça, se encante e busque
mais a obra dessa escritora genial. Um espetáculo literário tem essa vantagem
de permitir o acesso ao livro após a apresentação”.
A apresentação na Jornadinha
Literária vai consolidar a ligação de Firimfimfoca com a comunidade escolar.
Este ano, a montagem foi vista por alunos e professores de escolas e
bibliotecas de Brazlândia, SIA e Estrutural, com o patrocínio do Fundo de Apoio
à Cultura, o FAC-DF, que banca a Jornadinha Literária, cor-realizada pelo Sesc.
==> Foto: Adriana Franzin
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