Na madrugada de 31 de março de 1964, foi deflagrado um golpe militar
contra o governo democraticamente eleito do presidente João Goulart, que
culminou com sua derrubada em 1º de abril, instalando uma ditadura militar
que perdurou até 1985.
Os apoiadores do regime que se seguiu costumam designá-lo como "Revolução de 1964" e todos os cinco presidentes militares que se sucederam desde então declararam-se seus herdeiros e continuadores. Entretanto, a historiografia recente defende que não foi apenas um golpe militar, mas também civil-militar, já que contou com apoio de amplas camadas da população civil: proprietários rurais, burguesia industrial, classes médias, setor conservador e anticomunista da Igreja católica.
O golpe estabeleceu um regime autoritário, politicamente alinhado aos Estados Unidos, e marcou o início de um período de profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Além da limitação da liberdade de opinião e expressão, de imprensa e organização, a partir de 1969 tornaram-se comuns as prisões, os interrogatóris e a tortura daqueles considerados suspeitos de oposição ao regime, comunistas ou simpatizantes, sobretudo estudantes, jornalistas e professores. Centenas de opositores ao regime foram mortos ou desapareceram.
Para compreender nossa história passada, lançando luzes ao presente, a
Editora Unesp resgata de seu catálogo títulos que podem contribuir para o
esclarecimento de um período nebuloso e trágico.
O fantasma da revolução brasileira
Autor: Marcelo Ridenti | Páginas: 376 | Preço: R$
62,00
Este livro introduz o leitor aos anos 1960 e 1970, oferecendo-lhe uma
visão abrangente, mas seletiva, dos fatos sobre os quais incide a análise
histórica e sociológica. Análise séria e aprofundada, porém vazada em
linguagem acessível, sem rebuscamentos dispensáveis. Aqueles anos de
virada já suscitaram uma literatura numerosa de depoimentos pessoais, mas
os trabalhos de pesquisa analítica ainda são escassos. Houve mesmo um
declínio de interesse por aqueles anos malditos, na medida em que ganhou
ímpeto, no país, o processo de finalização da ditadura militar e de
reorganização democrática das instituições do Estado e da vida
partidária.
Generalizou-se o ponto de vista segundo o qual a esquerda, que se
empenhou na luta armada, cometeu erros primários, a respeito dos quais não
valia a pena perder tempo. Mas semelhante ponto de vista se diluiu e os
anos rebeldes despertaram atração em época recente, associados à vivência
das enormes dificuldades econômicas e das complicações políticas que não
deixam de influir nos acontecimentos internacionais relacionados com o
desmoronamento dos regimes comunistas no Leste Europeu. Sendo assim, a
publicação deste livro salienta-se por trazer respostas ou esclarecimentos
às indagações das velhas e, sobretudo, das novas gerações politizadas ou
despertadas para a atuação política.
Militares e militância: Uma relação dialeticamente conflituosa
Autor: Paulo Ribeiro da Cunha | Páginas: 296 | Preço: R$
48,00
É realmente bom para a democracia que os militares fiquem longe da
política? Ou seria melhor reconhecer que as forças políticas estão tão
presentes nos meios militares quanto nos demais setores da
sociedade?
Nesta obra, Paulo Ribeiro da Cunha assume uma posição polêmica ao
defender que se reconheça e legitime a presença histórica da esquerda nas
Forças Armadas Brasileiras. Ele analisa o longo período de militância dos
militares de esquerda no país, dividindo-o entre a fase da “insurreição” –
do fim do século XIX, com os “republicanos radicais”, até 1945 – e a fase
de intervenção dos militares nas grandes causas nacionais, que se estende
até 1964.
Ditadura em imagem e som
Autora: Caroline Gomes Leme | Páginas: 336 | Preço: R$
60,00
Produto da dissertação de mestrado vencedora do Concurso Brasileiro
Anpocs de Obras Científicas e Teses Universitárias (2012), o livro busca
apreender os enunciados sociais e culturais construídos sobre o regime
militar para analisar de que forma o cinema ressignificou e vem
ressignificando o passado, verificar questões ainda obscurecidas,
ambiguidades e tensões presentes na interpretação do processo
histórico.
“Trata-se, assim, de apreender os filmes como “intérpretes” do passado
a partir de seu lugar no presente, procurando compreender como a sociedade
concebe a si mesma e a seu passado, dentro dos limites e condições de seu
tempo”, diz a autora.
Brasilidade revolucionária
Autor: Marcelo Ridenti | Páginas: 192 | Preço: R$
46,00
Ao percorrer a trajetória de artistas e intelectuais que colaboraram
para estabelecer certa intelligentsia brasileira de esquerda ao longo do
século XX, Marcelo Ridenti resgata a imagem do país como fundador de uma
verdadeira civilização tropical. Tal visão utópica, que contrasta com a
brasilidade que tem sido retomada em versões de consumo fácil, seria uma
aposta nas possibilidades da revolução brasileira, nacional-democrática ou
socialista, que permitiria realizar as potencialidades de um povo e de uma
nação.
Controles e autonomia: As Forças Armadas e o sistema político brasileiro (1974-1999)
Autor: Samuel Alves Soares | Páginas: 224 | Preço: R$
46,00
O objetivo central deste livro é verificar de que maneira a relação
entre o aparelho militar e o sistema político no período de 1974 a 1999
afetou a consolidação da democracia do país. Este aspecto-chave foi
desdobrado analiticamente em dois planos: o legal-institucional e a
conjuntura política. No primeiro plano, a referência básica é a função das
Forças Armadas na Carta Magna e as missões definidas nos textos
infraconstitucionais, conferindo-se as principais posições defendidas
pelos atores políticos relevantes - partidos, militares, empresários e
sindicatos - na configuração legal da função e das missões atribuídas ao
aparelho militar. O segundo plano focaliza a conjuntura do período
indicado. Neste caso, trata-se de uma análise pontual de momentos cruciais
da conjuntura política, pinçando os elementos diretamente vinculados
àquela relação entre militares e sistema político.
Confira abaixo outros títulos relacionados:
- A militarização da burocracia: A participação militar na administração federal das Comunicações e da Educação 1963-1990, de Suzeley Kalil Mathias (232 páginas, R$ 46,00)
- ??Controle civil sobre os militares e política de defesa na Argentina, no Brasil, no Chile e no Uruguai, organizado por Héctor Luis Saint-Pierre (128 páginas, R$ 34,00)
- Aconteceu longe demais: A luta pela terra dos posseiros em Formoso e Trombas e a Revolução Brasileira (1950-1964), de Paulo Ribeiro da Cunha (306 páginas, R$ 48,00)
- A luta pela anistia, de Haike R. Kleber Da Silva (488 páginas, R$ 85,00)
- Sistema político brasileiro: uma introdução, organizado por Lúcia Avelar e Antônio Octávio Cintra (494 páginas, R$ 96,00)
- Em busca do povo brasileiro: Artistas da revolução, do CPC à era da TV, de Marcelo Ridenti (464 páginas, R$ 74,00)
- O governo João Goulart: As lutas sociais no Brasil - 1961-1964, de Luiz Alberto Moniz Bandeira (576 páginas, R$ 68,00)
==> Fotos: Divulgação
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