
Não que a estreia tenha sido um mar de rosas. O início tenso mergulhou o jogo numa montanha-russa, e os altos e baixos deixaram apreensiva a torcida que se espalhava com camisas amarelas e bandeiras pelas arquibancadas. No fim, drama com a vantagem caindo para dois pontos a 30 segundos da última sirene, e alívio com o placar final. Ao contrário do elegante terno do Pré-Olímpico em Mar del Plata, quando vestiu terno preto, Rubén Magnano voltou de camisa polo verde a um terreno que conhece bem. Ouro em Atenas-2004 com a Argentina, o técnico gritou, reclamou, brigou, orientou, xingou - a receita de sempre, que na estreia acabou dando certo. O cestinha da partida foi o australiano Patrick Mills, com 20 pontos. Pelo lado brasileiro, Leandrinho (16), Marcelinho Huertas (15) e Anderson Varejão (12) foram os principais pontuadores.
O Brasil volta à quadra na terça-feira, às 12h45m, para enfrentar a Grã-Bretanha diante de um ginásio certamente lotado. O grupo B ainda tem Rússia, China e Espanha. No A, estão Estados Unidos, Argentina, França, Nigéria, Lituânia e Tunísia. Os quatro primeiros de cada chave avançam às quartas de final.
Início conturbado
Se qualquer estreia já é tensa, cinco calouros olímpicos com o peso do jejum multiplicam a ansiedade. Quando Huertas, Leandrinho, Alex, Varejão e Splitter piscaram o olho, já perdiam por 6 a 0. Foram mais de dois minutos sem pontuar, até Leandrinho abrir os trabalhos. Mais calma, a Austrália segurava a vantagem na casa dos cinco pontos. E Magnano começou a rodar o time. Nenê, Larry, Marquinhos, Giovannoni... os reservas foram entrando e não deixaram a diferença abrir. Ao contrário: com uma linda cesta de Marcelinho Machado nos últimos segundos, o período inicial fechou com 20 a 19 para o time da Oceania.
Veio o segundo quarto, mas a liderança no placar teimava em ficar do lado verde - o Brasil jogava de branco. De tanto o Brasil tentar, uma hora aconteceu, e com o quinteto titular na ativa outra vez. A 6m40s do intervalo, um tapinha de Varejão após um lance livre finalmente colocou a seleção à frente: 25 a 24. Logo depois, Huertas abriu três pontos, e Splitter fez pular para seis.
Parecia o momento de mandar o nervosismo a escanteio e deslanchar, mas havia um punhado de cangurus teimosos do outro lado da quadra. Com o ataque australiano nas costas, o armador Patrick Mills acertou uma incrível cesta de três e ainda sofreu a falta de Alex. Lá estava de novo o equilíbrio, que se arrastou até a saída para o vestiário. Ao menos o Brasil se segurava à frente: 36 a 35.
Na volta do intervalo, Magnano mandou Nenê no lugar de Varejão. E deu certo. Com uma bela sequência de três cestas, sem levar nenhuma, a equipe abriu sete. Enquanto o técnico Brett Brown pedia tempo para conter a sangria, Splitter cerrava os punhos no meio da quadra. Era o melhor momento do Brasil no jogo.
A vantagem chegou a pular para 48 a 37, e o Brasil foi tirando das costas o peso da estreia. O Brasil, mas não Rubén Magnano. Mesmo com a vantagem confortável, o técnico argentino urrava à beira da quadra, corrigia erros, reclamava com a arbitragem e com os atletas. Ele tinha razão, porque a Austrália não estava morta. Cortou a diferença para cinco pontos e obrigou o treinador a chamar o grupo para uma conversa a dois minutos do fim do terceiro período. Na virada para os dez minutos finais, 56 a 49.
Com Leandrinho e Huertas puxando o ataque, Magnano continuou revezando Nenê, Splitter e Varejão embaixo da cesta. Sempre com dois jogadores fortes embaixo, a seleção conseguiu segurar a pressão australiana. A vantagem baixou para quatro pontos e animou a torcida a dois minutos do fim. Com 29s no relógio, dois pontos. O drama deu as caras, mas o time manteve a cabeça no lugar para evitar o colapso. Trocando o espetáculo pela consistência, o Brasil precisou de duas horas para aliviar 16 anos de pressão.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Reuters
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