Joaquim
Maria Machado de Assis despertou a atenção da crítica desde muito cedo. Em
1857, quando tinha apenas 18 anos, teve a peça cômica Ópera das
Janelas resenhada por José Rufino Rodrigues Vasconcelos. Desde então,
sua obra virou objeto de estudos e comentários de seus contemporâneos e
extemporâneos num interesse que perdura há muitas décadas, registrando
diferentes fases e percepções da figura do escritor. Palmilhando essa
trilha, em que ler e interpretar Machado é, de alguma maneira, ser lido e
interpretado por ele, Hélio de Seixas Guimarães mostra em Machado de Assis, o escritor que nos lê,
lançamento da Editora Unesp, como o “autor de exceção, visto como
estrangeirado, foi transformado em mito nacional e brasileiro exemplar,
transmutou-se num Shakespeare brasileiro e emergiu ainda como o mais
profundo intérprete do Brasil e da inserção do país no mundo”.
Em vez de trazer à tona a sequência exaustiva das principais leituras feitas sobre a obra machadiana, o autor destaca os momentos-chave que levam à construção de quatro figuras de Machado, as quais muitas vezes extrapolam o âmbito literário. Com base na “fortuna crítica” e em outros materiais produzidos sobre o escritor ao longo de décadas, Guimarães se propõe a “captar dinâmicas produzidas pelas divergências, dissensões, polêmicas, concordâncias e mesmo unanimidades suscitadas pelo escritor e pela leitura de sua obra em diferentes momentos, buscando compreender as relações entre as discussões críticas entabuladas em momentos históricos específicos e questões culturais, sociais e políticas”.
O pesquisador defende a existência de quatro figuras machadianas principais, dissecadas a cada capítulo do livro. Para os contemporâneos de Machado, tratava-se de um autor de exceção, cuja obra estava deslocada em relação ao ambiente nacional e se enquadrava mal na série histórica e nas expectativas então vigentes a respeito dos gêneros literários. A partir do final da década de 1930, sob patrocínio do Estado Novo de Getúlio Vargas e de seu projeto de construção de identidade nacional, o escritor de exceção torna-se “homem representativo, brasileiro exemplar e mito nacional”. Em seguida, nos anos 1950, momento em que suas obras são traduzidas para o inglês e surgem as primeiras tensões entre as leituras feitas no exterior e no Brasil, a discussão gira em torno do lugar a que Machado, visto como um Shakespeare brasileiro, pertence. Por fim, o autor aborda as disputas mais recentes em torno do “escritor realista”, acompanhadas de polêmicas transnacionais.
Sobre o autor - Hélio de Seixas Guimarães é professor livre-docente na Universidade de São Paulo e pesquisador do CNPq. Autor de Os leitores de Machado de Assis – o romance machadiano e o público de literatura no século 19, edita a Machado de Assis em linha – revista eletrônica de estudos machadianos.
Título: Machado de Assis, o escritor que nos lê
Autor: Hélio de Seixas Guimarães
Número de páginas: 308
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 56
ISBN: 978-85-393-0649-7
==> Foto: Divulgação
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