terça-feira, 6 de outubro de 2015
Ao longo da carreira, Elder Rocha construiu uma
obra de múltiplas possibilidades e seu trabalho gravita entre o barroco, a pop
arte e diferentes suportes. O artista cria a partir de imagens escolhidas de um
repertório universal, que é praticamente infinito. Para Ralph Gehre, as obras
de Rocha são reminiscências, formam figuras que transportam o espectador a
situações associadas. “O trabalho de Elder – muitas vezes construído a partir
de antigas ilustrações de almanaque, comprimidas entre massas de tinta, cor e
estranhas matérias – parece replicar os mecanismos de construção da memória, em
que os deslocamentos e a sobreposição de planos impraticáveis nos conduzem a
lembrar”, detalha o curador. Gehre deduz que é assim que o artista transfere ao
público um tipo de poder, a sorte de partilhar recordações. “Algo como
conseguir abrir as portas certas com chaves erradas”, observa o curador.
Elder
Rocha no Ciclo
A quarta mostra do Ciclo de Arte apresenta um
pequeno panorama do vasto trabalho de Elder Rocha, com obras produzidas a
partir de 2001, muitas delas inéditas, retiradas diretamente de seu acervo
pessoal, além de uma pintura feita exclusivamente para o Ciclo. O curador do
projeto observa também que o artista sintoniza a possibilidade de uma natureza
específica da imagem na pintura, a qual se dá como condutora de pensamentos. “Necessárias
para a rearticulação das perspectivas de mundo de que dispomos, as imagens de
Elder reportam-se a uma contingência da figura, mesmo quando operam a ausência,
pois nos incluem como componentes: ver suas pinturas faz-nos rever nossos
sentidos, compelindo-nos ao limite emocionado de uma libertação”, detalha Gehre.
Elder acredita que toda imagem carrega em si a
polissemia, a variação de significados em momentos diferentes. “Criar em cima
de figuras captadas em revistas, livros antigos ou coleções colocadas em
domínio público é uma forma de se relacionar com o universo que estamos acostumados
a ver”, revela o artista. A interferência dele, entretanto, produz o novo, que
será interpretado das mais variadas formas pelo expectador. “As obras foram
construídas a partir de partes do mundo. Elas são um gatilho para quem lhes
dedica o olhar, abrem a possibilidade de uma leitura que depende da história de
cada um, da memória. E então, o público é tão construtor quanto eu”,
acrescenta.
O Ciclo de Arte
Ao longo
de 2015, o Ciclo de Arte Brasília Shopping apresentou um painel da vigorosa produção
cultural da cidade, homenageando-a em quatro eventos, envolvendo mais de trinta
artistas e profissionais, distinguindo a excelência de suas expressões, a
dinâmica dos ateliês e a forma como representam nossa cultura. Lêda Watson, mestre na gravura em metal,
abriu o projeto. Em seguida, os artistas Pedro
Ivo Verçosa e Felipe Cavalcante e a série de serigrafias da Sem/Registro,
deu segmento ao Ciclo. A terceira mostra – intitulada RIOS + CRUZ = MAPA – foi
assinada pelos jovens artistas Renato
Rios e Rodrigo Cruz. A aposta de trazer a arte ao grande público completa a
série com a exposição individual do artista e professor da UnB, Elder Rocha. “Reconhecemos o trabalho
em arte como construção de uma linguagem autoral, feição do tempo e do lugar em
que ela acontece”, pondera Ralph Gehre.
O Ciclo de
Arte expressa admiração por esses artistas, estimulando-os a perseverar,
divulgando-os com dignidade, reconhecendo a força de suas realizações. Segundo
Maíra Garcia, gerente de marketing do Brasília Shopping, mais do que expor e
divulgar o trabalho dos artistas que vivem e atuam na capital do País, o Ciclo de Arte proporciona um encontro
dos autores das obras e curadores da exposição com os brasilienses.
SERVIÇO:
CICLO
DE ARTE BRASÍLIA SHOPPING 2015
ELDER
ROCHA
Data da Exposição: até 25 de outubro
Horário: 10h
às 22h
Local: Brasília
Shopping – praça em frente à Caixa Econômica
Setor
Comercial Norte Quadra 05
ENTRADA
FRANCA
==> Foto: Divulgação
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