Uma sala de aula para Caio

Quando Caio nasceu, ele tinha perfeitas condições de saúde. Com quatro dias de vida ele foi diagnosticado com um tipo raro de icterícia neonatal e, após uma febre seguida de convulsão, ele ficou com danos cerebrais e motores irreversíveis. Hoje, ele tem paralisia nas pernas e braços, paralisia cerebral, surdez, transtornos globais do desenvolvimento e uma grande dificuldade para falar. Ele tem uma sala de aula só para ele.

A professora Renata conta que essa aprendizagem vai ser para a vida dele, já que ele precisa se comunicar para viver melhor, mesmo que não aprenda nenhuma letra. “A gente trabalha a mesma coisa todo dia para desenvolver a consciência de que aquilo tem que ser feito para ele aprender a olhar, se comunicar e saber o que ele quer e o que ele não quer”. No momento do lanche, por exemplo, a professora utiliza artifícios alternativos para estabelecer comunicação com menino, ela coloca duas opções em cima da mesa e pergunta qual ele quer comer primeiro e Caio direciona o olhar para a opção escolhida. “A resposta que eu obtenho dele é o olhar e o sorriso, quando ele quer uma coisa ele sorri muito para mim e quando ele não quer fica sério e faz careta”.

Uma das atividades preferidas que o aluno Caio Samuel gosta de realizar é a pintura com os pés. Assista o vídeo para ver o menino em seu momento favorito do dia:

A educadora ressalta a existência de um programa voltado para pessoas que têm essa dificuldade para falar, chamado Livox, que utiliza o direcionamento do olhar. Segundo Renata, a Secretaria de Educação possui esse serviço disponível, mas ao contrário do que se diz o programa épago, então ela treina essa capacidade no garoto utilizando outros recursos. “Mas ele está se desenvolvendo, já consegue saber alguns conceitos básicos como: em cima, embaixo, triste e feliz. Eu jáconsigo perceber quando ele sente dor”. A mentora relata que tudo que aprendeu atéhoje éoriundo do seu convívio diário com Caio. Segundo ela ainda não existem relatos sobre isso na secretaria e as professoras não são formadas, apenas passam por um curso, o qual ela julga superficial.

“Recentemente foi feito um estudo de caso para eu recomendar uma turma para ele no ano que vem, mas como não existem muitos especialistas não recomendei esse mesmo tipo de turma. Sugeri uma bi docência, são 15 alunos em sala e dois professores, mas desses dois um é só para ele. Porque assim ele tem a socialização”, explica Renata. Ela vê nessa oportunidade de socialização um ganho para o aprendizado do Caio.

A mãe conta que Caio está passando por uma fase de testes para utilização de um aparelho auditivo. “Estamos prontos para dar inicio a esse processo, apenas aguardando a ligação da médica para começarmos a experiência. Caso não haja sucesso nessa tentativa, ele deve realizar um implante coclear atéo final do ano, mas sóem último caso”, ressalta Ivani.

A pequena divulgação de histórias como essa induz ao pensamento imediato de que casos assim são exceções, mas existem vários casos como este. Informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal confirmam a existência de aproximadamente outras 27 turmas de ensino exclusivo como a do Caio, espalhadas por todo o DF. A diretora Adriana Jardim relata que na Escola Classe 21 da Ceilândia há outro caso de ensino individualizado, a diferença é apenas as deficiências, esse outro estudante apresenta hiperatividade e transtornos globais do desenvolvimento.

Link do vídeo do menino Caio pintando com os pés: https://www.youtube.com/watch?v=5omZxKcyu5c&noredirect=1

Marina Adorno / Agência de Notícias UniCEUB 

==> Foto: Divulgação

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