Mídia e governos autoritários reflete relação mídia e política no Brasil

O livro Mídia e governos autoritários: 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas e 50 anos do golpe-civil militar no Brasil, lançado pela Ideia Editora, foi organizado pela professora da Unip e Unifai Carla Montuori Fernandes e pela jornalista Genira Chagas, ambas pesquisadoras dos temas mídia e política. O foco é a reflexão sobre as implicações desses acontecimentos para a história política do país. A obra está inserida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura das Mídias, da Unip; e do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp), da PUC-SP.

Tendo como viés de estudos a relação dos meios de comunicação com os governos autoritários, o livro – disponível em formato e-book gratuito – é uma coletânea de sete artigos, divididos em duas partes: “Mídia e Estado Novo” e “Mídia e Ditadura Militar”. Os trabalhos incluídos na primeira parte são dedicados ao período histórico sobre a influência do líder político Getúlio Vargas. Eles abordam a Revolução Constitucionalista de 1932 e algumas das diversas estratégias do Estado Novo para consolidar-se enquanto projeto de poder. Os artigos da segunda parte mostram a atuação da imprensa na ditadura civil-militar em vigor no Brasil de 1964 a 1985. 

Em “As trincheiras constitucionalistas nas ondas da PRB-9 Rádio Sociedade Record”, o professor da Unip e da Unicamp Antonio Adami resgata o envolvimento da emissora na Revolução Constitucionalista de 1932. No artigo “Vozes no Estado Novo: música popular brasileira e o programa Hora do Brasil,” Genira Chagas mostra como o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) se apropriou do samba enquanto instrumento pedagógico visando difundir os valores do trabalho. 

O pensamento e os aspectos da organização do Estado Novo foram revelados pelo pesquisador Marcelo Barbosa Câmara, no artigo “Cultura Política: a revista do Estado Novo”. No texto “Imagem de Getúlio Vargas no cinema”, Vera Chaia, professora da PUC-SP e coordenadora do Neamp, discute as produções de Ana Carolina (1974) e de João Jardim (2014) para apontar a força do cinema enquanto mídia importante para a construção da imagem de governantes e governos. 

No artigo “Entre letras e números: uma análise do jornal Folha de S.Paulo e de pesquisas de opinião do Ibope (1963-1964)”, Luiz Antonio Dias, da PUC-SP, aponta divergências  entre os números levantados pelo instituto de pesquisa e a divulgação deles pelo jornal. Em “Mídia radiofônica e política: lógicas autoritárias e movimentos sociais”, Carla Reis Longhi, da PUC-SP e Unip, retoma o contexto anterior ao golpe civil–militar brasileiro para analisar o papel do rádio no processo de mobilização social e enfrentamento político.

Concluindo a coletânea, em “A ditadura militar e o surgimento do Jornal Nacional: oficialismo e submissão na transmissão da notícia”, Carla Montuori expõe a trajetória do noticioso da TV Globo e sua intimidade com os círculos de poder. No período tenso da ditadura civil-militar de 1964, enquanto a sociedade enfrentava os problemas de um país da periferia do mundo, a linha editorial do telejornal limitava-se a compor um cenário edificante e tranquilizador para a nação. 

Mídia e governos autoritários foi produzido no âmbito do projeto Para ler o digital: reconfiguração do livro na cibercultura, do Departamento de Mídias Digitais da Universidade Federal da Paraíba, sob a coordenação de Marcos Nicolau, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da mesma instituição. Está disponível gratuitamente na plataforma eLivre – Livros Eletrônicos Livres do projeto.

Pode ser acessado pelo endereço plataforma eLivre
http://www.insite.pro.br/elivre%20governos.html

ou pelo endereço direto do livro em PDF
http://www.insite.pro.br/elivre/governos_autoritarios.pdf

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