Com 1,84m e 68kg — sempre de olho na balança para se manter na
categoria até 58kg do taekwondô —, Guilherme Dias, 21 anos, comemorou
uma mudança em seu esporte que, para ele, veio em boa hora: a introdução
do colete eletrônico, em 2011, favoreceu os lutadores altos e magros,
exatamente as características físicas do brasiliense. O único “problema”
do tranqüilo atleta da capital, medalha de bronze no Mundial de Puebla
2013, no México, é que, para ele, é difícil comer pouco.
O Mundial de Puebla foi o primeiro que Guilherme Dias disputou na
categoria adulto. Para muitos, subir ao pódio logo na estreia já seria a
glória. Para o atleta de Brasília, entretanto, o bronze foi bom, mas
ele não nega que esperava mais.
“Para mim, 2013 foi um ano bom, mas não perfeito. Participei do meu
primeiro Mundial Adulto, o que foi positivo. O pódio não me surpreendeu,
para falar a verdade. Nem para quem acompanha o esporte e o meu
trabalho. Fui bronze, mas podia ter sido ouro. Eu pensava que poderia
ter sido campeão mundial e fiquei triste. Nem gosto de falar do
Mundial”, diz Guilherme, ainda inconformado, seis meses depois da
competição.
De toda forma, a medalha e a subida no ranking — que o fez figurar
entre os top 10 do mundo — renderam ao atleta a Bolsa Pódio do governo
federal. Para Guilherme, ela será fundamental em 2014 para pagar sua
própria equipe de apoio, além de viagens, com o objetivo de chegar ao
posto de quinto do ranking mundial e garantir uma vaga olímpica para o
Brasil.
No início de janeiro, o brasileiro apareceu como sétimo do ranking
mundial da categoria 58kg depois do quinto lugar alcançado no Grande
Prêmio do Taekwondô, realizado em Manchester, na Inglaterra, em
dezembro.
Primeiro, a seletiva
Guilherme se prepara, agora, para disputar a seletiva para formação da Seleção Brasileira, entre 14 e 16 de fevereiro, em Vitória, no Espírito Santo. “Passando a seletiva, já vou conseguir definir melhor meu planejamento para o ano, com o objetivo de chegar ao quinto lugar do ranking mundial e, assim, ter vaga direta para os Jogos Olímpicos do Rio 2016 (independentemente das quatro vagas asseguradas para o país-sede). Seria o caminho mais fácil”, diz o atleta.
A equipe de Guilherme na academia AWA, localizada em Taguatinga, cidade
distante 21km de Brasília, tem o técnico Washington Azevedo, o
preparador físico Rodrigo César Koehler, o nutricionista Gustavo
Carvalho, o psicólogo Luiz Orione e o fisioterapeuta Rafael Cardoso. “O
treinamento é tão intenso”, diz Guilherme, “que chega dez da noite e não
tenho mais força para nada. Estou esgotado!”
O time deverá contar em breve com um endocrinologista, que atuará na
questão da manutenção do peso de Guilherme. O lutador diz que a comida é
sempre “pouca” para que ele possa se manter nos 58kg, já que seu peso
normal seria entre 64kg e 65kg. “Acontece que essa (63kg) não é uma
categoria olímpica. E só vamos pensar na 68kg (que é olímpica) mais para
frente, para 2020 ou 2024”, explicou.
A ajuda da Bolsa Pódio
Com a Bolsa Pódio — no caso de Guilherme serão R$ 15 mil, o valor mais alto do benefício —, o lutador espera que sua preparação fique ainda mais profissional. “De agora em diante, só vou treinar taekwondo e viver taekwondo até 2016. Posso abdicar de tudo mais e não ter outras preocupações. E ter as melhores referências, técnicamente e fisicamente”, comemora. “Meu jeito de lutar não é como o dos coreanos, mais porradeiro, que passa seis minutos batendo. Sou mais técnico. Sou chato mesmo. Mas acho que em algumas lutas não precisaria demorar tanto, poderia resolver mais rápido. É... Sou muito menino ainda”, reconhece.
Hoje, os principais adversários mundiais no taekwondo — em todas as
categorias de peso — são os sul-coreanos. “Eles têm quantidade. Sem o
colete eletrônico, quando o biotipo precisava de atletas baixos,
atarracados, explosivos, eles tinham. Agora, com atletas mais altos e
mais magros, eles têm... Eles têm muita quantidade. E uma escola. Como
os espanhóis também têm uma escola. Eu dei sorte, porque a introdução do
colete eletrônico me favoreceu pelo biotipo.”
Quando os combates do taekwondo ainda eram decididos “no apito”, os
golpes tinham de ser mais incisivos, com mais impacto para pontuar sem
dúvida quando se atingia o adversário. Assim, os atletas do esporte eram
mais baixos, mais rápidos e com mais potência de chute. Com o colete
eletrônico, a envergadura se tornou mais importante, porque se o atleta
apenas “encostar” o pé no outro já conta o ponto. Assim, a luta se
tornou mais leve e mais técnica.
Competir em Jogos Olímpicos no próprio país é um sonho de Guilherme
Dias desde que viu Diogo Silva conquistar o ouro dos 68kg nos Jogos
Pan-Americanos do Rio, em 2007. “Foi muito emocionante. E espero que
possa acontecer comigo. A torcida? Ajuda, com certeza. Os caras vão ver o
que é torcida gritando no ouvido deles. Ah, vai pesar para eles!”
Equipamentos para 15 Estados
Um convênio de R$ 3.082.350,00, do Ministério do Esporte com a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD), foi firmado para modernizar, com a compra de conjuntos de equipamentos, centros de treinamento e locais de competição em 15 Estados. São 300 placas de tatame para duas áreas de luta e uma de aquecimento, em cada local, com dois conjuntos de transmissores, quatro laptops para sistemas de placar e vídeo, duas tevês de LED, filmadoras e licenças para o programa de vídeo Dartfish, que grava e analisa os movimentos.
Também foram comprados 20 protetores de cabeça e 32 coletes eletrônicos
(são 12 sobressalentes), a serem usados por 20 atletas por Federação
nos treinos e competições.
Os conjuntos já chegaram a Santa Catarina, Pará, Goiás, Sergipe,
Amazonas, Mato Grosso, Pernambuco, Amapá e Bahia. Há kits para Acre,
Tocantins, Roraima, Alagoas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul.
Denise Mirás
Ascom – Ministério do Esporte
Ascom – Ministério do Esporte
==> Foto: Divulgação / CBTKD
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