Era noite de 31 de março de 1964 quando as
tropas do general Mourão Filho seguiram de Minas Gerais em direção ao Rio
de Janeiro, ainda centro de efervescência política, por ter sido a capital
do Brasil até pouco tempo antes. No dia seguinte, o país amanheceu tomado
por tanques e militares que, por longos e tenebrosos 21 anos, estiveram no
poder após depor o presidente democraticamente eleito João Goulart. E é
esse período retratado em O Golpe de 1964 e o Regime
Militar, coletânea de artigos organizados por João Roberto
Martins Filho, relançada agora pela EdUFSCar, justamente quando completam
50 anos do acontecimento.
Publicada originalmente em 2006 e logo
esgotada, esta nova edição de O Golpe de 1964 e o Regime
Militar abarca mudanças
no que tange ao estudo sobre o período. “Desde então, alguns
acontecimentos relevantes afetaram a historiografia sobre o período
militar brasileiro”, relata Martins Filho na apresentação da obra.
Embora exista uma rica bibliografia sobre o
assunto, a distância temporal, a investigação em fontes disponibilizadas
recentemente, o aparecimento de novas temáticas e de novas gerações de
pesquisadores (brasileiros e estrangeiros) abrem novas perspectivas sobre
essa trágica e complexa fase de nossa história.
A inauguração, em maio de 2012, da Comissão
Nacional da Verdade, por lei assinada pela presidente Dilma Rousseff,
trouxe mais reflexões sobre a memória do regime do pós-64 com seus grupos
temáticos de trabalhos, que abordam vários temas incorporados à obra,
como: Araguaia; Contextualização, Fundamentos e razões do golpe
civil-militar de 1964, Ditadura e gênero; Ditadura e sistema de Justiça;
Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical; Estrutura
da repressão; Graves violações de direitos humanos (torturados, mortos e
desaparecidos); Graves violações de direitos humanos no campo ou contra
indígenas; Operação Condor; O Estado ditatorial-militar; Papel das Igrejas
durante a ditadura; Perseguição a militares; e Violações a direitos
humanos de brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil.
Vários desses temas apareceram com destaque
nesta coletânea: a questão da memória e das disputas em torno da verdade
histórica sobre o processo político dos anos 1960 e 1970, ponto central
dos artigos de Denise Rollemberg, Maria Paula Araújo, Samantha Viz Quadrat
(pioneira na análise de outro tema na CNV: a Operação Condor), Beatriz
Kushnir, Juliana Gazzotti e, finalmente, Amarílio Ferreira e Marisa
Bittar; as raízes do golpe, tratadas nos escritos de Fernando Azevedo e
Rodrigo Patto; ditadura e sistema de Justiça, assunto de Anthony Pereira.
O texto de James Green avança a questão de gênero e sexualidade.
Finalmente, Marcos Napolitano e Paulo Vizentini introduzem tópicos que
ficaram de fora da lista acima, mas examinam aspectos fundamentais do
período, como a cultura e a política externa.
Sobre o organizador - João Roberto Martins Filho é bacharel em
Ciências Sociais pela Unicamp, onde também concluiu o Mestrado em Ciência
Política (1986) e o Doutorado em Ciências Sociais (1993). Professor
associado do Departamento de Ciências Sociais e do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Política da UFSCar, coordena, desde 1996, o
Arquivo de Política Militar Ana Lagôa e, desde 2007, a Unidade Especial
Informação e Memória do Centro de Educação e Ciências Humanas.
Título: O
Golpe de 1964 e o Regime Militar
Organizador: João Roberto Martins Filho
Número de páginas: 223
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 29,00
ISBN: 978-85-7600-066-2
Organizador: João Roberto Martins Filho
Número de páginas: 223
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 29,00
ISBN: 978-85-7600-066-2
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