Dois 'rolezinhos' estão marcados para este sábado no Distrito Federal

Quem for ao Shopping Iguatemi no sábado (25/1) à tarde provavelmente não ouvirá os refrões de MC Da Leste, Bonde do Sheik, Os Avassaladores e outras estrelas dos chamados “funk da ostentação”, que marcaram os primeiros “rolezinhos” em São Paulo. Os funkeiros não frequentam as playlists da maioria dos organizadores do evento. Provavelmente, também estarão ausentes os tênis coloridos e as roupas de grifes. A maioria dos participantes é de alunos e ex-alunos da Universidade de Brasília (UnB), e muitos deles são grupos militantes de esquerda. “Mas temos estudantes de classe média e de baixa renda, pessoas que não cursam universidade”, diz o aluno de artes cênicas da UnB Caio Sigmaringa, 19.

“Fui muito ao shopping quando era mais novo. A gente ia para matar aula, passear, tentar entrar escondido no cinema, paquerar. Mas, como éramos gente branca e de classe média, nunca fomos repreendidos”, comenta Caio, que é militante do Juntos!, organização da juventude do Partido Socialismo e Liberdade (PSol). “É bem diferente do que observamos agora com os rolezinhos: a dita ‘nova classe média’ é bem-vinda para consumir, desde que fique quietinha e imite o comportamento dos frequentadores tradicionais dos shoppings. Cantar funk, expressar a cultura da periferia, aí não pode”, critica Caio.

Repressão

Mesmo compreendendo essa diferença, os organizadores do evento no Iguatemi se esforçam para aproximar-se dos moradores de cidades de renda mais baixa. Na tarde de ontem, o estudante Franklin Rabelo, um dos idealizadores, afirma ter sido abordado por policiais militares enquanto distribuía panfletos no Varjão. “Tomaram o meu material e me mandaram ir embora. Disseram que eu estava organizando uma baderna”, reclamou.

“Cara, ser swag é ter estilo. Ter uma marra. Na verdade, é ‘se achar’, porque assim as outras pessoas também vão ficar te admirando”, explica o estudante Luís Fernando Soares, 14 anos, ao ser questionado sobre o que significa a palavra usada por ele para definir a turma que irá ao Taguatinga Shopping no sábado. Já há mais de 1,5 mil participantes com presença confirmada no evento, marcado por uma rede social. Em bate-papo com o Correio, ele e outros três “swagueiros” recriminam o termo “rolezinho” para denominar o encontro deles. Dizem que o “povo do rolê arruma confusão”, enquanto eles só vão se divertir.

Por Amanda Almeida

==> Fonte: Correio Braziliense

==> Foto: Lacoste / Divulgação

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