O
Centro Cultural Banco do Brasil recebe entre os dias 21 e 26 de janeiro
a primeira Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva que convida companhias e
artistas que assumem o desafio de propor outras formas de construção da
arte por meio de obras e espetáculos que cruzam a fronteira das formas
convencionais de expressão, apresentando outras perspectivas e propondo
novas alternativas de vivenciar a arte. A mostra interage com diferentes
linguagens e públicos, demonstrando como é possível potencializar o
sistema sensorial, quebrando a lógica dominante de que todos os sentidos
são sempre necessários para perceber e participar do processo
de produção e fruição artística.
A iniciativa oferece oficinas, palestras, intervenções e espetáculos cênicos nacionais, direcionados para todos os públicos, produzidos na iminência do corpo e das experiências diversas (por pessoas com deficiência ou não). Espetáculos que rompem com a linearidade que se estabelece entre as formas convencionais de produzir e experimentar a arte.
O
foco do projeto é demonstrar as várias possibilidades de a arte ser
fruída por todos, não apenas no que se refere ao espaço físico do local onde será realizada, mas nas possibilidades que a arte sensorial cria para os processos de inclusão social desde a produção até a forma de se perceber o produto artístico.
A
mostra também tem como objetivos apresentar obras e espetáculos que
rompem com a linearidade que se estabelece entre as formas convencionais
de produzir e experimentar a arte; divulgar obras e espetáculos que
dialoguem com os diferentes sentidos (sensorialidade humana) e produza
efeito de criticidade nos espectadores quanto ao caráter multissensorial
da experiência, mostrando que há outras formas além das convencionais
de produzir arte; demonstrar como as pessoas com deficiência (o
outro extremo do cordão da sensorialidade) constroem e podem se incluir
no processo criativo da arte e na formação de plateia.
A ideia também é demonstrar como, com a variedade das formas de fazer artístico, a arte se torna possível para todos, independente das limitações físicas ou sensoriais vividas para incentivar a formação de uma plateia reflexiva em relação às barreiras sócioculturais impostas para as pessoas com deficiência (ou aquelas que experimentam e vivenciam o mundo com outras sensorialidades), especialmente as constituídas no campo artístico (seja na produção, execução ou público);
Outro objetivo da Mostra é contribuir para consolidar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, principalmente no que toca às disposições do artigo 30 aprovadas em 2008 pelo Congresso Nacional.
A
Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva tem o patrocínio do FAC (Fundo de
Apoio à Cultura) e apoio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos
da Pessoa com Deficiência (SNPD).
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-DF)
Programação:
21/01/2014 às 21h no Teatro I - Corpo sobre tela – Marcos Abranches
(SP) - Inspirado na vida e obra do pintor irlandês Francis Bacon, Corpo
sobre Tela é um solo primoroso, criado pelo bailarino Marcos Abranches,
em parceria com Rogério Ortiz, que assina a direção artística. Neste
espetáculo de Abranches, da Cia. Vidança, os gestos singulares do
bailarino expressam dramaticidade e movimentos pulsantes, impregnados de
cores e sentimentos inquietantes. Autonomia, singularidade e intrepidez
são algumas das questões que emergem da obra.
22/01/2014 às 21h no Teatro I - Cia Dança Eficiente (PI)– Meu corpo não é mudo - Atualmente a Cia. de Dança Eficiente (Corpo Inclusivo), é mantida pela Organização Ponto de Equilíbrio - OPEQ em parceria com a Associação dos Cadeirantes do Município de Teresina – ASC AMTE. O trabalho do grupo tem como objetivo principal propiciar as pessoas com deficiência o desenvolvimento e exposição dos seus potenciais artísticos, elevando a auto-estima e oferecendo ao público um trabalho original, criativo e pioneiro no Estado do Piauí.
23/01/2014 às 21h no Teatro I - Expressividade Cênica para deficientes visuais (Londrina- PR) – Olhares Guardados. - O próprio nome do grupo londrinense traz uma particularidade que normalmente chama a atenção do público: Projeto Expressividade Cênica para Pessoas com Deficiência Visual. Todos os atores da peça são cegos. Os atores usam todo um processo que vai desde a cenografia, adereços de cena e sonorização. Como são deficientes visuais, automaticamente têm o tato, a audição e o olfato muito mais desenvolvidos e trabalham muito com o tato na peça. Entre as estratégias usadas está um piso de borracha que liga vários pontos do cenário, fazendo ao mesmo tempo parte da cenografia e servindo de referência de localização para os atores. Eles também atuam muito com a audição usando vários sinais sonoros. A história mostra um fotógrafo que desembarca de trem num pequeno vilarejo. Na estação, ele encontra um grupo de pessoas instigantes: um músico, uma costureira, um escritor e um comerciante de antiguidades. Ao fazer fotos de cada um, o fotógrafo estabelece relações com suas histórias pessoais.
24/01/2014 - Sessões às 18h e 21h na Galeria 3 - Grupo Sensus (SP) – Kinesis é uma performance “ambulante”. O público é convidado a entrar numa instalação e percorrer um trajeto conduzido pelos atores que, além de guiá-los, interpretam textos, e os estimulam sensorialmente através do tato, olfato, audição e paladar. Como é característico do Grupo Sensus em seus sete anos de existência, o espectador é vendado na entrada. Nessa performance, é acompanhado por vários “atores-guias”, num trajeto, e percorre a instalação se deliciando com a obra literária de vários autores consagrados. Um espetáculo que permanece “acontecendo” por várias horas, permitindo que o público tenha liberdade de entrar na hora que desejar e também repetir o trajeto quantas vezes quiser.
25/01/2014 às 21h no Teatro I - Signatores
(RS) – Através do teatro, utilizando a poesia e jogos de
improviso, seis atores surdos contam suas histórias de vida no
espetáculo Memória na ponta dos dedos. A peça é uma realização do
Grupo de Pesquisa Teatral Signatores, formado por pesquisadores ligados
a Universidade Federal do Rio Grande do Sul que buscam investigar o
teatro e a educação com pessoas surdas. A montagem foi construída
dentro da Oficina de Teatro para surdos. Por meio de
entrevistas realizadas com os atores, o grupo criou um espetáculo
dividido em três eixos: infância, primeiro contato com a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) e desejos para o futuro. Em cada um
desses momentos, são abordadas questões marcantes na vida dos surdos,
como idas ao médico, incompreensão de familiares e amigos, escolha entre
escola inclusiva ou escola para surdos, uso de aparelho de surdez,
a construção de uma identidade dentro de um grupo, entre outras
temáticas. A atração é encenada em Libras e terá o apoio de um
narrador-personagem, que acompanhará os ouvintes pela narrativa. Riso,
drama, sátira e crítica são alguns dos elementos que se compõem a peça
Memória na ponta dos dedos, um convite para compreender o mundo a partir
da percepção daqueles que escutam com o olhar e expressam suas
identidades através do corpo e da alma.
26/01/2014 às 20h na Galeria 3 - Teatro Cego (SP) – O grande viúvo - é um espetáculo
inédito no Brasil em que a apresentação acontece em um local
completamente escuro, fazendo com que os espectadores, sem poderem
contar com a visão, tenham que se valer de todos os seus outros sentidos
(olfato, tato, paladar e audição) para compreenderem o conteúdo da
peça. Um espetáculo com forte apelo social que conta
com deficientes visuais no elenco e na produção.
Mesa 01: Arte e inclusão: deficiência, corpo e diferença
Data: 22/01/2013, das 14h30min às 17h30min.
O
objetivo da mesa de discussão é problematizar as formas hegemônicas de
fazer arte, que apontam um corpo “ideal” como protótipo da construção
dos espetáculos. Rompendo com os limites da homogeneidade dos sentidos, a
mesa trará uma discussão sobre outras noções de corpo e diferença,
andentrando assim para o conceito de deficiência para além das
limitações corporais. Com um outro olhar sobre os processos
que historicamente construíram a deficiência com base nas “limitações
corporais”, a mesa abordará a temática sob o prisma da diferença e, a
partir disso, realizará proposições das formas possíveis de inclusão
pela arte. Ou seja, a mesa possui uma dupla tarefa: a primeira, de
desconstruir a noção de deficiência e corpo a partir da quebra do
conceito hegemônico de sentidos; segundo, de refletir sobre as
possibilidades e limites da arte na tarefa da inclusão das pessoas
com deficiência.
Para
isso, convidará atores que estão participando da Mostra e outros
acadêmicos e artistas envolvidos com a temática para, em um debate entre
aspectos teóricos conceituais e práticos, produzir elementos para
repensar as formas como a arte pode servir como ferramenta de inclusão e
transformação social.
Panorama:
sabemos da capacidade (ou da possibilidade) da arte em transformar a
sociedade ou, em pelo menos, propor outros olhares sobre as diversas
facetas da vida social. Porém, temos visto que ela ainda está centrada
em certos padrões de construção de sua “cena” que não levam em
consideração as diversidades das experiências e das vivências corporais.
Ainda, notamos a importância da inclusão das pessoas com deficiência,
seja como espectadoras de espetáculos, seja como protagonistas deles, no
setor de arte e cultura. A 1a. Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva do
DF também tem esse desafio e reuniu grupos e companhias que dialogam com
a temática e rompem com os padrões de “corpo perfeito” e a mesa
pretende utilizar esse conhecimento acumulado para levantar a discussão
na sociedade em geral.
Público
alvo: estudantes (especialmente de artes) do DF e entorno;
profissionais da arte e cultura do DF; gestores de políticas públicas;
militantes de movimentos sociais; população em geral.
Valdemar Santos – Cia Dança Eficiente (PI)
Paulo Braz – Expressividade cênica para deficientes visuais de Londrina (PR)
Éverton Pereira – doutor em antropologia (UnB)
Mesa 02: Políticas de Inclusão
Valdemar Santos – Cia Dança Eficiente (PI)
Paulo Braz – Expressividade cênica para deficientes visuais de Londrina (PR)
Éverton Pereira – doutor em antropologia (UnB)
Mesa 02: Políticas de Inclusão
Data da mesa: 24/01/2013, das 14h30min às 17h30min.
O
objetivo da mesa de discussão é apontar as várias formas como o Estado
brasileiro vem trabalhando com a questão da diversidade corporal e das
experiências da deficiência, especialmente no que tange o acesso à arte e
a vida em sociedade. Propomos, com essa mesa, instrumentalizar a
plateia quanto as políticas em curso e promover um debate frutífero
entre as várias instâncias da organização democrática sobre futuros das
ações de integração de pessoas com deficiência. Especificamente, o
objetivo é construir um panorama atual das políticas de inclusão e
projetar perspectivas e desafios futuros, tendo como panorama o debate
entre as experiências bem sucedidas e as inúmeras possibilidades
inerentes da vida plena das pessoas com deficiência aos direitos
sociais, especialmente ao acesso à arte e a cultura.
Panorama:
sabemos das mudanças paradigmáticas trazidas pela Convenção dos
Direitos das Pessoas com Deficiência no que tange à garantia de direitos
dessa população e temos dimensão dos avanços promovidos pela
implamentação do Plano Nacional Viver Sem Limites. Ao mesmo tempo, temos
conhecimento dos imensos desafios de tornar realidade que estes dois
documentos apontam na transformação da qualidade de vida da população
com deficiência no Brasil. Também, temos consciência da importância de
ações no campo da arte e da cultura na garantia dos direitos das pessoas
com deficiência e apostamos que a descontrução de algumas categorias
são essenciais para que possamos construir uma sociedade mais inclusiva e
menos limitadora das potencialidades individuais. A proposta da 1a.
Mostra de Arte Sensorial e Inclusiva do DF é uma iniciativa que visa
contribuir nessa questão questão e a mesa aqui proposta é uma das etapas
da reflexão.
Público
alvo: população em geral, especialmente sujeitos envolvidos com
políticas públicas no DF (gestores e produtores culturais, gestores de
outras políticas), estudantes universitários e integrantes de movimentos
sociais.
Representante da Secretaria Nacional de Direitos Humanos
Representante da Subsecretaria de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do GDF
Representante do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CONADE)
Representante do Conselho Distrital dos Direitos das Pessoas com Deficiência do DF (CODDED)
Data
a definir - Mesas redondas sobre deficiência, arte, educação e inclusão
para professores das Redes Públicas de Ensino e gestores da área de
educação e cultura do DF.
Obs: Os espetáculos são gratuitos (mediante retirada de senhas) e têm classificação indicativa 12 anos
==> Foto: Ana Righi
![](http://starcopos.com.br/esportecultura/dalton.png)
![](http://starcopos.com.br/esportecultura/linha_autor.png)
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