Personagem de um dos maiores escândalos de doping da história do
esporte, Ben Johnson foi o primeiro atleta a correr os 100m rasos abaixo
de 9s80. Porém, a marca de 9s79 da final dos Jogos Olímpicos de Seul,
em 1988, saiu dos registros oficiais após ser confirmado que o canadense
fez uso de estanaozolol, esteroide proibido pelo Comitê Olímpico
Internacional. A luta contra as substâncias ilegais se intensificou
desde então, mas a maioria dos atletas que superaram os 9s80 até hoje se
envolveram em polêmicas pelo menos uma vez na carreira. Ícone do
atletismo atual, homem mais rápido do mundo e recordista mundial dos
100m e dos 200m, Usain Bolt parece ser um dos maiores velocistas do planeta que não recorrem ao doping para vencer, principalmente após a revelação de que Tyson Gay, Asafa Powell e mais quatro jamaicanos foram pegos no exame antidoping a menos de um mês do Mundial de Moscou, na Rússia.
Entre as cinco melhores marcas do ano na prova mais rápida do
atletismo, apenas uma não pertence a um atleta flagrado no antidoping:
os 9s87 de Nesta Carter (a quarta melhor). Os três melhores tempos de
2013 são de Tyson Gay (9s75 em junho, 9s79 em julho e 9s86 em maio); o
quinto é de Asafa Powell (9s88 em julho).
Desde que Johnson correu abaixo de 9s80, somente em 34 vezes a marca
foi quebrada, levando-se em conta os registros oficiais da Associação
Internacional das Federações de Atletismo (IAAF). A primeira aconteceu
só em 1999, quando o americano Maurice Greene fez 9s79, em Atenas.
Sete nomes dividem esses 34 tempos abaixo de 9s80: Usain Bolt (10), Tyson Gay (9), Yohan Blake (4), Asafa Powell
(8), Nesta Carter (1), Maurice Greene (1) e Justin Gatlin (1). De todos
eles, apenas Bolt e seu compatriota Carter podem ser considerados
"ficha-limpa": nunca se envolveram em casos de doping na carreira.
Bolt é o único atleta a ter corrido os 100m abaixo dos 9s60. A marca de
9s58 é o atual recorde mundial da prova. Embora o tempo pareça de outro
planeta, recentemente o "Raio" foi questionado sobre doping e não foi
por ter sido flagrado com substâncias ilegais no corpo. No começo de
junho, ele apareceu posando para fotos com camisas da marca americana
"The Pothead Diaries" (Diários de Maconheiro, em português) e foi acusado de fazer apologia às drogas.
- Estou limpo, não tenho problema algum em relação a isso. Nenhuma
preocupação. Podem fazer um teste em mim a qualquer hora do dia. Por
favor, só evitem me procurar às seis da manhã, como sempre fazem -
declarou, à época, o dono de seis medalhas olímpicas de ouro.
Outro atleta "ficha-limpa", Nesta Carter chegou a ser cogitado
inicialmente por jornais estrangeiros como um dos cinco jamaicanos
envolvidos no mesmo caso de doping de Asafa Powell. Ele até é parceiro
de treino de Asafa. Porém, as publicações deixaram de citar o velocista
de 27 anos à medida que mais informações foram surgindo. No último
sábado, em Madri, ele fez o quarto melhor tempo do ano nos 100m: 9s88. A
melhor marca da carreira dele na prova é de 9s78.
Os "herdeiros de Ben Johnson"
Cinco atletas que correram abaixo de 9s80 já se envolveram pelo menos
uma vez em polêmicas de doping na carreira. No entanto, nenhum deles
repetiu Ben Johnson, que foi reincidente na infração e foi banido do
esporte em 1993, por excesso de testosterona.
Os registros oficiais atuais não incluem os tempos de Timothy
Montgomery e os 9s78 como melhor marca dele nos 100m. O americano teve
seus recordes da prova anulados em 2005, quando foi acusado formalmente
de doping pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada). Após ser
declarado culpado, perdeu todos os resultados obtidos desde 31 de março
de 2001. Seus exames apontavam o uso de esteroide anabolizante.
Montgomery ganhou duas medalhas olímpicas no revezamento 4x100m: ouro em
Sydney 2000 e prata em Atlanta 1996.
Velocistas pegos ou acusados de doping que bateram a marca de 9s80 e têm seus tempos oficializados até hoje:
TYSON GAY (melhor marca: 9s69): Tyson Gay revelou no
último domingo que foi pego no exame antidoping. Ele não entrou em
detalhes sobre o exame positivo, que foi realizado no dia 16 de maio,
fora de competições. Disse apenas que a substância detectada é proibida
pela Agência Mundial Antidoping. Ele detém os três melhores tempos da
temporada: 9s75 (21 de junho, em Des Moines), 9s79 (4 de julho, em
Lausanne) e 9s86 (4 de maio, em Kingston).
YOHAN BLAKE (melhor marca: 9s69): Às vésperas do
Mundial de Atletismo de 2009, Blake e outros quatro jamaicanos testaram
positivo para um estimulante. Na ocasião, um comitê da Comissão
Antidoping do país declarou os atletas como inocentes, uma vez que a
droga não estava na lista de proibições da WADA. No entanto, a federação
da Jamaica optou por retirar Blake das competições. Ficou acordada uma
suspensão de três meses.
ASAFA POWELL (melhor marca: 9s72): O exame que
detectou o doping de Asafa Powell foi realizado em junho, durante a
seletiva jamaicana para o Mundial de Moscou, que vai acontecer em
agosto. Detentor do recorde mundial dos 100m entre junho de 2005 e maio
de 2008, o jamaicano foi pego no antidoping com a presença da substância
oxilofrina, que é um estimulante usado para tratar estados de
hipotensão, com ação semelhante às da efedrina. De acordo com o jornal
"The Guardian", autoridades com conhecimento em dopagem afirmam que a
substância permite uma vantagem no âmbito esportivo, aumentando a
produção de adrenalina, estimulando a resistência e melhorando a
velocidade, uma vez que também aumenta a oxigenação no sangue. A
substância é terminantemente proibida pela Agência Mundial Antidoping
(Wada).
MAURICE GREENE (melhor marca: 9s79): Campeão olímpico
dos 100m em Atenas 2004, Maurice Greene foi acusado de doping em 2008
quando admitiu que se encontrou com uma pessoa que fornecia produtos
dopantes a atletas. O nome do velocista foi incluído em uma lista de 12
competidores suspeitos de doping e participação em uma rede de tráfico
de substâncias ilegais. O americano fez um pagamento de US$ 10 mil ao
mexicano Angel Guillermo Heredia, e o atleta do lançamento de disco
disse que a quantia era para drogas que aumentavam o rendimento. Greene
se defendeu, dizendo que não fazia parte da rede, e foi considerado
inocente das acusações.
JUSTIN GATLIN (melhor marca: 9s79): Campeão olímpico
dos 100m em Atenas 2004, o americano também caiu em um exame antidoping.
Há sete anos, ele foi pego por excesso de testosterona e foi condenado a
ficar oito anos longe das pistas de atletismo. No entanto, Gatlin
recorreu ao tribunal e conseguiu reduzir sua pena para quatro anos,
voltando a competir nos Jogos Olímpicos de Londes, quando faturou a
medalha de bronze nos 100m.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Editoria de Arte / Globoesporte


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