No reencontro de Cristiano Ronaldo com sua antiga torcida, o craque
português deixou o sentimentalismo de lado. Ovacionado antes do jogo,
mas vaiado assim que a bola começou a rolar, o atacante do Real Madrid
foi decisivo ao fazer o gol da vitória dos merengues sobre o Manchester
United por 2 a 1, fora de casa, que garantiu os espanhóis nas quartas de
final da Liga dos Campeões.
Entretanto, tudo poderia ser diferente se não fosse um lance capital no
segundo tempo. Aos dez minutos, quando o United vencia por 1 a 0, Nani
foi expulso após uma entrada violenta em Arbeloa, que acabou substituído
por Modric. A partir de então, o Real Madrid, comandado pelo meia
croata, autor do primeiro gol, pressionou até a virada e depois segurou o
resultado, transformando o milésimo jogo de Ryan Giggs pelos Diabos
Vermelhos em frustração com a eliminação.
A entrada do veterano meia galês, aliás, foi polêmica. Ele substituiu
Wayne Rooney, que ficou no banco de reservas por decisão do técnico Alex
Ferguson, sob a alegação de que o atacante não tinha condições físicas
para atuar a partida inteira. Quando o camisa 10 entrou, aos 27 minutos,
já era tarde demais.
O adversário do Real nas quartas de final só sai no sorteio do próximo
dia 15. Os jogos de ida serão dias 2 e 3 de abril, enquanto a decisão
das vagas nas semifinais será uma semana depois, dias 9 e 10 do mesmo
mês. A disputa pelo título será em Wembley, em comemoração aos 150 anos
da Federação Inglesa de Futebol.
Real sai para o ataque
As vitórias sobre o Barcelona e a necessidade de fazer pelo menos um gol no Manchester United fizeram com que o Real Madrid alterasse sua tradicional estratégia para o duelo desta quarta. Em vez dos contragolpes velozes puxados por Cristiano Ronaldo, os merengues buscaram o toque de bola e a pressão no campo dos Diabos Vermelhos, tentando assumir o controle do jogo.
No início, deu certo. Surpreendido, o United mal conseguia sair para o
ataque e via o adversário jogar em grande velocidade, rondando a área. A
primeira chance veio aos dez minutos, quando Higuaín recebeu passe de
Di María, ganhou da zaga, mas chutou para fora, para desespero do
técnico José Mourinho, outro que foi muito perseguido pela torcida dos
Diabos Vermelhos.
Aos poucos, porém, o United começou a entrar no jogo. O Real marcava em
cima, mas também dava espaços pelos lados, e o veloz Welbeck se tornou a
principal válvula de escape dos anfitriões. Caindo pelos dois lados, o
atacante comandou as principais jogadas de ataque da equipe. Primeiro,
aos 14, rolou para Giggs, que cruzou de trivela. Van Persie recebeu e
finalizou cruzado, mas a zaga travou.
Welbeck rouba a cena
Welbeck, aliás, teve a melhor chance da etapa inicial. Em cobrança de
escanteio aos 20 minutos, Vidic cabeceou na trave, e a bola sobrou para o
atacante, que não conseguiu dominar e chutou em cima do goleiro Diego
López, que já estava caído. Aos 34, o camisa 19 tentou aproveitar o
rebote de uma defesa em forte chute de Van Persie, mas foi travado.
Se Welbeck infernizava a defesa merengue, o mesmo não se podia dizer de
Cristiano Ronaldo. Em seu retorno ao Old Trafford, o português foi bem
vigiado pelo brasileiro Rafael e não teve grande influência no primeiro
tempo. No fim, Di María ainda saiu lesionado para a entrada do
brasileiro Kaká.
Na volta para a etapa final, o Real sequer teve tempo para tentar
reequilibrar o jogo. Logo aos dois minutos, o United saiu na frente.
Após confusão na área, em que Welbeck e Van Persie tiveram seus chutes
bloqueados, Nani ganhou de Varane e cruzou rasteiro. Sergio Ramos tentou
cortar, mas mandou para o fundo das próprias redes.
Nani é expulso, e Real vira
Em desvantagem, o Real já começara a ensaiar uma nova pressão quando
Nani foi expulso aos dez minutos, após uma entrada violenta em Arbeloa,
deixando o Manchester United com um jogador a menos. A partir daquele
momento, a partida se transformou num intenso bombardeio merengue.
A pressão deu resultado aos 20 minutos. Modric, que havia entrado no
lugar de Arbeloa, recebeu fora da área, limpou Carrick e acertou um
lindo chute, no canto esquerdo de De Gea, que nada pôde fazer.
Faltava, porém, Cristiano Ronaldo. Apagado durante toda a partida, o
craque surgiu no momento certo para virar o jogo e colocar o Real Madrid
nas quartas de final. Aos 23, Modric, inspiradíssimo, lançou Higuaín na
área. O centroavante tabelou com Özil e cruzou rasteiro. No segundo
pau, escondido, CR7 só escorou para as redes. Depois, evitou comemorar,
como se pedisse desculpas à torcida dos Diabos Vermelhos pelo eliminação
iminente.
Com a vantagem, o Real voltou a seu estilo tradicional, marcando forte e
saindo no contra-ataque. O United tentou responder com a entrada de
Rooney e chegou a ensaiar uma pequena pressão no fim. Welbeck seguia
incomodando a defesa, enquanto o camisa 10 deu mais força ofensiva,
inclusive perdendo uma boa oportunidade aos 38 minutos, quando chutou
por cima quase na pequena área.
Entretanto, foi pouco para ameaçar o Real Madrid, que ainda teve
algumas chances para ampliar o placar. Aos 45, Cristiano Ronaldo foi
lançado em velocidade e ficou de frente para De Gea, que defendeu o
chute cruzado do lusitano. Um segundo gol do antigo ídolo seria um golpe
forte demais para os Diabos Vermelhos. A festa merengue, porém, não foi
evitada.
De Gea, Rafael (Valencia), Rio Ferdinand, Vidic e Evra; Carrick, Cleverley (Rooney), Giggs e Nani; Welbeck (Ashley Young) e Van Persie. | Diego López, Arbeloa (Modric), Varane, Sergio Ramos e Fábio Coentrão; Khedira, Xabi Alonso, Özil, Di María (Kaká) e Cristiano Ronaldo; Higuaín. |
Técnico: Alex Ferguson | Técnico: José Mourinho |
Gols: Sergio Ramos (contra), aos 2 minutos do segundo tempo, Modric, aos 21 minutos do segundo tempo, e Cristiano Ronaldo, aos 23 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Evra (Manchester United); Arbeloa e Kaká (Real Madrid) | |
Árbitro: Cüneyt Çakir (TUR) Auxiliares: Bahattin Duran (TUR) e Tarik Ongun (TUR) |
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Local: Old Trafford, Inglaterra |
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Getty Images
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