Com direito a toco feroz, Brasil é apresentado a Alfred, o carrasco

Já corriam os últimos instantes do terceiro quarto na sexta-feira quando Tiago Splitter girou para a esquerda e subiu para a cesta. Por trás dele surgiu do nada um braço direito esticado e uma mão espalmada para um dos tocos mais espetaculares da Copa América até agora. A pregada simbólica ao fim do período valeu como um “Muito prazer, Al Horford”. Ou apenas “Alfred”, como o pivô do Atlanta Hawks é apresentado quando defende a República Dominicana.

Com a banca de quem está acostumado a esbarrar nos melhores pivôs do mundo embaixo dos aros da NBA, Horford chegou a Mar del Plata como um dos maiores nomes da competição. Não conseguiu evitar uma derrota inesperada para o Canadá, mas se agigantou na hora do confronto mais importante da primeira fase. Contra o Brasil, despejou 22 pontos, muitos deles em momentos decisivos, cinco rebotes, três assistências, duas roubadas e um toco – um só, aquele.

- Nós já sabíamos que podemos competir com qualquer seleção. Sei que o Brasil é uma grande equipe. Jogamos contra eles em Foz do Iguaçu e eles foram muito bem. Mas sabíamos que, se encaixássemos nosso jogo aqui em Mar del Plata, poderíamos ganhar. E foi o que aconteceu – afirmou um tranquilo Horford na zona de entrevistas após a vitória.

Nascido na turística Puerto Plata há 25 anos, ele tem relações com o Brasil que vão além dos 22 pontos de sexta-feira. O pai do pivô, Tito, jogou no país na década de 90, com as camisas do Suzano e do Sírio. Deixou uma filha, Maíra, hoje adolescente, meia-irmã de Al – que nunca conheceu a menina. Tito foi o primeiro dominicano a jogar na NBA e mal podia imaginar que abriria caminho para o próprio filho no basquete americano.

A fala pausada e tranquila de Alfred na hora de dar entrevistas talvez se explique por ter na mãe uma expoente do jornalismo dominicano. Arelis Reynoso se tornou uma repórter, editora e colunista respeitada nos Estados Unidos, principalmente na região da Pensilvânia. Mas quase tirou o filho do caminho do basquete, de tanto insistir para que ele jogasse beisebol. Falava sempre que, “se fosse para entrar no basquete, teria que ser um dos melhores”.

Dito e feito. Horford começou a brilhar ainda no circuito universitário americano. Pela Flórida, foi bicampeão da NCAA em 2006 e 2007. Poucos meses depois do segundo título, foi escolhido pelo Atlanta Hawks na terceira posição do Draft da NBA. Foi escolhido como o segundo melhor calouro do ano em 2008 e, dali em diante, só cresceu. Já tem dois All-Star Games no currículo e se habituou a lutar com os Hawks no segundo escalão dos playoffs da conferência Leste.

Entrosamento faz a diferença

A fama nos Estados Unidos não fez com que o pivô desistisse de defender a República Dominicana. Ao contrário, foi depois da chegada à NBA que começou a ganhar destaque na seleção. No torneio em Mar del Plata, o objetivo é claro: arrancar do Brasil ou da Argentina uma das duas vagas para Londres-2012. E ele confia no trunfo do entrosamento para seguir em frente.

- Em outras oportunidades nos reunimos em cima da hora e treinamos por uma semana. Agora ficamos um mês juntos, criamos um entrosamento, e isso faz toda a diferença – festeja Horford.

Ou apenas Alfred, agora também conhecido pelos brasileiros como carrasco.

==> Fonte: Globoesporte

==> Foto: Divulgação / Fiba

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