RUY GUERRA 80 ANOS

A Cinemateca Brasileira celebra neste mês os 80 anos do cineasta Ruy Guerra exibindo sete de seus filmes realizados no Brasil. Nascido em Moçambique em 1931, Ruy Guerra formou-se pelo IDHEC – Institut des Hautes Études Cinématographiques, em Paris, no início dos anos 1950, período já marcado pela efervescência cultural que antecipa o surgimento da nouvelle vague. Na escola francesa, dirigiu seu primeiro curta-metragem, Les Hommes et les autres, inspirado num romance do escritor Elio Vittorini. Poeta e dramaturgo, radicou-se no Brasil em 1958, estabelecendo diálogo com as ideias e com a produção dos jovens que formavam o Cinema Novo. Em 1962, provoca escândalo com Os Cafajestes, longa estrelado por Jece Valadão, Daniel Filho e Norma Bengell. Um ano depois, roda a obra-prima Os Fuzis, Urso de Prata no Festival de Berlim de 1964, filme representativo do radicalismo político de esquerda reprimido pelo golpe militar.

Ainda durante os anos 1960, dá novo rumo à sua carreira dirigindo produções fora do Brasil. De volta ao país, realiza em 1970 Os deuses e os mortos e assina, ao lado de Chico Buarque, a peça Calabar, o elogio da traição. Trabalhando em produções e co-produções internacionais, Ruy Guerra participa ainda da criação do Instituto Nacional do Cinema em Moçambique. A partir dos anos 1980, leva para as telas obras do escritor colombiano Gabriel García Márquez. Além de Os Cafajestes e Os Fuzis, a homenagem organizada pela Cinemateca apresenta ainda a Ópera do Malandro, adaptação do clássico musical de Chico Buarque, Kuarup, baseado no romance de Antonio Callado, e ainda Estorvo e O Veneno da madrugada, adaptados respectivamente de textos de Chico Buarque e Gabriel García Márquez.

CINEMATECA BRASILEIRA
Largo Senador Raul Cardoso, 207
próximo ao Metrô Vila Mariana
Outras informações: (11) 3512-6111 (ramal 215)
Taxa de manutenção: R$ 8,00 (inteira) / R$ 4,00 (meia-entrada)
Atenção: estudantes do Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas têm direito à entrada gratuita mediante a apresentação da carteirinha.

PROGRAMAÇÃO

16.08
| TERÇA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 OS CAFAJESTES
21h00 O VENENO DA MADRUGADA

17.08
| QUARTA
SALA CINEMATECA BNDES
19h00 OS DEUSES E OS MORTOS
21h00 OS FUZIS

18.08
| QUINTA
SALA CINEMATECA BNDES
19h00 KUARUP
21h15 OS CAFAJESTES

19.08
| SEXTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
18h15 O VENENO DA MADRUGADA

20.08
| SÁBADO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
16h00 ESTORVO
SALA CINEMATECA BNDES
18h30 OS FUZIS
20h30 ÓPERA DO MALANDRO

21.08
| DOMINGO
SALA CINEMATECA PETROBRAS
17h30 OS DEUSES E OS MORTOS

23.08
| TERÇA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 ESTORVO
21h00 KUARUP

24.08
| QUARTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 OS CAFAJESTES
21h00 OS DEUSES E OS MORTOS

25.08
| QUINTA
SALA CINEMATECA PETROBRAS
19h00 O VENENO DA MADRUGADA
21h15 ESTORVO

FICHAS TÉCNICAS E SINOPSES

Os Cafajestes
, de Ruy Guerra
Rio de Janeiro, 1962, 35mm, pb, 93’
Jece Valadão, Norma Bengell, Daniel Filho, Lucy Carvalho
Com a ajuda de um amigo malandro, playboy carioca tenta chantegear um tio rico tirando fotos comprometedoras do velho com a amante. Os Cafajestes foi lançado com escândalo em 1962. Sua trajetória comercial incluiu censura, cortes e manifestações indignadas da Igreja. O filme exibiu o primeiro nu frontal do cinema brasileiro num longo planoseqüência, repleto de erotismo, no qual a câmera registra a beleza do corpo de Norma Bengell. Os Cafajestes consagrou Jece Valadão no papel que o marcaria pelo resto de sua carreira.
Classificação indicativa: 16 anos
ter 16 19h00 | qui 18 21h15 | qua 24 19h00

Os Deuses e os mortos
, de Ruy Guerra
Rio de Janeiro, 1970, 35mm, cor, 100’
Othon Bastos, Norma Bengell, Ítala Nandi, Dina Sfat
Na Bahia dos anos 1930, em meio a uma crise econômica, um aventureiro misterioso intromete-se na luta entre dois clãs chefiados por coronéis que querem tomar posse das terras onde se planta o cacau. Com a participação do cantor e compositor Milton Nascimento, Os Deuses e os mortos recebeu os principais prêmios do Festival de Cinema de Brasília de 1970, incluindo o de Melhor filme, direção, fotografia, ator para Othon Bastos, e atriz para Dina Sfat.
Classificação indicativa: 14 anos
qua 17 19h00 | dom 21 17h30 | qua 24 21h00

Estorvo
, de Ruy Guerra
Brasil/Cuba/Portugal, 1998, 35mm, pb, 95’ | Exibição em Betacam
Jorge Perugorría, Bianca Byington, Suzana Ribeiro, Leonor Arocha
Depois de uma noite mal dormida, um homem acorda com a campanhia da porta. Pelo olho mágico, vê um desconhecido que lhe lembra alguém que não consegue identificar. Sentindo-se ameaçado, ele sai pela cidade e dá início a uma alucinante perseguição.Baseado no romance homônimo de Chico Buarque, o filme assinala uma ruptura com a linguagem hegemônica do cinema brasileiro dos anos 1990. Por meio de uma estrutura circular, pautada pela dissolução do espaço e do tempo, narra o pesadelo de um personagem à deriva, a caminho da marginalidade. Prêmio de Melhor música e fotografia no Festival de Cinema de Gramado de 2000.
Classificação indicativa: 18 anos
sáb 20 16h00 | ter 23 19h00 | qui 25 21h15

Os Fuzis
, de Ruy Guerra
Rio de Janeiro, 1963, 35mm, pb, 80’
Átila Iório, Nelson Xavier, Hugo Carvana, Paulo César Peréio
Grupo de soldados é enviado a uma cidadezinha do interior da Bahia para impedir que habitantes esfomeados saqueiem os armazéns locais. Filme representativo do clima de euforia política que antecede o golpe militar de 1964, Os Fuzis é uma das obra-primas do cinema brasileiro. Recebeu o Urso de Prata (Prêmio especial do júri) no Festival de Berlim de 1964.
Classificação indicativa: 14 anos
qua 17 21h00 | sáb 20 18h30

Kuarup
, de Ruy Guerra
Rio de Janeiro, 1989, 35mm, cor, 119’
Taumaturgo Ferreira, Fernanda Torres, Cláudia Raia, Cláudia Ohana, Maitê Proença, Lucélia Santos, Cláudio Mamberti, Ewerton de Castro, Stenio Garcia, Mauricio Mattar
Na década de 1950, um padre saído de um isolado mosteiro de Recife começa a trabalhar como missionário no Alto Xingu. Envolvido em tramas políticas e dilacerado pelos desejos carnais, ele deixa a Igreja, vira indigenista e, mais tarde, já nos anos 1960, passa a combater o regime militar instaurado em 1964. Longa-metragem de ficção baseado no romance Quarup, de Antônio Callado. Vencedor do Prêmio da Crítica e dos prêmios de Melhor Música Original e de Atriz Revelação (para Cláudia Raia) no Festival dos Melhores Filmes de 1989 do CineSesc.
Classificação indicativa: 14 anos
qui 18 19h00 | ter 23 21h00

Ópera do Malandro
, de Ruy Guerra (foto)
Brasil/França, 1986, 35mm, cor, 100’
Edson Celulari, Cláudia Ohana, Ney Latorraca, Elba Ramalho
Cafetão elegante explora dançarina que trabalha num cabaré da Lapa. Baseado numa das principais peças musicais do teatro político brasileiro, escrita por Chico Buarque. A Ópera do Malando é inspirada na Ópera dos três vinténs, texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. O musical de Chico estreou no Rio de Janeiro em julho de 1978 e foi recriado em São Paulo, em outubro de 1979, sob a direção de Luiz Antônio Martinês Corrêa. Em 1979, Chico Buarque lançou o disco contendo sua interpretação das músicas. Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Havana.
Classificação indicativa: 14 anos
sáb 20 20h30

O Veneno da madrugada
, de Ruy Guerra
Brasil/Argentina/Portugal, 2004, 35mm, cor, 118’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Leonardo Medeiros, Juliana Carneiro, Fábio Sabag, Zózimo Bulbul
Num povoado decadente da América Latina, a chuva torrencial e a lama fazem parte do cotidiano de seus habitantes. A estagnação que marca a vida das pessoas sofre um abalo a partir do momento em que bilhetes anônimos espalhados pela cidade denunciam traições amorosas e políticas, assassinatos e segredos familiares. Basedo em texto do escritor colombiano Gabriel García Márquez.
Classificação indicativa: 14 anos
ter 16 21h00 | sex 19 18h15 | qui 25 19h00

0 comments:

Postar um comentário