Brasília se faz de surdo no Pedrocão, abre 2 a 0 e fica a um passo do título

Pelo jeito, Brasília tomou gosto por jogar em ginásios transbordando de torcedores. E não importa de que lado eles estão. Após massacrar Franca no jogo 1 dentro de casa, o atual campeão do NBB não se intimidou com a gritaria no interior de São Paulo. Desta vez foi bem mais sofrido, claro. Vinte pontos de vantagem? Nem de longe. Foi preciso atravessar duas horas de um duelo parelho, brigado até o fim e regido por uma pressão ensurdecedora vindo das arquibancadas. Mas na última sirene o efeito prático foi o mesmo de quinta-feira. Com a vitória por 80 a 75 e o ginásio mergulhado em silêncio, os brasilienses abriram 2 a 0 na final e ficaram a apenas um passo do bicampeonato. Próximo capítulo: domingo, 21h30m.

Se vencer o jogo 3, Brasília não precisa nem voltar ao Nilson Nelson para comemorar o título. Se perder, retorna para a quarta partida da série na noite de terça-feira. Franca agora precisa faturar três jogos seguidos para levantar a taça.

Para chegar à vitória, o Brasília contou com uma atuação quase perfeita de Guilherme Giovannoni. Melhor em quadra, fez 34 pontos, teve dez rebotes e acertou um arremesso após o outro no quarto período, apesar da forte marcação. Teve ao seu lado o incansável Alex, com 9 pontos, três assistências e um toco sensacional em Lewis perto do fim da partida. Com 13 pontos, Márcio foi o cestinha de Franca.

- A concentração com a qual a nossa equipe veio para o ginásio hoje, sem perder a cabeça, sem se preocupar com nada de fora, só pensando em jogar basquete, foi essencial. E o toco do Alex foi sensacional, foi o lance que nos deu a vitória, pode ter certeza - afirmou Giovannoni, elogiando também o companheiro.

Decepcionado com resultado, Ricardo, de Franca, já começa a pensar na última chance da equipe do interior de São Paulo de se manter viva na série final.

- Nós perdemos por detalhes, tivemos algumas falhas defensivas. O Guilherme (Giovannoni) fez algumas cestas importantes no fim do jogo. Eles tiveram méritos, mas temos que pensar na próxima partida - disse.

Partida movimentada no Pedrocão

Os primeiros minutos no Pedrocão repetiram o efeito Nilson Nelson: Franca nervoso e errando muito. Brasília ignorava a torcida e jogava como se estivesse no silêncio de um museu. Mas a torcida pegou o time da casa na marra e levou à liderança no marcador. Foi com uma bola de Drudi na lateral que o time da casa passou à frente pela primeira vez, e o próprio Drudi se encarregou de incendiar de vez a arquibancada com um toco no lance seguinte.

O equilíbrio se manteve até o minuto final do período, quando Franca voltou a cometer erros bobos no ataque – em um deles, Penna soltou um passe sem sentido, no vazio, e ainda deu a sorte de a bola desviar nas costas de um rival antes de sair. Brasília aproveitou os erros, mas não a ponto de abrir uma boa vantagem. Com sete pontos de Arthur e seis de Guilherme, fechou o quarto vencendo por quatro: 18 a 14.

Logo no início do segundo período, os donos da casa empataram o jogo e Nezinho bobeou com uma andada. O armador do Brasília, que jogou em Ribeirão Preto e criou uma forte rivalidade com os francanos, ouviu um vasto cardápio de “elogios”, no qual “burro” era o mais delicado.

Franca continuava errando, abrindo buracos na defesa embaixo da cesta, mas Brasília não aproveitava. E após uma tentativa de passe espírita de Alex, Márcio Dornelles converteu a segunda bola de três seguida, virou o placar e colocou o Pedrocão no jogo outra vez. Ao fim do primeiro tempo, 33 a 30 para os anfitriões e muito, muito barulho no ginásio.

Para ficar ainda melhor para a torcida, só mesmo com Nezinho errando uma bandeja fácil e Dedé cravando sem perdão no início do segundo tempo. Mas Brasília continuava no jogo. E Nezinho continuava em sua montanha-russa. Errava lance livre e ouvia a torcida vibrar. Convertia um arremesso da cabeça do garrafão (seu primeiro após seis tentativas) e calava o Pedrocão por breves segundos.

O placar teimava em não se dilatar para nenhum dos dois lados, e a torcida continuava gastando a garganta a cada arremesso certeiro de Dedé – por sinal, único de Franca a jogar bem na primeira partida. Na virada para os últimos dez minutos, a vantagem dos donos da casa era curtíssima, mas nem por isso menos animadora: 53 a 52.

O último quarto começou tenso. Alex e Márcio se engancharam na lateral do garrafão, e os juízes precisaram apartá-los. No lance seguinte, Spillers puxou Nezinho pela camisa após a marcação de uma falta. Técnica contra Franca, e o pivô americano eliminado. Para desespero da torcida, Nezinho converteu os dois lances livres, mesmo sob uma chuva de vaias.

Vaias que viraram gritos eufóricos quando Benite acertou de três. Gritos que se calaram na sequência quando Guilherme deu o troco e virou para Brasília. E assim correu o jogo até o fim, com os dois lados perseguindo a vitória como se fosse um prato de comida.

A quatro minutos do fim, um pouco de fôlego para os visitantes, que abriram cinco pontos em dois lances livres de Nezinho. Mas foi só um pouco, porque Benite respondeu na hora, com mais um tiro de três que voltou a equilibrar as ações. Giovannoni continuava acertando tudo no automático, mas o pivô Lewis acordou e manteve os anfitriões no jogo. E coube a Márcio, em mais um chute de três, virar o placar a 59 segundos do fim. Brasília pediu tempo, e aí parecia mesmo que o Pedrocão ia desabar de tanto barulho.

Mas não desabou. E Nezinho virou de novo, com um tiro certeiro da cabeça do garrafão. Guilherme ampliou o estrago com dois lances livres. A 29 segundos do fim, Brasília 78 a 75. Lewis teve a chance de cortar a vantagem quando subiu perto da cesta. Aí apareceu um monstro chamado Alex para dar um toco redentor. A saída foi fazer falta de novo, e Guilherme matou o jogo nos lances livres. Enquanto ele arremessava, parte da torcida já ia embora. E Brasília está a um passo da glória.

==> Fonte: Globoesporte.com
==> Fotos: Célio Messias / Divulgação

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