
quinta-feira, 30 de junho de 2016
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Contista, romancista, novelista, médico e diplomata, João Guimarães
Rosa integra o time dos grandes nomes que fizeram parte da terceira
geração do modernismo. Nasceu em 27 de junho de 1908, no município de
Cordisburgo, Minas Gerais. Foi um dos principais representantes do
regionalismo brasileiro, ocupando a cadeira nº 2 da Academia Brasileira de
Letras por apenas três dias, depois de adiar por quatro anos sua
posse. Morreu em 19 de novembro de 1967, no mesmo ano em que foi
indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, tendo, deste modo, sua
indicação cancelada.
Registrava suas observações, expostas em suas obras, no caminho
percorrido até os pacientes. Assim, deu início a redação de seus
primeiros contos que, em 1929, participaram de um concurso e garantiram a
Rosa quatro publicações ilustradas na revista O
Cruzeiro.
Quase todos os contos e romances de Guimarães percorrem o chamado
sertão brasileiro e, alguns deles, são analisados em obras da Editora
Unesp que, em sua homenagem, estão com 20% de desconto até 28 de junho.
Confira:
Luiz Roncari, um sério estudioso da
literatura brasileira, em sua seleção de ensaios reunidos no livro O cão do sertão (304
páginas, de R$ 54,00 por R$ 43,20), interpreta alguns aspectos importantes
das obras de Guimarães Rosa, Machado de Assis e Carlos Drummond de
Andrade. O tema dominante abordado é o do trânsito da família patriarcal
para a família burguesa no Brasil, daquilo que se tinha por “arcaico” na
ordem privada para o “moderno”. O autor procura mostrar como as
deformações da ordem social brasileira encontram correspondências na forma
literária. Nesse sentido dá grande atenção às dificuldades da mudança da
condição da mulher e à reformulação de sua imagem nas obras destes três
grandes nomes da literatura nacional.
No romance de Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas,
identifica a presença de Antonio Conselheiro e Getúlio Vargas,
representados, respectivamente, pelo velho “no sistema de quase-doido” e
pelo fazendeiro Josafá Jumiro Ornelas. Isso não é feito apenas com o
intuito de realizar uma releitura do romance a partir dos “fatos
históricos subterrâneos que o sustentam”, mas também com o de revelar os
bastidores históricos do romance, como uma das “camadas de composição do
texto”.
No caminho de mão dupla adotado por Roncari, tanto a história ajuda a
entender as elaborações literárias como estas também ajudam a esclarecer
pontos essenciais daquela. Adotando tal metodologia, o autor abre “outras
possibilidades de leitura das obras literárias e de um conhecimento mais
profundo de determinados fatos sociais”, como as formas de vivência do
amor nas antigas regiões escravistas coloniais.
Já em O professor e o escrivão: estudos sobre
literatura brasileira e leitura (414 páginas, de R$
60,00 por R$ 48,00), Carlos Erivany Fantinati estuda a obra de Lima
Barreto e a visão do escritor sobre a mulher e o negro; o amor, da
perspectiva do personagem Riobaldo, de Guimarães Rosa; o
livro Cadeiras proibidas, de Ignácio de Loyola Brandão,
segundo um conceito literário surgido ainda na antiguidade; a letra da
música Feijão maravilha, de Gonzaguinha, à luz do processo
dialético da aprendizagem. Estes são alguns dos vários temas de que se
ocupa neste trabalho, sintetizando sua longa carreira acadêmica.
Disponível para download gratuito,
em Guimarães Rosa em tradução, o
autor Gilca Machado Seidinger estuda as relações entre enunciação,
enunciado e história na obra Tutameia, de João Guimarães
Rosa, tratando também da versão alemã assinada por Curt Meyer-Clason.
Pressupondo que o processo de tradução altera significações originais ou
produz novas significações não previstas pelo autor, a autora recorre à
narratologia genettiana, bem como à teoria das modalidades da tradução, de
Francis Aubert, para examinar as quarenta narrativas do livro. Uma obra
importante no campo dos estudos literários, voltada para a ficção de
Guimarães Rosa, e que aborda, com muita competência, um dos livros mais
complexos e menos estudados do autor, levantando, ao mesmo tempo, aspectos
relevantes para a análise teórica e para a prática da tradução de textos
literários, sobretudo os modernos, que proporiam ao tradutor desafios
antes inimagináveis.
==> Foto: Divulgação
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