Foram anos de sofrimento e de luta. Percalços e muita batalha. Foi
preciso sentir o gosto amargo da derrota em algumas oportunidades para
poder saborear o doce sabor da vitória. O dia 17 de dezembro marca o
ápice da história de Adriano de Souza, o mais novo campeão mundial de surf.
Tudo começou, como ele lembrou bem ao fim da bateria que o consagrou
campeão (na semifinal contra Mason Ho, após Mick Fanning ser eliminado
por Gabriel Medina), com uma prancha de R$ 30 comprada pelo irmão
Angelo, que, bem mais velho, se preocupou em não deixar Adriano seguir
algum caminho errado na vida. O encantamento foi imediato. E, desde
então, Mineirinho nunca mais deixou de surfar.
Até o apelido ele deve ao irmão. Sempre discreto, Angelo ganhou o
apelido de "Mineiro". Adriano, logicamente, ganhou o diminutivo e estava
tudo pronto para uma longa jornada rumo ao título mundial. Jornada essa
que começou a ter destaque em 2002, quando, aos 15 anos, foi o mais
jovem a vencer uma etapa do Circuito Brasileiro.
Dois anos depois veio seu primeiro título mundial, na categoria Junior,
pavimentando seu caminho para a estreia na elite, em 2005. Porém, o surf
naquela época não era essa febre dos dias de hoje e os anos que se
seguiram até 2015 foram de muitas batalhas, vitórias e derrotas, que
ajudaram a construir sua personalidade de atleta batalhador e incansável
- o que se tornou sua marca registrada na carreira.
A primeira vitória na elite veio em 2009, em Trestles. A evolução de
Adriano como surfista se refletiu em sua posição no ranking, obtendo a
quinta posição - que seria seu melhor resultado e se repetiria por mais
duas vezes até ser campeão neste ano.
Em 2011, voltou a triunfar, agora no Rio de Janeiro, ganhando na mesma
temporada também em Portugal. No ano de 2013, venceu a badalada etapa de
Bells Beach, mas acabou sofrendo com lesões no ano seguinte, quando
ficou de fora justamente da etapa de Pipeline, onde Gabriel Medina se
tornava o primeiro brasileiro a ser campeão.
Por conta das lesões, Adriano buscou concentrar todas suas energias em
2015. O ano começou com uma grande pancada na perda do amigo Ricardo dos
Santos, o que fez Mineirinho determinar a si mesmo que venceria o
título mundial em homenagem a Ricardinho - e foi o que aconteceu.
A temporada 2015 teve dificuldades principalmente após a perna
australiana, mas Adriano não se fez de vencido, mesmo achando que tudo
tinha ido por água abaixo após a etapa de Portugal. Mas aí veio a
vitória em Pipeline e o título mundial e... melhor ele contar o que está
sentindo:
"É um sentimento incrível,
dedico ao Ricardo dos Santos, ele pavimentou meu caminho. Fiz uma
tatuagem para ele dizendo Força, Equilíbrio e Amor, igual a dele. É tudo
o o que precisei para vencer. No meio do caminho eu achei que Mick
merecia mais, mas ele é um cara forte demais, tricampeão, lutando até o
fim. Na minha cabeça em todo o tempo eu vi o Gabriel me dando o título
nas mãos. Preciso agora dar um break antes de começar tudo novamente.
Nessas horas vêm muitas coisas na cabeça, quando ninguém acreditava em
mim, e quando perdi Portugal achei que o campeonato tinha ido embora.
Queria agradecer muito a Deus por este momento e dizer que sou muito
abençoado por ele e pelo Ricardinho. Vou carregar a alma dele comigo
para sempre. Sei que ele vai estar junto comigo e ele está lá em cima
olhando por mim. Dedico esse troféu ao meu irmão Angelo que com 30 reais
comprou uma prancha pra mim, na época era muito dinheiro. Estou no topo
do mundo por 30 reais."
Adriano de Souza gostaria de
agradecer aos patrocinadores Hawaiian Dreams (HD), Red Bull, Oi,
Mitsubishi, Oakley, G-Shock, CI Surfboards, FCS, Estácio, Welcome Surf
Trips e All It Host por todo o apoio dado durante a temporada 2015.
==> Foto: Divulgação
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