No
próximo dia 3 de dezembro, o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard completará 85 anos de idade. Para
celebrar, a Heco Produções e o Centro Cultural Banco do Brasil realizam GODARD
INTEIRO OU O MUNDO EM PEDAÇOS, uma retrospectiva completa que exibirá todas
as obras do diretor no CCBB Brasília, até o dia 30 de novembro. A
mostra acontece também, simultaneamente, nas unidades do CCBB de São Paulo e do
Rio de Janeiro. Curadoria do cineasta e produtor Eugenio Puppo.
Jean-Luc
Godard é autor de um cinema que reflete sobre as contradições e os dilemas da
sociedade ocidental no século XX. Seu nome tornou-se adjetivo que designa um
tipo de cinema inventivo, que experimenta e amplia os limites da linguagem
cinematográfica. A mostra contempla a produção do cineasta em seus mais de 60
anos de carreira, com a exibição de 104
obras do diretor vindas da
França, entre longas, médias e curtas-metragens, séries televisivas, filmes
publicitários e vídeo-cartas, que exploram os temas mais variados. Serão
exibidos desde os primeiros curtas do diretor, ainda nos anos 1950, como ‘Operátion Béton’ (1954) e ‘Une femme coquette’ (1955), passando
pela fase do Grupo Dziga Vertov, até seus filmes mais recentes, como ‘Notre musique’ (2004), ‘Film Socialisme’ (2010) e ‘Adieu au langage’ (2014).
GODARD INTEIRO OU O MUNDO EM PEDAÇOS vai apresentar
duas raridades da filmografia do cineasta: uma reconstituição que Godard
realizou do longa-metragem ‘esquecido’ “Salve
a vida (quem puder)” e um episódio abandonado de “Seis vezes dois” (série com 12 programas). As duas obras foram
exibidas pouquíssimas vezes e serão trazidas pelo professor inglês Michael
Witt, diretor do centro de pesquisa em filmes e cultura audiovisual da
universidade de Roehampton, Londres, autor de Jean-Luc Godard, Cinema Historian (Indiana University Press, 2013) e
coeditor de Jean-Luc Godard:
Documents (Éditions du Centre
Pompidou, 2006). Além de apresentar os filmes, Witt também fará uma palestra no
CCBB.
“Ao
trazer obras nunca exibidas no país, a homenagem pretende inaugurar uma nova
perspectiva de debate nacional em relação à filmografia do cineasta, referência
para diretores de várias gerações e nacionalidades”, afirma o curador da
mostra, Eugenio Puppo.
DEBATE E CURSO
Paralelamente
à exibição dos filmes, GODARD INTEIRO OU
O MUNDO EM PEDAÇOS também realiza no dia
14 de novembro, haverá mesa de debate, contando com a presença de Pablo Gonçalo, professor da
UNILA e um dos curadores do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, além
de crítico e colaborador da Revista Cinética e de Alex Vidigal, especialista em Artes Visuais:
Cultura & Criação e mestre pela Universidade de Brasília com a dissertação
“A Representação da Violência no Faroeste Italiano”.
A
mostra também lançará um catálogo de 304
páginas contendo textos inéditos e um artigo crítico para cada uma das 104
obras de Godard. Além de pesquisadores brasileiros, contribuíram para o livro
especialistas internacionais, como Cyril
Beghin, integrante do comitê de redação dos Cahiers du Cinéma; David Faroult, cineasta e
professor de pesquisa em cinema na Université Paris III; Dario Marchiori, conferencista
em História das Formas Fílmicas na Université Lyon 2, e a professora e autora Céline Scemama.
O
catálogo contará ainda com seis ensaios escritos por Alain Bergala, professor da
Université Paris III - Sorbonne Nouvelle, colaborador da revista Cahiers du Cinéma e autor de Jean-Luc Godard par Jean-Luc Godard e Godard autravail; Raymond Bellour, professor da
Université Paris III - Sorbonne Nouvelle e coautor de Jean-Luc Godard: Son + Image; Nicole Brenez, autora do livro Cinéma/Politique; Mateus Araújo, o professor
e doutor; Michael Witt, autor de Jean-Luc
Godard, Cinema Historian e Ruy Gardnier, o professor e crítico de cinema.
JEAN-LUC
GODARD
Jean-Luc
Godard passou a infância e a juventude na Suíça. Em 1952, tornou-se colaborador
da revista francesa Cahiers du Cinéma e, durante este período, realizou
cinco curtas-metragens.
No final
da década de 1950, ao lado de François Truffaut e Claude Chabrol, Godard formou
o triunvirato central da Nouvelle
Vague, movimento cinematográfico francês que mudou a história do cinema. Em
“Acossado” (1959), seu primeiro
longa-metragem, já é possível observar procedimentos fundamentais em toda sua
obra, como a desconstrução do enredo tradicional.
Ao
final da década de 1960, após o movimento de maio de 1968, junto ao intelectual
Jean-Pierre Gorin, Godard fundou então o grupo Dziga Vertov e voltou-se para
um cinema mais político. O coletivo realizou, entre outras obras, “Vento do Leste” (1969 - com roteiro
escrito pelo líder estudantil Daniel Cohn-Bendit e com a participação
especialíssima de Glauber Rocha), “Lutas
Ideológicas na Itália” (1970)
e “Vladimir e Rosa” (1970).
Os
anos entre 1975 e 1980 foram marcados pelo experimentalismo com o vídeo e com a
televisão. Godard e sua mulher, Anne-Marie Miéville, produziram duas séries no
período: “Seis vezes dois: sobre e sob a
comunicação” (1976) - doze episódios de 50 minutos
cuja primeira parte é um ensaio crítico e a segunda é constituída por
entrevistas feitas por Godard com personalidades diversas - e “France/tour/détour/deux/ enfants”
(1979), série em que Godard
e Miéville continuam seu percurso em direção a uma posição crítica da
comunicação, tomando emprestados os códigos da gramática televisual –
reportagens, chamadas de matéria, entrevistas, clipes –, criando uma espécie de
anti televisão.
“Salve-se quem puder (a vida)” (1979) marcou o retorno
de Godard à ficção narrativa e ao cinema. A partir de então, o cineasta
realizou filmes como “Carmen de Godard”
(1983 –premiado com o Leão de Ouro do Festival de Veneza) e o polêmico “Eu lhe saúdo, Maria” (1985), censurado
no Brasil e em diversos outros países.
A
partir de 1988, a
produção de Godard ganhou um caráter mais retrospectivo. A fase culminou em “História(s) do cinema”, obra em oito
capítulos, que reflete a história do cinema através de seu próprio meio.
Mesmo
com a idade avançada, Godard não deixou de produzir e inovar. Em 2010, lançou o
longa “Filme Socialismo” (definido
pela crítica como o mais godardiano dos filmes de Godard) e, em 2014, “Adeus à Linguagem”, obra que trabalha o
3D de maneira original, não só em relação aos seus filmes anteriores como a
todo o cinema que o precede.
Desde
a década de 1960, Jean-Luc Godard vem conquistando os principais prêmios do
mundo do cinema. Já recebeu o Urso de Ouro e o Leão de Ouro Honorário do
Festival de Berlim, conquistou dois prêmios César Honorários, o Leopardo de
Honra, em Locarno, duas vezes o Prêmio do Júri do Festival de Veneza e o Oscar
Honorário.
SERVIÇO
Local: Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil
Brasília
Data: até 30 de novembro de 2015
Horário: ver programação
Ingressos: R$ 4,00 e R$ 2,00
Informações: (61) 3108.7600
==> Foto: Divulgação
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