A CAIXA Cultural Brasília apresenta, de 11 de novembro de 2015 a 3 de janeiro de 2016,
uma exposição que promete instigar a curiosidade dos espectadores. ‘A
SOCIEDADE CAVALIERI’, com curadoria de Pierre Menard, conta
a história de uma sociedade secreta de artistas gravadores, que durante mais de
300 anos atuou nos ateliês da Europa Ocidental e que teria reunido alguns dos
maiores nomes da arte em todos os tempos. O projeto tem entrada franca e conta
com o patrocínio da CAIXA e do Governo Federal.
A Sociedade
Cavalieri foi fundada em homenagem ao gravador italiano Giovanni Battista de’ Cavalieri (1526-1597),
contemporâneo de Michelangelo, Raphael e Caravaggio e que, ao contrário destes,
não foi celebrizado pela história. No entanto, Cavalieri criou um estilo
artístico vigoroso, caracterizado por gravuras com imagens de monstros
imaginários e criaturas antropomórficas. Um trabalho tão forte que acabaria
influenciando grandes mestres da arte. Teriam sido membros desta sociedade,
gravadores como Rembrandt (1606-1669, para muitos o maior nome da arte
holandesa), o notável espanhol Goya (1746-1828), o pintor e gravador inglês Hogarth
(1697-1764), Giovanni Battista Tiepolo (mestre da pintura italiana, 1696-1770),
o pintor e ilustrador francês Honoré-Victorien Daumier (1808-1879), o mestre do
simbolismo francês Odilon Redon (1840-1916), entre outros. Todos eles, de
alguma maneira e em alguma obra, reproduziram o simbolismo de Cavalieri.
A exposição divide-se em duas partes. Na primeira
está uma biografia de Giovanni B. Cavalieri, acompanhada de sua série de
gravuras de monstros, que de acordo com o curador Menard, teria
influenciado a história da arte até o começo do século XX. A segunda parte exibe
a obra de renomados gravadores, membros da sociedade, influenciados
diretamente pela produção de Cavalieri. De Brasília, a exposição segue
para a CAIXA Cultural Curitiba.
A EXPOSIÇÃO
‘A SOCIEDADE CAVALIERI’ é resultado do trabalho do artista curitibano Pierre
Lapalu e está calcada no diálogo entre ficção e realidade – ou apropriação
fictícia da realidade. Na verdade, a sociedade nunca existiu, embora o artista
que a tenha inspirado seja real. Também é fictícia a curadoria, atribuída ao
francês Pierre Menard (na verdade, personagem de um conto do autor argentino
Jorge Luis Borges). Mas é real a crítica de Lapalu ao recorte histórico e
acadêmico que se faz dos períodos da história da arte, capazes de ocultarem uma
figura como Giovanni Battista de’ Cavalieri.
Segundo defende Pierre
Lapalu, o trabalho de Cavalieri não se parece em nada com as obras produzidas
no chamado Renascimento, não se enquadrando no recorte humanista que faz do
período: “Conheci a gravura de Giovanni Battista de’ Cavalieri quando visitava
um blog russo de arte. Fiquei fascinado com suas gravuras. Obscuras, grotescas,
simples e esquisitas, de uma forma complexa. Fiquei ainda mais curioso quando
descobri que seu autor, na verdade, era um artista contemporâneo de Ticiano,
produzindo num período entre Rafael e Caravaggio, ou seja, ainda naquele tempo
que costumam chamar de Renascimento. Sinceramente, aquilo que eu estava vendo
de Cavalieri não parecia em nada com o que me mostraram da arte daquele
período”. Lapalu decidiu tornar a obra do italiano objeto de pesquisa e
apresentá-la numa perspectiva da arte contemporânea. É essa a essência de ‘A SOCIEDADE CAVALIERI’.
As gravuras dos outros 24 artistas membros dessa
sociedade secreta foram modificadas para que pudessem ter alguma
semelhança com o trabalho de Cavalieri. Cada uma das gravuras dos artistas
participantes é acompanhada de um texto, que além de informações falsas sobre
as obras, apresenta a argumentação do curador (fictício) sobre a ligação entre
o artista e a Sociedade Cavalieri.
Também não são verdadeiros os créditos e as instituições de apoio à exposição.
Para Felipe Prando, que assina o texto crítico do catálogo,
“Estamos diante de uma ficção construída pelo artista Pierre Lapalu. Baseado em
fatos reais, o artista recria a presença do gravador Giovanni Battista de
Cavalieri na história da arte. A partir da série de gravuras ‘Obra na qual se veem monstros de todas as
partes do mundo antigo e moderno’, publicada em 1585, o artista
inventa uma sociedade secreta e dá vida a novos monstros, colocando à prova um
método até então inexistente”.
A ‘SOCIEDADE
CAVALIERI’ é uma exposição que lida com ficções através de apropriações.
Apropria-se de obras de artistas do passado e se apropria também de uma
estética discursiva das instituições e da história da arte, a fim de criar sua
própria narrativa. Caberá ao público desvendar esta ficção e encontrar verdades
ou mentiras nesta fábula de história da arte.
PIERRE LAPALU
Nasceu em Curitiba, 1985, é artista visual formado em Gravura
pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Trabalha com ficções,
apropriações, processos e questões institucionais, através de desenhos,
fotografias e arte digital.
Participou da Bolsa Produção IV em 2010, pela
Fundação Cultural de Curitiba, onde desenvolveu o projeto “O Etnógrafo Naïf”.
Nesse projeto, realizou 50 desenhos de figuras humanas em situações urbanas e
os atribuiu a um artista fictício, apresentando então a obra desse artista em
uma exposição biográfica.
Também participou da Bienal Internacional de Curitiba
em 2013, onde apresentou pela primeira vez a instalação “A Sociedade
Cavalieri”. Em 2014 recebeu o prêmio nacional no III Salão Xumucuís de Arte
Digital em Belém/PA.
SERVIÇO
Exposição ‘A SOCIEDADE
CAVALIERI’
Local: CAIXA Cultural Brasília | Galeria Vitrine (SBS
Quadra 4 Lotes 3/4)
Abertura: 10 de novembro de 2015, às
19h
Visitação: de 11 de novembro de 2015 a 3 de janeiro de 2016
Horário: de terça a domingo das 9h às
21h
Informações: 61
3206-9448 | 61 3206-9449
ENTRADA FRANCA
Classificação etária: Livre para todos
os públicos
==> Foto: Divulgação
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