O confronto prometia ser espetacular. Em campo, três campeões mundiais
pela seleção brasileira (Rogério Ceni, Lúcio e Ronaldinho Gaúcho),
craques consagrados e jovens promissores. Além disso, um ambiente
propício ao grande espetáculo: estádio lotado - 18.187 pagantes -, e
tensão no ar garantiam dramaticidade à partida. A estreia de Atlético-MG
e São Paulo na fase de grupos da Taça Libertadores teve todos esses
ingredientes, e mais uma pitada de esperteza, na vitória do Galo por 2 a
1 na noite desta quarta-feira, no Independência, em Belo Horizonte.
Com tantos craques e possibilidades, um dos lances decisivos da partida
saiu numa jogada estranha, imprevisível, inesperada. Ronaldinho Gaúcho,
o maestro do Atlético-MG, aproveitou-se de um descuido incrível da
defesa são-paulina e, livre na área adversária, recebeu a bola após
cobrança de lateral. Sem marcação, bastou tocar para o atacante Jô, que
mandou para as redes. O detalhe curioso do lance é que R10, ao perceber
que a bola estava parada, foi beber um pouco de água com Rogério Ceni,
que lhe ofereceu a garrafa.
- Foi sorte. Eu estava limpando a boca e, quando vi, o juiz autorizou a
cobrança. Não foi nada ensaiado - afirmou Ronaldinho Gaúcho, na saída
do primeiro tempo.
De propósito ou não, o lance contribuiu para garantir os primeiros três
pontos ao Atlético-MG na Taça Libertadores 2013. E Em mais uma jogada
sensacional de Ronaldinho Gaúcho, que driblou pela direita, passou por
dois adversários e cruzou com perfeição, Réver cabeceou com estilo para
marcar o segundo gol do Galo. Já no fim da partida, Aloísio ainda
diminuiu o placar, em ótima enfiada de bola de Luís Fabiano. Mas já era
tarde. Embora tenha crescido de produção no segundo tempo, avançado um
pouco a marcação, o São Paulo não jogou o suficiente para conquistar o
empate.
A torcida do Atlético-MG deixou o Independência com uma excelente
impressão. Viu uma equipe focada em um objetivo, que é a conquista do
título inédito da Libertadores. O torcedor tricolor segue com a
esperança de que, nas próximas rodadas e diante dos adversários
estrangeiros, a tradição possa prevalecer e os resultados apareçam. The
Strongest, da Bolívia, e Arsenal, da Argentina, as outras duas equipes
do Grupo 3, ainda se enfrentarão nesta quinta-feira, às 22h (de
Brasília), em La Paz.
O próximo compromisso do Galo pela competição internacional será no dia
26, uma terça-feira, às 21h45m (de Brasília), em Sarandí, na Argentina,
onde encara o Arsenal. Dois duas depois, o São Paulo enfrenta os
bolivianos do The Strongest, no Morumbi, às 19h30m. Porém, pelos
estaduais, as equipe voltarão a campo neste fim de semana. No sábado, o
Tricolor receberá o Ituano, às 19h30m, na capital paulista. O
Atlético-MG, novamente no Independência, terá o Araxá pela frente. A
partida será realizada domingo, às 16h.
O mundo é dos espertos
Diante do São Paulo, o Atlético-MG voltava a disputar uma Libertadores
depois de 13 anos. Aliada à defesa de uma incrível invencibilidade de 36
jogos como mandante e ao tabu de ainda não ter perdido em casa desde a
reinauguração do Independência, em abril do ano passado, a saudade pela
longa ausência foi o combustível para a torcida do Galo empurrar o time
desde o início.
Somado a isso, também estava o fato de ser o primeiro jogo do atacante
Diego Tardelli, que estava no Al-Gharafa, do Catar, e retornou ao
Alvinegro após ser contratado na última semana. A atmosfera contribuía
para uma verdadeira festa atleticana. Tanto que o torcedor alvinegro,
sem parar de gritar, nem respeitou o minuto de silêncio antes da
partida.
Porém, do outro lado, o adversário era o brasileiro de mais tradição na
competição, com três títulos conquistados. O São Paulo, além de ser
considerado um dos favoritos, mostrava as credenciais com grandes nomes,
como Rogério Ceni, Lúcio, Jadson e Luís Fabiano.
Mas o Atlético-MG também tinha suas armas. Logo no início, Diego
Tardelli sofreu falta, Ronaldinho Gaúcho cobrou da intermediária, e Jô
cabeceou para brilhante defesa de Rogério Ceni. Com menos de cinco
minutos, a partida pegou fogo, já que o árbitro Marcelo de Lima Henrique
deixava o jogo correr solto e marcava pouquíssimas faltas.
E bastaram 13 minutos para a festa atleticana se tornar completa. Em
lance de esperteza (ou "sorte"), Ronaldinho Gaúcho fez a diferença. A
bola saiu pela lateral, e o craque do Galo se aproveitou para beber um
pouco de água, oferecida pelo goleiro Rogério Ceni, enquanto o jogo
estava parado. Porém, Marcos Rocha, atento ao lance, cobrou rapidamente o
lateral e encontrou Ronaldinho livre, sem nenhuma marcação. Bastou a
R10 receber a bola, girar o corpo e fazer um cruzamento perfeito para o
atacante Jô tocar para as redes.
O São Paulo sentiu o golpe, e a pressão do Atlético-MG na saída de bola
aumentou ainda mais. As tentativas tricolores eram contidas pela dupla
de zaga alvinegra, em especial Réver. Cortez e Paulo Miranda, os
laterais do São Paulo, com atenção redobrada em Tardelli e Bernard, não
subiram ao ataque. O time de Ney Franco voltou para os vestiários sem
arriscar sequer um chute ao gol do goleiro Victor.
Pressão e vitória do Galo
O São Paulo voltou para o segundo tempo sem modificações, assim como o
Atlético-MG. E logo aos três minutos, Osvaldo foi o autor do primeiro
chute a gol do Tricolor no jogo. A bola passou por cima, com perigo, num
dos raros momentos em que o atacante teve espaço.
E o velocista do São Paulo passou a ser a maior arma da equipe. Com
duas boas jogadas, um chute cruzado por cima e um drible em dois
atleticanos, Osvaldo começou a incomodar o lado direito da defesa
alvinegra. Ney Franco, ciente do crescimento da sua equipe, trocou Paulo
Miranda, que havia sido amarelado, por Aloísio. A mudança ofensiva
surtiu efeito, e a equipe paulista passou a tocar mais passes no campo
do adversário. Luís Fabiano teve uma grande oportunidade, mas Victor fez
excelente defesa ao mandar a bola para escanteio.
Cuca tirou Tardelli, já cansado, e colocou o também estreante Luan. Com
a mudança, o Galo ganhou mais espaço ofensivo pelo lado direito. E foi
dali que ampliou o placar. Ronaldinho Gaúcho fez bela jogada, driblou
dois marcadores e cruzou na cabeça do zagueiro Réver, que apenas tirou
de Rogério Ceni. Duas assistências de R10, dois delírios da torcida
atleticana no Independência.
Ney Franco tentou Ganso no lugar de Jadson, e Maicon no lugar de
Wellington. E o Tricolor ainda diminuiu, sob protestos dos atleticanos.
Aloísio ganhou no corpo de Junior Cesar e chutou cruzado, rasteiro, na
saída de Victor. O lateral alvinegro reclamou de ter sido empurrado no
lance. No fim, Ganso ainda teve a chance de empatar, cara a cara com
Victor, mas a bola passou rente à trave esquerda, indo para a linha de
fundo.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: EFE
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