Não houve altitude, frio, pressão do adversário ou chutes de longa
distância que tirassem do São Paulo a vaga na fase de grupos da Taça
Libertadores. Mas poderia ter sido mais fácil. Muito mais fácil. Depois
de abrir três gols de vantagem no primeiro tempo em La Paz, o Tricolor
apagou por completo no segundo e permitiu que o Bolívar virasse para 4 a
3, nesta quarta-feira, no estádio Hernando Siles. Pouco para ser
eliminado, muito pelo comportamento apático no fim, criticado com veemência por Rogério Ceni.
O clube brasileiro ficou com a vaga por ter construído uma enorme
vantagem ao golear os bolivianos por 5 a 0, no Morumbi. No placar
agregado, os paulistas chegaram a fazer 8 a 0, com Luis Fabiano, Jadson e
Osvaldo, porém, se acomodaram na etapa final e viram um adversário
praticamente eliminado quase renascer - necessitava marcar mais cinco
para avançar. O relaxamento irritou o capitão Rogério Ceni.
- O atleta tem de fazer o melhor sempre. Não é só o resultado.
Poderíamos perder aqui, mas a forma como perdemos não é digna do que o
São Paulo normalmente mostra - disse o goleiro, que admitiu que a
altitude de 3.600 metros de La Paz atrapalha, mas não pode servir de
desculpa.
O atual campeão da Copa Sul-Americana será obrigado a voltar a La Paz
na segunda fase da competição. O clube faz parte agora do Grupo 3,
composto também por Arsenal, da Argentina, The Strongest, da Bolívia, e
Atlético-MG. A estreia será no dia 13 de fevereiro, contra o Galo, em
Belo Horizonte.
O São Paulo volta ao Brasil e inicia a preparação para o primeiro
clássico da temporada. O Tricolor entra em campo no domingo para
enfrentar o Santos, às 17h (de Brasília), na Vila Belmiro, pelo
Campeonato Paulista.
Altitude? Que altitude?
Ney Franco surpreendeu ao, mais uma vez, mudar o lado direito do ataque
do São Paulo. Aloísio, um dos destaques no primeiro confronto, perdeu a
vaga para o lateral-direito Douglas, posicionado quase como um ponta
para que Paulo Miranda voltasse à defesa. A eficiência da mudança,
porém, sequer pôde ser testada em La Paz.
O Bolívar bem que tentou começar a partida pressionando, mas sucumbiu
diante de um adversário calmo e muito superior tecnicamente. O sonho de
ficar com a vaga acabou logo no segundo minuto, quando Luis Fabiano
ganhou pelo alto da defesa após cobrança de escanteio de Jadson e
cabeceou forte: 1 a 0.
O gol colocou os donos da casa em pânico. Com o São Paulo bem fechado
na defesa, os bolivianos passaram a arriscar chutes de longa distância.
Apenas Ferreira chegou a assustar Rogério Ceni. O avanço dos azuis abriu
espaços para o Tricolor, principalmente com Osvaldo, que ignorou o ar
refeito pela esquerda. Por lá, aos 15, ele disparou e cruzou para
Jadson, com calma, tocar no canto direito de Arguello.
O Bolívar se manteve ofensivo para tentar, no mínimo, anotar um gol no
atual campeão da Copa Sul-Americana. Álvarez mostrou a maior arma da
equipe ao chutar de longe e carimbar a trave de Ceni. A resposta
paulista foi fatal. Em triangulação com Luis Fabiano e Jadson, Osvaldo
recebeu na área e chutou colocado para fazer o terceiro. Três minutos
depois, Ferreira descontou em belo chute cruzado no canto direito.
Reação do Bolívar
O apoio da torcida, presente em bom número ao estádio, fez o Bolívar se
animar na etapa final. O treinador entrou no embalo e trocou o volante
Miranda pelo atacante Yecerotte para aumentar o poder ofensivo da
equipe. A diminuição de ritmo do São Paulo permitiu que a troca desse
certo. Ferreira e Arce exigiram grandes defesas de Rogério Ceni.
Ney Franco percebeu o desinteresse tricolor pelo segundo tempo,
principalmente no ataque, e trocou Luis Fabiano por Aloísio. Antes de
colocar Cañete na vaga de Osvaldo, os bolivianos chegaram ao segundo gol
e encostaram no placar, aos 13. Após cruzamento para a área, o zagueiro
Cabrera apareceu como um centroavante e desviou de cabeça.
A igualdade encheu os donos da casa de ânimo diante de um São Paulo
adormecido. Aos 24, Cabrera, novamente em uma cabeçada, fez o terceiro e
empatou a partida. O time entrou na euforia da torcida, abandonou a
defesa e foi para cima. Seis minutos mais tarde, Rhodolfo colocou a mão
na bola na área. Ferreira bateu o pênalti e virou, para delírio dos
torcedores.
Os azuis ainda tentaram sufocar nos minutos finais, mas se contentaram
em apagar a vexatória derrota no primeiro jogo. O São Paulo ainda teve
chance de empatar, com Douglas demorando a finalizar na área. Vaga
garantida, mas um susto desnecessário para quem quer chegar ao tetra da
Libertadores, e que rendeu duras críticas de Ceni.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: EFE
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