Há mais de um ano parado, José Aldo
tem pela frente um dos maiores desafios da carreira. No próximo sábado,
no UFC 156, em Las Vegas (EUA), o campeão peso-pena do Ultimate coloca o
cinturão em jogo contra o americano Frankie Edgar,
em um confronto que estava marcado inicialmente para outubro de 2012.
Um acidente de moto três semanas antes da luta deixou o brasileiro fora
de combate, o que serviu de mais motivação para o manauara.
- Naquela ocasião a gente tinha só um mês de treinamento, já que a luta
inicialmente estava marcada contra o Erick Koch, que se lesionou. Não
acreditei quando me acidentei e fiquei fora da luta, que era algo que eu
queria muito e pedi para o Ultimate manter meu adversário. Agora tive o
tempo necessário para me preparar bem. Acho que eu fico motivado por
ser uma grande luta, é uma superluta, que vai ficar na história, quando
encerrar minha carreira todo mundo vai comentar desse combate. A
motivação é enorme, eu chegava aqui nos treinos e procurava ganhar todo
tipo de treino porque sei que vai ser épico - contou Aldo.
Recuperado dos ferimentos, Aldo iniciou o treinamento no fim de
novembro. Com quase 20 confrontos marcados entre janeiro e fevereiro, o
líder da Nova União, André Pederneiras, optou pelo trabalho com a base
de lutadores da academia. Alguns reforços vieram, como Bruno Carvalho,
experiente no muay thai, Davi Souza, medalhista pan-americano de boxe, e
o atleta do UFC Gray Maynard, que ajudou o brasileiro para a luta
contra Chad Mendes no UFC Rio 3 e já enfrentou Edgar três vezes na
categoria dos leves.
- Por conta de problemas pessoais - minha operação no joelho e o
nascimento da minha filha - só vim durante um tempo, mas é tudo que ele
precisa. Aldo aprende muito rápido, você ensina para ele algo em um dia e
ele já está fazendo exatamente o que você passou. Em todas as áreas é o
melhor de todas as categorias, acho que ele é o melhor peso por peso do
mundo. Agora ele sabe as pegadinhas do Edgar, o que é muito bom para
evitar surpresas. Ele sempre foi muito bom em defender quedas e aplicar
quedas. Quando você chega no topo não são grandes coisas, apenas
pequenos ajustes que fazem com que você melhore - afirma Gray,
ressaltando a estatística de que Aldo é um dos melhores atletas em
defesa de queda do Ultimate, com 75% de aproveitamento no quesito.
Para Dedé, o caminho para vencer a luta vai ser dado pelo adversário.
Entretanto, a preocupação com o bom nível de wrestling de Edgar foi uma
constante nos treinos. Por conta disso, Pederneiras inovou na preparação
- inseriu um treino de pano combinado com o de luta olímpica, para
preparar bem o campeão para situações com as costas no chão.
- A gente sempre procura criar coisas diferentes a cada luta e nessa eu
voltei a adaptar o treino de quimono porque é algo que te deixa mais
pesado e quando você tira o quimono você fica mais leve e mais rápido.
Eu acho que todo mundo que lutou com o Aldo ultimamente derruba muito
bem, o Edgar é mais um que derruba muito bem, não sei se ele é melhor ou
pior, se naquele momento da luta ele vai conseguir fazer melhor do que
os outros, tudo vai depender do momento. Eu posso dizer que o Aldo é um
faixa-preta muito bom, a gente fez um trabalho muito forte de quimono
para essa luta agora e todos que treinaram com ele de quimono - que são
atletas que competem de pano frequentemente - falaram a mesma coisa: se
ele lutasse em algum campeonato de jiu-jítsu ele seria campeão. Ele tem
uma base muito boa de chão - disse Dedé.
Faixa-preta na arte suave, Aldo também se diz mais confiante no jogo por baixo.
- Essa foi uma das vezes que eu mais treinei jiu-jítsu, eu sempre
treino jiu-jítsu quando passam minhas lutas. Acho que o Dedé puxando
novamente esse treino combinado com o wrestling foi muito bom, porque um
anda ao lado do outro. A gente treinou muito em pé, sempre caindo e
praticando o chão, para resgatar. É bom rever o passado porque foi de
onde a gente surgiu - reafirmou Aldo.
Outro fator que impressiona no jogo do americano é a movimentação no
octógono e o ritmo frenético imposto. A aposta para parar o adversário
pode estar nos potentes chutes baixos de Aldo, que deixaram um
ex-desafiante, Urijah Faber, com as pernas debilitadas após o confronto.
- Acho que conectando bons chutes a gente consegue frear a movimentação
dele, acho que quantos mais chutes encaixados na perna ele vai ficar
mais preso, acho que vai ficar um pouco mais receoso, então pode ser,
sim, o caminho das pedras - conta o campeão, que também vê na descida de
peso um fator a seu favor no combate.
- É a primeira vez que ele vai ter que bater o peso-pena, acho que
quando você tem que perder peso não é a mesma coisa de você ficar
jogando no peso que você tem, a resistência diminui. Acho que tudo muda
porque é a primeira vez que ele está baixando. Isso a gente vai procurar
também porque a gente sabe que não é a mesma resistência do que quando
ele jogava nos leves.
Parceiro de treinos de Aldo, o atleta do Bellator Marlon Sandro também vê nos chutes o caminho para a vitória.
- O Edgar é um cara que não bloqueia chutes, mesmo movimentando...
Ninguém nunca chutou ele tanto, o chute que ele recebeu na perna ele não
bloqueia... E todo mundo sabe que o Aldo tem uma perna muito pesada, eu
que o diga, a gente sofre aqui com os chutes dele mesmo com caneleiras
quando ele quer bater forte, ele vai minar ali. O Aldo é um cara que tem
um reflexo muito bom, uma esquiva muito boa, acho que ele vai conseguir
ir para cima o tempo todo e quem sabe conseguir um nocaute ainda em pé.
Em dezembro, Junior, como é conhecido entre os amigos, viu o xará
peso-pesado Junior Cigano perder o cinturão para Cain Velasquez. Mas o
peso-pena garante que não se sente pressionado a manter um dos três
cinturões do Brasil no UFC - os outros dois são de Renan Barão, campeão
interino dos galos, e Anderson Silva, nos médios.
- Acho que cada pessoa é uma pessoa, não sinto peso algum, eu sou o
José Aldo. O José Aldo vai estar lá dentro, e eu vou lutar por mim e vou
sair vencedor. Para mim todas as lutas são meu grande desafio. Eu acho
que essa vai ser um grande desafio, a próxima também... Sempre a próxima
é a luta da minha vida que eu não posso perder.
Da última vez que esteve em ação, Aldo surpreendeu na comemoração, ao
se jogar nos braços da torcida após a vitória em cima de Chad Mendes do
UFC 142. E dessa vez, não será diferente.
- No Brasil, não poderia ser diferente, eu falei que ia fazer isso
porque a galera estava vibrando e cantando, então, nada mais justo que
ir para a galera. Com certeza vai ter uma galera brasileira em Las Vegas
eu estou contando com a invasão do pessoal e com certeza vou fazer algo
para eles.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Ana Hissa / SporTV
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