Maurice Durozier está em plena turnê brasileira do Théâtre du Soleil – infelizmente, a companhia não passará por Brasília. Para estar na cidade, o ator aproveitará uma brecha entre as apresentações do Rio de Janeiro e Porto Alegre, que encerra a passagem da trupe pelo País. A temporada no Brasil começou por São Paulo e apresenta o mais recente espetáculo da companhia, Les Naufragés du Fol Espoir, um épico “leve, uma declaração de amor à teatralidade do teatro, feita em forma de comédia”, segundo explica o ator Maurice Durozier.
Em Brasília, Durozier pretende desenvolver um curso prático de interpretação que tem como base o método de trabalho de criação coletiva do Théâtre du Soleil, de Ariane Mnouchkine. Para isso, vai trabalhar sobre obras de Shakespeare, em especial os textos Ricardo II e Henrique IV, que ele mesmo já interpretou junto com a companhia, conjugando técnicas originais do teatro japonês e indiano. E durante o espetáculo-conferência, promete relatar um pouco de sua vida (ele vem de uma família de atores há quatro gerações) e de sua experiência teatral.
Ao longo de cinco dias, Maurice Durozier irá incentivar trabalhos de improvisação (individuais e coletivos) e exercícios que atuem sobre o imaginário dos atores. Também promete lançar foco sobre as diversas emoções – inspirado no Abinhaya, as emoções básicas do teatro e da dança na Índia – e ainda trabalhar sobre a música no teatro.
ATOR EM TEMPO INTEGRAL
Com carreira consagrada no teatro, cinema e televisão, Maurice Durozier está na companhia francesa desde 1980, tendo participado de diversas montagens, entre elas Richard II, La nuit des rois e Henry IV, de Shakespeare; L’histoire terrible mais inachevée, de Norodom Sihanuk; Roi du Cambodge, L’Indiade ou l’Inde de leurs rêves, Et soudain des nuits d’éveil, de Hélène Cixous; Les Atrides (Ciclo dos Atridas, reunindo peças de Eurípides e Ésquilo); Le dernier Caravansérail, Les éphémères, Les Naufragés du fol espoir, criações coletivas do Soleil. Em 1992, decidiu afastar-se do grupo para fundar sua própria companhia, Les Voyageurs de la Nuit , mas em 2002, chamado por Mnouchkine, Maurice regressou ao grupo. Desde então, tem participado de encenações como Le Dernier Caravansérail, Les Éphémères e Les Naufragés du Fol Espoir.
Durozier já esteve outras vezes no Brasil. Em 1988, passou por Fortaleza (CE) e Recife (PE), em companhia de Georges Bigot, quando ficou três meses trabalhando com atores locais. Voltou à capital cearense em 2008 e em 2010, na programação dos 100 anos do Theatro José de Alencar, ocasião em que, além de oficina, realizou um seminário sobre o Théâtre du Soleil. Também esteve ministrando oficina para alunos de teatro da USP. Agora, está de volta com a turnê do Théâtre du Soleil de Les Naufragés du Fol Espoir.
A companhia do Théâtre du Soleil é um grupo de teatro fundado por Ariane Mnouchkine em 1964, depois que a diretora passou por cursos com Jacques Lecoq. Criado como associação, o grupo integra artistas de várias partes do mundo e é sediado numa antiga fábrica nos arredores de Paris, onde funciona a Cartoucherie de Vincennes (com várias salas de espetáculos e vários grupos teatrais). A companhia privilegia o trabalho coletivo e é, desde a década de 1970, uma das maiores da cena teatral mundial (jornalistas como a brasileira Deolinda Vilhena classificam o teatro contemporâneo em dois grupos: o de Ariane Mnouchkine e o resto). Desde sua fundação, o Théâtre du Soleil realizou 36 produções, entre espetáculos teatrais e filmes.
SERVIÇO
PALAVRA DE ATOR
Espetáculo-conferência com Maurice Durozier
Data: 27 de novembro de 2011
Local: Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília
Horário: 20h30
ENTRADA FRANCA (senhas distribuídas uma hora antes)
O espetáculo-conferência será feito em português, com 1h30 de duração, no Teatro do CCBB. Sobre a obra, o ator explica: “A minha família fazia teatro já há quatro gerações e então caí neste mundo quando era bebê. Não gostava de estar no palco: gritava, chorava, contaram-me depois. Fui criado por meus avós, que eram atores e, em casa, não havia separação entre as coisas da vida e do teatro. Depois, quando voltei a fazer teatro, com 16-17 anos, entrar no palco era como estar na minha casa. Mais tarde, entrei neste grupo. Nele fazemos peças muito longas. Portanto, são horas e horas nesse outro mundo, no outro lado do espelho. Nesse mundo, vivo tudo que tenho que viver como ator, mas, saindo do palco, sensações, reflexão, pensamentos, crônicas, sempre chegavam e pensei que agora era o momento para falar disso: da vida do ator, a partir do interior, do que está acontecendo dentro dele”.
O TEATRO É O OUTRO
Curso
Data: 23 a 27 de novembro de 2011
Local: CCBB Brasília
Horário: 14h às 20h
Vagas: 50
INSCRIÇÕES GRATUITAS
Para Durozier, a participação individual no processo de criação é uma coisa mínima em relação ao que você pode receber do outro, em relação ao estímulo de imaginação que o outro pode provocar em cena. Da mesma forma, o personagem é um outro, não é o ator. O curso é baseado no método de trabalho do Théâtre du Soleil, dirigido por Ariane Mnouchkine, com enfoque no corpo do ator, na música e em improvisações sobre cenas de Shakespeare.
As inscrições serão feitas através do e-mail [email protected]. Os interessados deverão enviar currículo sintético e breve carta de intenções.
Informações: 3349-3937.
Apoio: Embaixada da França
==> Foto: Divulgação
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