A história do cinema brasileiro contempla, entre as décadas de 1940 e 1950, a existência de vários estúdios criados com a proposta de tratar temas nacionais com o que havia de mais avançado tecnicamente. Foi um período marcado pela atuação de produtoras como a Vera Cruz, Atlântida, Multifilmes, que tiveram temporadas de auge, trabalhando com grandes diretores e atores, e depois conheceram o declínio. É sobre um dos mais importantes estúdios da época a nova mostra de cinema realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil Brasília. RETROSPECTIVA MARISTELA, que acontece até o dia 28 de agosto, está exibindo filmes realizados na década de 1950 que continuam praticamente inéditos para o grande público. A mostra tem curadoria de Rafael de Luna e vai projetar títulos em película, recuperados especialmente para o evento. Oportunidade única para rever grandes clássicos do cinema nacional.
Sábado, 20/8
17h – Simão, o caolho
19h – Susana e o presidente ( exibição em beta)
21h – Presença de Anita
Domingo, 21/8
17h – Vou te contá
19h – Meu destino é pecar
20h30 – A pensão de D. Stela
Terça, 23/8
19h10 – Getúlio, glória e o drama de um povo
21h – Vou te contá
Quarta, 24/8
16h40 – Arara Vermelha
19h – Mãos Sangrentas ( exibição em beta)
Quinta, 25/8
17h – Mulher de Verdade
19h – O comprador de fazendas
Sexta, 26/8
17h – Mãos Sangrentas ( exibição em beta)
19h – Casei-me com um xavante
Sábado, 27/8
16h30 – O Cinema Nacional em Marcha + Ana
17h20 – A pensão de D. Stela
19h – Quem matou Anabela?
Domingo, 28/8
15h – Getúlio, glória e drama de um povo
16h40 – Mulher de Verdade
18h50 – Presença de Anita
SINOPSES
Ana (Alex Viany, 1955) – 25’
Elenco: Aurélio Teixeira, Miguel Torres, Vanja Orico
Escrito por Jorge Amado, o filme trata da migração de retirantes nordestinos e a exploração a que eles estão sujeitos através de história de Ana, que viaja num pau-de-arara em busca de uma vida melhor. Ana é interpretada por Vanja Orico, que tinha estrelado recentemente o premiado O cangaceiro, e seguiria bem-sucedida carreira como atriz e cantora na Europa, e filmado em locações no próprio sertão nordestino onde, anos depois, Glauber filmaria o clássico Deus e o diabo na Terra do Sol.
Classificação indicativa: 14 anos
Arara vermelha (Tom Payne, 1957) – 110’
Elenco: Anselmo Duarte, Odete Lara, Milton Ribeiro, Ana Maria Nabuco, Aurélio Teixeira, Sérgio Warnowski
Baseado em romance de José Mauro Vasconcelos, é um drama violento e realista em que fugitivos lutam pela posse de uma pedra preciosa. Filmado em locações reais em aldeias indígenas, o longa teve produção muito atribulada, devido às complicações envolvidas pela filmagem em locações completamente inóspitas.
Classificação indicativa: 14 anos
Casei-me com um xavante (Alfredo Palácios, 1957) – 88’
Elenco: Pagano Sobrinho; Maria Vidal, Luely Figueiró, Henrique Martins, Eugênio Kusnet
Homem branco desaparece depois de acidente de avião e se torna cacique de uma tribo de xavantes. Quinze anos depois, é trazido de volta da selva para a cidade. Destaque para a atuação do humorista Pagano Sobrinho no papel de um homem branco que prefere viver com suas várias mulheres xavantes na selva do que voltar para a companhia de sua pouco atraente esposa branca na cidade grande.
Classificação indicativa: Livre
Getúlio, glória e drama de um povo (Mário Audrá Jr., 1956) – 85’
Narração: Randal Juliano
Documentário que utiliza imagens de arquivo e trechos de cinejornais sobre o presidente para contar a trajetória pessoal e política de Getúlio Vargas pouco após o seu trágico suicídio. Desconhecido da maioria dos historiadores, o filme é um valioso documento histórico que revela o fascínio provocado pelo “pai dos pobres” e que esse filme retratou em seu auge.
Classificação indicativa: Livre
Mãos sangrentas (Carlos Hugo Christensen, 1955) – 92’
Elenco: Arturo de Córdova, Sadí Cabral, Carlos Cotrim, Tônia Carrero, Heloisa Helena, Lisete Barros, Gilberto Martinho
Co-produção com Argentina e México, o longa foi dirigido pelo argentino Carlos Hugo Christensen, que realizou outros importantes filmes no país. Apresenta a dramatização de um fato real: a fuga em massa de detentos do presídio da Ilha de Anchieta, ao largo de Ubatuba. O filme provocou grande impacto por seu realismo e violência, sendo exibido no prestigiado Festival de Veneza. Obra-prima esquecida do cinema brasileiro, foi distribuída em vários países europeus.
Classificação indicativa: 18 anos
Meu destino é pecar (Manuel Pelufo, 1951) – 72’
Elenco: Antonieta Morineau, Alexandre Carlos, Ziláh Maria, Rubens de Queiróz, Maria de Lourdes Lebert, Great George
Primeira adaptação para o cinema de uma obra do dramaturgo Nelson Rodrigues (quando ele ainda assinava sob o pseudônimo de Suzana Flag), o filme leva às telas a trama de uma mulher que se casa com um viúvo, sem estar apaixonada por ele, e segue para a fazenda da família do esposo. Lá, percebe que a presença da ex-mulher dele ainda é muito forte. O filme é uma co-produção internacional com o México, sendo dirigido por um diretor mexicano.
Classificação indicativa: 14 anos
Mulher de verdade (dir. Alberto Cavalcanti, 1954) – 107’
Elenco: Inesita Barroso, Colé, Raquel Martins, Carlos Araújo, Dirce Pires, Adoniran Barbosa
A enfermeira Amélia se passa por solteira quando na verdade leva uma vida dupla: é casada com dois homens, um pobre e outro rico. Ironia com a famosa canção de Mário Lago, que dizia “Amélia é que era mulher de verdade”. A protagonista foi interpretada por Inesita Barroso, que recebeu o Prêmio Saci e o Governador do Estado de São Paulo de Melhor Atriz em 1955.
Classificação indicativa: 14 anos
O canto do mar (dir. Alberto Cavalcanti, 1953) – 87’
Elenco: Aurora Duarte, Cacilda Lanuza, Margarida Cardoso, Alfredo de Oliveira, Ruy Saraiva
No litoral nordestino, que acolhe migrantes do sertão à espera de viagem para o Sul, o drama de uma família em desestruturação devido a problemas financeiros e psicológicos motivados pela miséria. Um dos primeiros longas-metragens brasileiros de ficção a tematizar o problema da miséria provocada pela seca, o filme recebeu o Primeiro Prêmio no Festival de Karlovy Vary, em 1955, e o Prêmio de Melhor Filme da Associação Brasileira de Cronistas Cinematográficos, em 1953.
Classificação indicativa: 14 anos
O cinema nacional em marcha (Jacques Deheinzelin, 1951) – 8’
Documentário que retrata uma visita aos estúdios da Cinematográfica Maristela, desvendando para o público os mistérios que envolvem a realização de um filme. São mostrados os equipamentos de fotografia e som, os depósitos de negativos, a produção dos cenários, os sets de filmagens de O comprador de fazendas, os camarins e salas de maquiagens, até os escritórios e a sala de projeção.
Classificação indicativa: livre
O comprador de fazendas (Alberto Pieralisi, 1951) – 90’
Elenco: Procópio Ferreira, Henriette Morineau, Hélio Souto, Margot Bittencourt
Adaptação de um conto de Monteiro Lobato que traz como protagonista o grande astro Procópio Ferreira. Conta a história de um fazendeiro que coloca sua propriedade à venda e acaba hospedando um possível comprador, que se diz milionário. Mas, o homem na verdade é apenas um pintor de paredes. Quando o fazendeiro descobre a verdade e vira motivo de chacota na cidade, acontece uma surpresa. A música da trilha-sonora foi composta pelo rei do baião, Luiz Gonzaga, que a interpreta no filme.
Classificação indicativa: Livre
Pensão de Dona Stela (Alfredo Palácios, Ference Fekete, 1956) – 87’
Elenco: Jaime Costa, Maria Vidal, Liana Duval, Randal Juliano, Adoniran Barbosa, Lola Brah
Uma pensão á beira da falência, habitada por tipos divertidos que nunca pagam suas contas. Uma comédia musical baseada em peça de grande sucesso que se revela uma verdadeira e deliciosa chanchada paulista. Ao invés do samba de compositores cariocas, destacam-se as composições do mestre Adoniran Barbosa, que atua também como ator, interpretando um convicto monarquista.
Classificação indicativa: Livre
Presença de Anita (Rugero Jacobi, 1950) – 97’
Elenco: Antonieta Morineau, Vera Nunes, Orlando Villar, Ana Luz, Guido Lazzarini, Henriette Morineau
Homem casado envolve-se numa relação trágica com uma mulher independente, Anita. Posteriormente, a história parece se repetir com o assédio de sua jovem e bela cunhada, Diana. Estrelado pelas atrizes Antoinette Morineau (filha) e Henriette Morineau (mãe), é um drama psicológico baseado no mesmo livro de Mário Donato que também foi adaptado posteriormente na minissérie da Rede Globo.
Classificação indicativa: 14 anos
==> Reedição da Matéria (já publicada): Dalton Jendiroba
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