O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
recebe em abril o espetáculo teatral Jacques
e Seu Amo, de Milan Kundera, autor tcheco do romance A Insustentável Leveza do Ser. Sob o olhar generoso do prestigiado
diretor paulista Roberto Lage, a temporada vai de 07 de abril a 01 de maio, de
quinta a domingo.
No enredo, dois homens - amo e seu criado -
estão numa viagem a pé para um destino que só é revelado no final. Eles vão
rememorando suas aventuras e desventuras amorosas, descritas de tal forma que,
atualmente, poderiam ser consideradas politicamente incorretas. A ação se passa
no século XVIII, porém não há nenhum rigor quanto à época ou estilo da comédia.
Os personagens Jacques e o Amo são
interpretados pelos atores Angelo Brandini e Edgar Bustamante, respectivamente.
A relação de poder e influência entre eles está repleta de encontros e desencontros amorosos revividos em
ritmo acelerado, cruzando com outros personagens pelo
caminho, a exemplo de uma taberneira tagarela e a Marquesa da Pommeraye (ambas
interpretadas por Renata Zhaneta).
O projeto, maturado durante anos pelo
prestigiado encenador Roberto Lage, estreou nos palcos em outubro de 2015 no
CCBB São Paulo.
Numa montagem inédita no Brasil, esta peça é o único texto teatral
de Milan Kundera. Para Lage, "talvez esta seja a mais revolucionária das
obras de Kundera". Baseada em Jaques,
Le Fataliste, de Denis Diderot, este é, para o autor, um romance que
desafia todas as regras de composição do ponto de vista de um
"romance-jogo", e que busca uma liberdade formal estranha ao seu
tempo. É, todavia, herdeira da consagrada tradição da comédia clássica ocidental,
pós Idade Média, onde estão presentes as mazelas do homem, com todas as suas
idiossincrasias. Escrita em 1971, o diretor tomou conhecimento da peça nos anos
80 e, desde então, alimentava o desejo de montá-la. "Gosto muito da sua
dramaturgia, da reflexão sobre o comportamento hipócrita do homem na
sociedade", comenta.
Em Jacques e Seu Amo a ação é
constantemente interrompida e se passa em dois tempos (passado e presente) que
várias vezes se misturam. Os personagens também criticam a
"mediocridade" do autor, entram nos papéis uns dos outros e comentam
a peça. O texto é estruturado em três tragicomédias amorosas, no fatalismo
determinista de Jacques e no erotismo. As histórias ocorrem simultaneamente e
prendem a atenção do espectador pelo dinamismo com que os personagens as narram
e vivenciam, pelos diálogos cruzados que culminam sempre em um comportamento
hipócrita que atravessa as duas classes sociais. O criado Jacques conta como
foi que perdeu a virgindade; o fidalgo lembra a traição da amada com seu melhor
amigo; e a Taberneira conta a história de uma Duquesa vingativa que ilude seu
amante e o leva a se casar com uma prostituta. Tudo é apresentado com humor
clássico, sem nenhum rigor, onde os estilos se misturam.
O figurino segue a referência da época em
que a história se passa, mas não se prende a nenhuma formalidade,
misturando
as épocas. A concepção do cenário parte do conceito de um espaço “vazio” que
dialoga com a questão do destino não revelado pelo texto. Escadas que levam a
lugar algum circundam o ambiente, cujo chão traz uma textura de sobreposição de
papeis, reforçando a indefinição do lugar.
Sobre Jacques
e Seu Amo ser a única peça de Milan Kundera, Roberto Lage conta que na
época da ocupação soviética na Tchecoslováquia, o escritor foi convidado para
criar uma versão para obra do russo Dostoiévski, mas se recusou. Foi quando
propôs que a história fosse Jaques, Le
Fataliste justamente pelo seu teor crítico. “O Jaques de Kundera quebra as
regras da sociedade em que se passa a ação, onde as pessoas não tinham a
possibilidade de alterar seu status social”. Lage ainda finaliza: “em tempos
modernos é delicioso trabalhar com um texto politicamente incorreto, um texto
humanamente e naturalmente incorreto”.
FICHA
TÉCNICA
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Espetáculo: Jacques e Seu Amo
Texto: Milan Kundera
Tradução: Aline Meyer
Direção: Roberto Lage
Assistência de direção: Juliana Garavatti
Elenco: Angelo Brandini (Jacques),
Edgar Bustamante (Amo), Renata Zhaneta (Taberneira / Marquesa), Ando
Camargo(Saint-Ouen / Bigre Pai e Mãe), Greta Antoine (Justine / Filha),
Raul Figueiredo (Saint-Ouen / Bigre Pai e Mãe) e Felipe Ramos (Marquês,
Bigre Filho e Comissário).
Figurinos: Fabio Namatame
Cenografia e adereços: Kleber Montanheiro
Iluminação: Wagner Freire
Trilha sonora: Dr Morris
Fotos: João Caldas
Projeto gráfico: Heron Medeiros
Vídeos: J. P. Rezek e Graziela Barduco
Direção de produção: Maurício Inafre
Produtor executivo: Regilson Feliciano
Assistência de produção: Jô Nascimento
Assessoria de imprensa: Pedro Caroca
SOBRE
O DIRETOR
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Roberto Lage (São Paulo, 1947) inicia sua
carreira como ator em 1962. A partir de 1969 começa a dirigir no teatro amador.
Logo a seguir atua no teatro universitário Sedes Sapientiae, em 1970, com a
direção de Chico Rei, de Walmir Ayala. Nos dez anos seguintes, dedica-se a
grupos profissionais, amadores e estudantis, solidificando sua carreira por
meio de um repertório variado. Em 1974 dirigiu seu primeiro sucesso, Mrozek, reunião dos textos Strip Tease e Em Alto Mar, de Slawomir Mrozek. Com o espetáculo A Flor da Pele,
de Consuelo de Castro, recebeu o Prêmio Molière de melhor direção. Em 1993
dirigiu, em Portugal, Para Tão Longo Amor
de Maria Adelaide Amaral. A montagem de Clips
e Clops, uma colagem de quadros clássicos de clowns, rendeu-lhe o prêmio
APCA de melhor diretor, em 1998, ano em que ao lado do ator Celso Frateschi
funda o Ágora - Centro para Desenvolvimento Teatral. Em 2002 dirigiu A Mandrágora, de Maquiavel, para o
projeto de formação de público da Secretaria Municipal de Cultura, com
curadoria de Gianni Ratto. No ano seguinte levou à cena Orgia, de Pier Paolo Pasolini, uma produção do CCBB, além de Distante, de Caryl Churchill, e Quase
Nada, de Marcos Barbosa, textos desenvolvidos no Royal Court Theatre, centro
britânico que promove intercâmbio entre a dramaturgia inglesa e autores de
outros países (produção do Teatro Popular do SESI). No mesmo ano estreou no
Ágora a montagem inédita Os Justos, de Albert Camus, e a seguir dirigiu Celso
Frateschi em Sonho de Um Homem Ridículo,
de Dostoievski, Ricardo III, de W.
Shakespeare, espetáculos produzidos pelo Ágora. A Flauta Mágica, adaptação de Vladimir Capela, foi a sua primeira
direção em 2007, numa produção do Teatro Imprensa e Centro Cultural Grupo
Silvio Santos. Em 2008, voltou a Portugal para dirigir Um Merlin, de Luis Alberto de Abreu, uma produção da Seiva Trupe de
Portugal. De volta ao Brasil, o desafio foi a adaptação da obra de Milton
Hatoum, Dois Irmãos (produção do CCBB) e, em 2010, dirigiu a comédia Escola de
Mulheres, de Molière, e o monólogo Dos
Escombros de Pagu, de Tereza Freire, uma homenagem ao centenário de Pagu.
Em 2011 dirigiu a ópera Carmen, de G.
Bizet, no Theatro São Pedro/SP, os espetáculos Espartilho, de José Antônio de Souza, E o Vento Não Levou, de Ron Hutchinson, e Francesca, de Luís Alberto de Abreu (produção própria). Em 2012,
assinou a direção do musical Enlace,
da obra de Karol Wojtyla com dramaturgia de Elísio Lopes Junior, da peça Quarto
77, de Leonardo Alckmin, do musical infantil TicTic Tati, com textos de Tatiana Belinky e músicas de Helio
Ziskind. Em 2013, destaque para a direção de Coração Bandoleiro, de José Antônio de Souza, e no ano seguinte
dirigiu a comédia Toda Donzela Tem Um Pai
Que é Uma Fera, de Gláucio Gill, o monólogo
Não Existe Mulher Difícil, texto de
André Aguiar Marques e adaptação de Lucio Mauro filho com o ator André Bankoff,
e A Dama de Negro, de Stefhen
Mallatrat.
SOBRE O AUTOR
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Autor de
romances, volumes de contos, ensaios, uma peça de teatro e alguns livros de
poemas, Milan Kundera, nascido na República Tcheca e naturalizado francês, é um
dos maiores intelectuais vivos. Hoje com 85 anos, ficou especialmente conhecido
por aquela que é considerada sua obra-prima, A Insustentável Leveza do Ser, adaptada ao cinema por Philip
Kaufman em 1988. Vencedor de inúmeros prêmios, como o Grand Prix de Littérature
da Academia Francesa pelo conjunto da obra e o Prêmio da Biblioteca Nacional da
França, Kundera costuma figurar entre os favoritos ao Nobel de Literatura. Seus
livros já foram traduzidos para mais de trinta línguas, entre suas principais
obras constam os romances A Valsa do Adeus (1976), A Imortalidade (1990), A
Identidade (1997), A Ignorância (2000) e A Festa da Insignificância (2014).
Kundera também publicou ensaios, contos e poesias e a peça teatral em três atos
- Jacques e Seu Amo (1981), em homenagem a Denis Diderot.
SERVIÇO
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Data: 07 de abril
a 01 de maio de 2016
Local: Teatro I
do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES
Trecho 02, Lote 22, Setor de Clubes Sul, Brasília-DF
Horários: Quinta
a sábado às 20h e Domingos às 19h
Ingressos: R$ 20,00
(inteira) e R$ 10,00 (meia entrada)
Bilheteria:
Quarta a segunda, das 13h às 21h.
Gênero: Comédia
clássica
Duração: 90 min.
Classificação: 14
anos
Capacidade: 327 lugares,
sendo 02 para obesos e 07 para cadeirantes
Telefone: (61)
3108-7600
ASSESSORIA DE IMPRENSA
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Pedro Caroca
(61) 3204-3889 |
(61) 8173-3450
vinte4cultural@gmail.com
www.fb.com/v4cultural
==> Foto: João Caldas
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