Com dificuldades de locomoção próprias da idade, o leão Dudu, prestes
a completar 21 anos, requer cuidados especiais: alimentação balanceada,
regenerador articular e vitaminas o ajudam a manter a icônica juba
resistente às agruras do envelhecimento. Seu contemporâneo Tuan, uma
onça-pintada macho que tem insuficiência crônica renal, passa por
tratamento diário com soro e analgésicos e também atinge a maioridade
neste ano.
Dudu e Tuan são alguns dos bichos idosos que recebem cuidados especiais da Fundação Jardim Zoológico de Brasília e superaram os 20 anos de expectativa de vida para suas espécies criadas em cativeiro. Tudo isso é possível graças à alimentação regrada e à assistência constante da equipe da instituição. “Estes animais vivem cerca de 14 anos na natureza. Em cativeiro, a estimativa chega a até 20 anos”, pontua o biólogo da Diretoria de Mamíferos Filipe Reis.
Além da preocupação com a saúde física dos animais, os profissionais do Núcleo de Condicionamento e Enriquecimento Animal do zoológico praticam treinos funcionais que facilitam o manejo e estimulam o psicológico dos bichos. As atividades são adequadas a cada espécie, mas requerem criatividade dos encarregados. “Os primatas são fáceis de conquistar, já para os répteis é preciso fazer um estudo maior do comportamento”, afirma Filipe Reis.
Para os elefantes são oferecidas frutas dentro de uma pedra de gelo, o que induz os animais a explorar o “brinquedo” e a gastar energia tentando tirar o alimento de lá. Os felinos se divertem com caixas de papelão que contêm pedaços de carne.
Bons tratos
O trabalho de condicionamento tem como objetivo facilitar a relação entre tratadores e animais. A bióloga Marisa Carvalho explica que o processo respeita o tempo de cada bicho. “Não forçamos os animais a nada”, garante. Por meio de seringas cheias de sucos de frutas (para os herbívoros) e sucos de fruta com sangue (para os carnívoros), os profissionais condicionam o animal a aceitar o que lhe é dado a partir do instrumento. “Na hora da medicação, eles não rejeitam porque estão acostumados com aquilo”, explica a bióloga Marisa Carvalho.
Uma das maiores atrações turísticas da cidade, o zoológico de Brasília foi fundado em 1957 pelo presidente Juscelino Kubistchek e hoje abriga cerca de 1,1 mil animais das mais variadas espécies. Para cuidar de todos eles, o local conta com 370 funcionários — entre biólogos, zootecnistas, veterinários, assistentes e tratadores. O zoo também é um espaço dedicado a trabalhos de pesquisa com universidades e de preservação de espécies em risco de extinção, como o lobo-guará e o tamaduá-bandeira.
Alimentação balanceada
Para alimentar toda a bicharada é necessária muita comida. Diariamente, são consumidos 600 quilos de frutas, 180 quilos de ração, 120 quilos de carne e peixe e 1,2 tonelada de capim. Mas, além da dieta balanceada, é importante adequar a alimentação de acordo com a necessidade de cada bicho.
Os profissionais da área nutricional preparam diariamente a refeição de cada animal de forma particular. “Há um rinoceronte que não come banana de jeito nenhum. Oferecemos outros alimentos de que ele gosta”, conta a zootecnista Ana Raquel Faria. Ela explica que o trabalho é totalmente individualizado e que o aporte nutricional segue a linha do que o bicho precisa. O cachorro-do-mato-vinagre Osíres, de 9 anos, considerado idoso para a espécie, tem diabetes, e a glicemia é monitorada quinzenalmente pelos veterinários do zoológico. “Cortamos todas as frutas da dieta dele”, conta Ana Raquel.
Um conjunto de ações educativas também faz parte da rotina do zoológico. A cada semestre são ministrados cursos internos para os tratadores, em parceria com o Instituto Federal Brasília.
Programas
Entre 12 e 15 de março, profissionais do zoológico participaram do 39º Congresso de Zoológicos e Aquários do Brasil, em Foz do Iguaçu (PR), mostrando experiências de sucesso em educação ambiental, como o projeto Zoo Noturno, em que o público tem a possibilidade de fazer uma visita guiada direcionada aos bichos de hábitos noturnos, como cachorro do mato, felinos e serpentes. Outro projeto de educação ambiental é o Museu de História Natural, que abriga itens como o esqueleto da elefanta Nely, o primeiro animal a pisar nos gramados da fundação.
Zoológico de Brasília
Avenida das Nações, Via L4 Sul Km 9
Parque
De terça a domingo, das 9 às 17 horas
Borboletário
De quinta a domingo, das 9 às 17 horas
Entrada R$ 2 (menores de 5 anos e idosos acima de 60 anos não pagam)
Gabriela Moll, da Agência Brasília
==> Foto: Renato Araújo
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