Nova exposição no Museu Nacional dos Correios - “Anônimos do Rossio”

Anônimos do Rossio

O Museu Nacional dos Correios recebe a exposição “Anônimos do Rossio” do fotógrafo Luis Jungmann Girafa. O ensaio conta com 30 fotografias, em preto e branco, que revelam um pouco dos freqüentadores do Rossio, famosa praça D. Pedro IV, no coração de Lisboa. A crônica de imagens é um convite à observação do outro, da rotina não percebida, da poesia visual deste artista que transita com facilidade pela fotografia, arquitetura, artes plásticas e cinema.

O cenário, cosmopolita, é freqüentado por personalidades portuguesas, porém, de forma despretensiosa, os comuns permitiram a Girafa uma nova percepção de um cartão postal lusitano. As imagens afloram o dia a dia desse espaço que tem a estátua de D. Pedro IV como testemunha.

Os Correios recebem a confluência do olhar do artista e protagonistas anônimos num palco de seis séculos compartilhado, agora, com o público brasiliense. A iniciativa reforça o compromisso social de fomentador cultural, promovendo encontros e aproximando pessoas.

Palavra do Curador (Renato Cunha)

É com extrema satisfação que realizo a curadoria da exposição Anônimos do Rossio, de Luis Jungmann Girafa, artista plástico, arquiteto, cineasta e fotógrafo, após lançar pelo selo editorial Siglaviva o livro homônimo que deu origem a ela. Conheci Girafa profissionalmente em 2008, quando ele fez a direção de arte de um filme dirigido por mim, no qual imprimiu seu olhar estético apurado e fez os detalhes visuais narrarem, algo primordial no cinema, e obviamente na fotografia também.

Pensamos nesse duplo produto cultural no começo do projeto, que agora, especialmente, se conclui no Museu Nacional dos Correios. Ainda foi prevista, para a abertura da exposição, uma palestra com o angolano Artur Arriscado, que, na condição de exilado, com graves problemas de saúde, viveu como indigente nas ruas e praças de Lisboa. No entanto, por ter nos deixado em setembro passado, não poderemos ouvir o testemunho de seu forçado anonimato. Além disso, Artur estava com Girafa no dia do passeio fotográfico pelo Rossio, em 2011. Nada mais justo, então, que esta exposição seja dedicada a ele, um contador de estórias sem fronteiras, que, de certa forma, inconscientemente, motivou Girafa a produzir seu ensaio.

Anônimos do Rossio é isso mesmo, um ensaio no significado mais estrito do termo, com coerência na linguagem visual e percorrendo por completo as áreas de atividade de Girafa, sendo possível nele enxergar, além do fotógrafo, muitos traços do artista plástico, do arquiteto, do cineasta. E a feliz escolha pelo preto e branco faz com que estas fotografias sobrelevem a questão do anonimato, pela fina sugestão do remoto. Os personagens são capturados pela lente de Girafa como se do quadro fossem parte imutável. Não há pessoa que nelas apareça que não indique uma cumplicidade com o anonimato, fazendo-nos perceber que é assim, anônimos, que passamos todos os dias, ou quase todos, pelas grandes cidades.

Palavra do Autor (Luis Jungmann Girafa - Fotógrafo)

Dedico esta exposição a Artur Arriscado, à sua memória. Na véspera do retorno ao Brasil, após trinta dias rodando por Portugal, em um dia sem pressa, encontramos Artur e Ana, que estavam em Lisboa a caminho de Londres, para o casamento da filha. Almoçamos e fomos tomar café com conhaque na varanda da Pastelaria Suíça, no Rossio.

Ana e Sandra saíram buscando o que comprar. Artur e eu ficamos olhando a praça, proseando lembranças dele por Lisboa, descobrindo e sendo descobertos pelos personagens locais. Vieram nos vender de tudo, óculos, relógios, iClones, drogas. Não compramos nada. Turistas atípicos recusando ofertas sensacionais.

Entre uma coisa e outra, eu ia fazendo fotos das pessoas que passavam diante de nós. A chuva suave e intermitente permitiu algumas incursões fotográficas nos limites da praça. Fui vendo que muitos dos que eu fotografava eram pessoas que estavam ali trabalhando, se encontrando, trambicando, etc. e tal. Estavam para ficar, circulavam e interagiam aqui e acolá.

De forma intuitiva, fui fazendo fotos que não revelam explicitamente os personagens, que mantêm o anonimato enquanto contam visualmente a história de uma tarde preguiçosa no Rossio. Daí, como possibilidade de guardar a poética dessa tarde, a qual foi acontecendo inesperadamente, veio um livro, publicado, em 2013, pela editora Siglaviva, e do livro esta exposição, que, com o patrocínio dos Correios e apoio do Museu Nacional dos Correios, conclui o projeto Anônimos do Rossio. 

Sobre o Autor

Luis Jungmann Girafa nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1950. Formado em arquitetura pela Universidade de Brasília (UnB), é também artista plástico, cineasta e fotógrafo. Traz no currículo mais de 30 exposições, no Brasil e no exterior, e é conceituado como um dos mais importantes artistas de Brasília. No cinema, realizou dois curtas-metragens e assinou a direção de arte de diversos longas-metragens, entre eles a do aclamado Louco por cinema, de André Luiz Oliveira. Na fotografia, Anônimos do Rossio é seu livro de estreia, trabalho que também chegará às galerias de arte.

Serviço
Exposição - “Anônimos do Rossio” | Abertura: 30 de Janeiro | 19h
Local: Museu Nacional dos Correios
Horário: terça a sexta | de 10h às 19h. Sábado, domingo e feriado | 12h às 18h.
Entrada Franca

==> Foto: Divulgação
Visitação: 31 de janeiro a 16 de março.
Endereço: Setor Comercial Sul, quadra 4, bl A, n° 256, ed. Apolo, Asa Sul. Brasília/DF
Informações: (61) 3213-5076 - museu@correios.com.br

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