O processo de produção de editores
artesanais é quase passional. O editor artesanal é um apaixonado por livro
e seu trabalho reúne, no geral, tarefas claramente separadas: ele é, ao
mesmo tempo, autor, ilustrador, editor, diagramador, designer, tipógrafo e
distribuidor. E o resultado é um processo individualizado, com tiragem
reduzida e com projeto gráfico rico e cuidadoso. Para lançar um novo olhar
sobre esse trabalho, a historiadora Gisela Creni traça o perfil e
reconstrói a produção artesanal de sete editores, no livro
Editores Artesanais Brasileiros, co-edição da
Autêntica Editora e Fundação Biblioteca Nacional.
A autora apresenta um relato minucioso
sobre a produção das editoras artesanais e revela os perfis dos editores
João Cabral de Melo Neto, na editora O Livro Inconsútil; Manuel Segalá, na
Philobiblion; Geir Campos e Thiago de Mello, na Hipocampo; Pedro Moacir
Maia, na Dinamene; Gastão de Hollanda, nas editoras O Gráfico Amador, Mini
Graf e Fontana; e Cleber Teixeira, na Noa Noa. Todos eles iniciaram suas
atividades na década de 1950, com exceção de Cleber Teixeira, que começou
em 1965.
Além de resgatar parte de suas histórias
por meio de entrevistas realizadas entre 1993 e 1995, mostra como suas
edições contribuíram para os novos rumos da estética editorial brasileira.
A obra também retrata como os editores artesanais enriqueceram a
literatura brasileira, especialmente a poesia – dada a preferência por
esse gênero –, e por priorizar a publicação de seus próprios livros e os
de amigos escritores estreantes, que tinham dificuldade em encontrar
editoras dispostas a investir em nomes desconhecidos do grande
público.
De acordo com a autora, a grande diferença
entre o livro artesanal e o comum estaria exatamente no fato de o primeiro
ser concebido e idealizado de uma maneira integral. Todos esses cuidados,
do ponto de vista gráfico, não teriam como objetivo apenas embelezar o
livro, mas também ressaltar e buscar uma correspondência com o conteúdo da
obra publicada, como afirmou Augusto de Campos sobre o trabalho do editor
Cléber Teixeira, da Noa Noa: “Ele é capaz de dar a um livro o mesmo
tratamento que um poeta dá a um poema”.
Em depoimento sobre as edições de Pedro
Moacir Maia, Carlos Drummond de Andrade também exaltou o aspecto gráfico
dos livros artesanais, que oferecem ao leitor mais que apenas uma leitura:
“As edições Dinamene [...] agora produzem volantes de formato variado, em
que a cor, o desenho, a estrutura gráfica dão aos poemas aquela atmosfera
de luxe, calme, et volupte, captada por amadores refinados. Se o
poema é uma realização abstrata, uma exalação de vapores verbais, sua
vestimenta física dá-lhe concreção de objeto visitável. A leitura torna-se
visual-tátil. Pedro Moacir Maia explora com elegante sobriedade o requinte
do poema-cor-papel-imagem”.
Sobre a autora - Gisela
Creni nasceu em São Paulo, em 1965. Graduou-se em Editoração pela Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e obteve o título de
mestre em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
da Universidade de São Paulo, cuja dissertação resultou neste livro. Atua
no mercado editorial há quase 30 anos, a maior parte deles na editora
Companhia das Letras.
Título: Editores Artesanais
Brasileiros
Autora: Gisela Creni
Formato: 16 x 23 cm
Número de páginas: 160
Preço: R$ 39,90
ISBN: 978-85-8217-188-2 (Autêntica) e 978-85-333-0721-6 (FBN)
Editoras: Autêntica Editora / Fundação Biblioteca Nacional
Autora: Gisela Creni
Formato: 16 x 23 cm
Número de páginas: 160
Preço: R$ 39,90
ISBN: 978-85-8217-188-2 (Autêntica) e 978-85-333-0721-6 (FBN)
Editoras: Autêntica Editora / Fundação Biblioteca Nacional
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