No
início do século XX, o Marechal Cândido Rondon tentou alcançar o Centro
Geográfico do Brasil, mas recuou diante da fúria do povo Xavante que
ocupava a região. A determinação de plotar o lugar aconteceu nos anos
30, pelas mãos do geógrafo Fabio Macedo Guimarães.
Em 1958, através da Fundação Brasil Central, foi confiado aos irmãos sertanistas Orlando, Claudio e Leonardo Villas Bôas a tarefa de demarcação do Centro. Estamos no Mato Grosso, acima dos atuais limites do Parque Nacional do Xingu, criado em 1961. O Centro Geográfico do Brasil está localizado no Médio Xingu, no nordeste do Estado de Mato Grosso – na porção sul da Amazônia Brasileira.
O “coração do Brasil” encontra-se em área de reserva ambiental – na mais importante reserva indígena das Américas – que segue habitada e protegida pelos caiapó - txucarramae, liderados pelo Cacique Raoni Metuktire, um dos índios mais conhecidos no Brasil e no exterior por sua campanha em defesa dos povos indígenas e da floresta Amazônica.
Cinquenta anos depois, três participantes da expedição original, Sergio Vahia de Abreu, o documentarista Adrian Cowell e o cacique Raoni - agora contando com tecnologia moderna como cartas náuticas e GPS - retomam o mesmo trajeto, revisitando aldeias, reencontrando personagens e constatando a dramática evolução na condição dos indígenas ao longo de cinco décadas.
Além das cenas atuais, diversas imagens de arquivo – muitas delas com a presença dos irmãos sertanistas. E há ainda diversos depoimentos de Cowell, maior documentarista da Amazônia, falecido em outubro do ano passado. Nascido na China e naturalizado britânico, o cineasta realizou trabalho histórico de documentação da sistemática destruição da Floresta Amazônica, desde os anos 50, quando viajou para o Brasil pela primeira vez.
Cowell também faz interessantes intervenções: o cineasta contextualiza que momento era aquele por qual passava o Brasil no final dos anos 50, quando a Fundação Brasil Central representava mais um braço da política desenvolvimentista do presidente Juscelino Kubistschek.
O processo de interiorização, a construção de rodovias – entre elas, a Belém-Brasília – , o próprio surgimento de uma nova capital federal,sempre deixaram claro as prioridades estabelecidas pelo governo JK. E, segundo a fala do próprio Presidente, que consta em Coração do Brasil, “vamos construir uma nova nação e uma grande obra civilizadora nas vastidões mais recuadas do oeste brasileiro”.
O Parque Nacional que passou a ser designado como Parque Indígena do Xingu, em 1967, abriga hoje cerca de seis mil indígenas de 16 diferentes etnias. O território é de cerca de 27 mil quilômetros quadrados. E foi para lá, munidos de muita curiosidade, um pouco de saudosismo e equipamento cinematográfico que três integrantes da expedição original, de 1958, partiram. Parte dessa experiência está nesse novo documentário de Daniel Santiago.
Sinopse curta
Em
1958, a Fundação Brasil Central confiou aos irmãos Villas Boas a tarefa
de demarcar o Centro Geográfico do Brasil. Cinquenta anos depois, três
participantes da expedição original, Sérgio Vahia de Abreu, o
documentarista Adrian Cowell e o cacique Raoni, refazem o mesmo trajeto.
Etnias Indígenas registradas do documentário
Kaiapó, Juruna, Kuikuro, Kamaiurá, Ikpeng, Suyá, Kayabi, Trumai.
Material de arquivo utilizado no documentário
Acervo do Museu do Indio / Funai
Acervo Jean Manzon – Wagner Labs Anastácio
Casa Civil / Secretaria Executiva / Arquivo Nacional
Centro Técnico Audiovisual - CTAV
Instituto Goiano de Pré-Historia e Antropologia – IGPA
Sociedade Amigos da Cinemateca
Universidade da Pensilvânia / Museu de Arqueologia e Antropologia
Imagens fixas utilizadas no documentário
Fotos de Jesco Von Puttkamer / Acervo Puc Goiás
Franklin de Andrade Gomes
Adrian Cowell
Sergio Vahia de Abreu
Trechos do diário escrito por Orlando e Claudio Villas Bôas publicados no Correio da Manhã, em fevereiro de 1959
Trechos de filmes utilizados no documentário
A Tribo que se Esconde do Homem (Adrian Cowell)
Amazônia, O Bandeirante (Acervo Jean Manzon)
Calapalo (Acervo do Museu do Indio / Funai)
Indios na Aldeia (Noel Nutels)
Locução
Ricardo Camargo de Souza Dias e João Batista Acaiabe
Ficha Técnica
Brasil – SP; 86’; 2012; cor
Direção: Daniel Santiago
Roteiro: Ricardo Dias, Daniel Santiago, Mariana Fresnot
Direção de Fotografia: Aloysio Raulino e Cleumo Segond
Montagem: Mariana Fresnot
Edição de Som: Alexandre Guerra
Som Direto: Luis Augusto Donola, Francis Cirino
Trilha Sonora: Pedro Salles Santiago, Bruno Roberti
Direção de Produção: Marçal de Souza
Produção Executiva: Daniel Santiago, Denis Feijão, Tatiana Bornato
==> Foto: Divulgação
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