Em recente entrevista, Daniel Alves admitiu que o Barcelona havia "perdido a fome" e via um Lionel Messi cabisbaixo
- especialmente após a sequência de maus resultados que culminou com a
eliminação na Copa do Rei para o Real Madrid e a derrota para o Milan
por 2 a 0 pela ida das oitavas de final. Pois esqueça tudo o que se
passou nas últimas semanas. Como uma psicologia reversa, o time catalão
brindou sua aguerrida torcida com uma de suas melhores atuações há
tempos. O resultado foi um verdadeiro show sob o comando do próprio
craque argentino, autor de dois gols, e a tão sonhada "remontada" no
Camp Nou: vitória por 4 a 0 e vaga nas quartas de final. A noite mágica
dos donos da casa foi ainda completada por David Villa e Jordi Alba -
este último num contra-ataque nos acréscimos do segundo tempo.
Antes baqueada pelas críticas, a equipe comandada por Jordi Roura
chegará às quartas de final embaladíssima. De quebra, receberá nas
próximas semanas Tito Vilanova, ausente por longo período para tratar a
recaída em seu tumor nos Estados Unidos. O adversário será conhecido
através de um sorteio na manhã da próxima sexta-feira, com transmissão
ao vivo do GLOBOESPORTE.COM - times como Real Madrid, Bayern de Munique e
Juventus podem parar no caminho dos catalães.
Ao Milan, resta focar a sua temporada no Campeonato Italiano. Com 51
pontos, os Rossoneros estão atualmente na terceira posição, a última que
dá uma vaga justamente na próxima edição da Champions. No torneio
nacional, o time poderá contar com Mario Balotelli, grande contratação
do clube e ausente nos confrontos diante do Barça por já ter defendido o
Manchester City na fase de grupos.
Messi como Messi
Desta vez não foram apenas os 72% de posse de bola, já habituais quando
o Barcelona está em campo. Por trás dos números, o que se viu no
primeiro tempo no Camp Nou foi um time aguerrido, com sangue nos olhos,
faca entre os dentes e lutando por cada bola para provar que as críticas
nas últimas semanas foram injustas. Fato é que em poucos minutos já era
possível perceber a mudança de atitude dos catalães, refletida
inclusive no placar.
Mordedor, o Barcelona ocupava o seu campo ofensivo sem pretender
voltar. Era roubar a bola e procurar o homem mais próximo, de
preferência se fosse baixinho, de cabelos lisos e com a camisa 10 às
costas. Afinal, era a noite dele.
Foi assim aos cinco, quando Xavi e Messi tabelaram até que o craque
argentino, nos primeiros centímetros da grande área e cercado por seis
adversários, encontrou espaço para colocar a bola no ângulo de Abbiati. A
resposta no campo empolgou a já animada torcida blaugrana, que se
transformou em mais um marcador na busca da tão comentada "remontada".
Virar o confronto era praticamente um dever, mas o Barcelona sabia que
do outro lado estava um time que não havia perdido um jogo sequer em
2013 - e também dono de sete títulos da própria Liga dos Campeões. Na
base do contra-ataque, o Milan aos poucos foi descobrindo os seus
mínimos espaços. Parecia simples, vide a dificuldade de o Barça não
sofrer um gol (apenas uma vez nos últimos 14 jogos). Aos sete, El
Shaarawy recebeu lançamento de Boateng, mas concluiu mal.
Milan para na trave e é punido
O próprio "Faraó" seria o responsável por outras duas oportunidades dos
italianos, aos 29 e 33. Nenhuma deu grande trabalho a Valdés. Minutos
depois, porém, o Milan encontraria a liberdade tão desejada num
contra-ataque. Mascherano cabeceou mal e deixou Niang à vontade. O
francês arrancou até entrar na grande área e chutou... na trave direita,
para desespero de todo o banco rossonero.
Se um gol àquela altura praticamente definiria o confronto - obrigando o
Barça a marcar três vezes -, o lance acabou se transformando numa
punição aos visitantes. A reação ao perigo veio com um chute forte e
rasteiro de Lionel Messi após vacilo de Ambrosini na saída de bola.
Iniesta serviu para que o camisa 10 marcasse o seu segundo no jogo e o
58º na história da competição, deixando o holandês Ruud van Nistelrooy
(56) para trás e se aproximando ainda mais do ídolo merengue Raúl
González (71).
O resultado, em tese, ainda poderia ter sido maior caso o árbitro
Viktor Kassai resolvesse assinalar pênalti após o empurrão de Abate em
Pedro, aos 11 minutos. Ou, no lance seguinte, se a bomba de Iniesta, de
fora da área, tocasse nas mãos de Abbiati e furasse a rede - e não
carimbasse o travessão, como aconteceu. O goleiro italiano também teve
influencia direta aos 16, quando espalmou chute de Xavi de longe.
Villa e Alba selam a 'remontada'
O tempo e o jogo já estavam a favor, mas o Barcelona fazia questão de
buscar os quatro gols que lhe dariam alguma tranquilidade. O terceiro
não custaria a sair. Primeiro, aos dois, Messi deu o sinal ao receber
presente de Constant e finalizar para a defesa de Abbiati. Mas aos dez
não houve jeito: David Villa, livre após lindo passe de Xavi, escolheu o
canto e saiu para comemorar.
Em desvantagem, o Milan enfim abandonou sua vocação defensiva para
tentar o gol salvador. Robinho, Muntari e Bojan foram à campo até os 30
da etapa final, mas o fato é que chegar à área rival parecia uma missão
para poucos. Aos 36, Robinho conseguiu e, com um cruzamento rasteiro,
encontrou Bojan. Puyol travou e impediu que a revelação de La Masía
calasse o Camp Nou.
No fim, aos 47, ainda houve tempo para que o Barcelona selasse sua
noite mágica com mais um gol. Sánchez escapou pela direita e cruzou na
medida para Jordi Alba invadir a área e tocar na saída de Abbiati: um 4 a
0 para ninguém esquecer.
Valdés, Dani Alves, Piqué, Mascherano (Puyol) e Alba; Busquets, Xavi e Iniesta; Pedro (Adriano), Messi e Villa (Sánchez). | Abbiati, Abate, Zapata, Mexès e Constant; Montolivo, Ambrosini (Muntari) e Flamini (Bojan); El Shaarawy, Niang (Robinho) e Boateng. |
Técnico: Jordi Roura. | Técnico: Massimiliano Allegri. |
Gols: Messi, aos cinco e quarenta minutos do primeiro tempo; David Villa, aos dez, e Jordi Alba, aos 47 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Flamini, Boateng, Mexès (Milan); Pedro (Barcelona). | |
Estádio: Camp Nou (ESP). Data: 12/03/2013. Árbitro: Viktor Kassai (HUN). |
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: AFP
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