Ainda de luto pela morte do presidente do Hugo Chávez, a Venezuela
voltou a sorrir. Pelo menos por 90 minutos. Dentro do quase impraticável
gramado do Estádio Olímpico, na noite desta terça-feira, o Caracas
derrotou o Grêmio por 2 a 1 , de virada, e embolou a classificação do
Grupo 8 da Taça Libertadores. Enquanto o Tricolor gaúcho desperdiçou a
chance de assumir a liderança isolada, a equipe venezuelana encostou e
manteve vivas as chances de classificação.
O time de Vanderlei Luxemburgo poderia ter alargado o placar quando vencia. Jogou fora contragolpes fulminantes, desperdiçou lances imperdoáveis. Acabou, portanto, castigado e derrotado por um time limitado, mas que jogou com o coração também para alcançar um marco: após 14 confrontos, enfim venceu um clube brasileiro na competição continental.
O time de Vanderlei Luxemburgo poderia ter alargado o placar quando vencia. Jogou fora contragolpes fulminantes, desperdiçou lances imperdoáveis. Acabou, portanto, castigado e derrotado por um time limitado, mas que jogou com o coração também para alcançar um marco: após 14 confrontos, enfim venceu um clube brasileiro na competição continental.
O resultado deixa o Grêmio ainda em segundo lugar, com seis pontos,
porém ameaçado pelo próprio Caracas, com a mesma pontuação, mas saldo de
gols inferior (-1 contra 4). O líder é o Fluminense, com sete. O
Huachipato tem quatro e segura a lanterna. A próxima rodada ocorre nos
dias 3 e 10 de abril, com Caracas x Huachipato e Grêmio x Fluminense,
respectivamente. Antes, o Tricolor gaúcho volta as suas atenções ao
estadual: no sábado, enfrenta o Lajeadense em seu primeiro confronto
pelo Gauchão na Arena.
Capital comovida, estádio alheio
A direção do Caracas esperava cerca de 13 mil pessoas num Estádio
Olímpico com capacidade para 20 mil - o borderô indicou a presença de 7
mil. Embora o jogo fosse decisivo para o futuro do time na competição, o
clima de consternação pela morte de Hugo Chávez, vítima de câncer,
afastou o público de eventos esportivos. A rodada do campeonato local
havia sido cancelada no fim de semana, por exemplo.
Estavam proibidas manifestações políticas nas arquibancadas, o que não
impediu os torcedores de se emocionarem, entoando em uníssono, todos de
pé, o hino nacional. O civismo, no entanto, registrou uma mancha. Um
lança-chamas, artefato típico dos fãs do Caracas, porém proibido pela
Conmebol desde a morte de um torcedor na Bolívia, foi avistado entre os
populares.
Em um campo esburacado, remendado e com o botão do sistema de irrigação
exposto, o Caracas deu provas de que iria dominar as ações. Logo com 15
segundos, após corte falho de Pará, Dida precisou fazer difícil defesa
em chute à queima-roupa na área. Mas foi um susto apenas. Aos poucos,
sobretudo por meio de contra-ataques velozes, o Grêmio assumiu o
protagonismo da partida.
Mantra da bola aérea vira realidade
Mantra da bola aérea vira realidade
E por falar em estrela, Barcos surgiu. Aos oito, num drible, desmontou
dois rivais e, de canhota, lançou chute potente e rasante ao poste de
Baroja. Era o sinal de que estava por vir algo melhor. Mesmo que, ainda
pouco acostumados ao campo ruim, muitos jogadores teimavam em escorregar
e perder boas chances no ataque. A saída, portanto, foi pelo alto,
mantra repetido intensamente durante a semana preparatória.
Dito e
feito. Aos 16, André Santos alçou bola na segunda trave. Preocupados com
o oportunismo de Barcos, os zagueiros venezuelanos deixaram o não menos
astuto Elano sozinho. O golpe de cabeça saiu tão certeiro quanto o seu
chute diante da LDU, ainda na fase preliminar: 1 a 0.
Aos 25, Elano poderia ter ampliado, mas preferiu chutar cruzado, à
espera de uma intervenção de Barcos, o que não aconteceu. A partir de
então, o time de Luxa caiu. Permitiu sucessivos avanços dos donos da
casa. Aos 34, uma chuva de cruzamentos atormentou a defesa gremista, mas
Barcos e, depois, Pará afastaram os cruzamentos, grande fonte de
sobrevida aos poucos inspirados venezuelanos, que, desta vez, estiveram
mais ofensivos, com duas alterações na equipe e ainda com mudança de
esquema, do 4-5-1 para o 4-4-2.
Crime e castigo: Caracas cresce e empata
Embora com menos intensidade, o Grêmio seguia levando perigo. Aos 43
minutos, Zé Roberto encontrou espaço para chute venenoso, nas mãos de
Baroja. O primeiro tempo chegaria ao fim com apenas uma nota triste para
os azuis. Elano levou cartão amarelo e, suspenso, não enfrenta o
Fluminense na Arena. No entanto...
Aos 46 minutos, mais uma bola parada para o Caracas nas proximidades da área de Dida. O chute, forte e seco, esbarrou no corpo de Fernando e se ofereceu na altura da meia-lua para o camisa 10, craque do time, Peña. E ele estufou as redes: 1 a 1. Festa no estádio, torcida inflamada e mais lança-chamas surgiram, numa geração espontânea de luzes e fogos.
Aos 46 minutos, mais uma bola parada para o Caracas nas proximidades da área de Dida. O chute, forte e seco, esbarrou no corpo de Fernando e se ofereceu na altura da meia-lua para o camisa 10, craque do time, Peña. E ele estufou as redes: 1 a 1. Festa no estádio, torcida inflamada e mais lança-chamas surgiram, numa geração espontânea de luzes e fogos.
- O árbitro não está bem, não foi falta. E o Caracas está batendo muito
- reclamou o diretor executivo de futebol Rui Costa, no intervalo.
- Estamos bem no jogo, mas precisamos prestar mais atenção na bola parada deles - conformou-se Zé Roberto.
Grêmio abusa de erros, rival cresce e vira
Grêmio abusa de erros, rival cresce e vira
Sem mudanças nas equipes, a tônica da partida seguiu inalterada. Grêmio
melhor, com o Caracas dotado de lampejos. Assim, aos seis minutos, os
visitantes fizeram do problema uma solução. Zé Roberto chutou de fora da
área e quase enganou o goleiro com o "montinho-artilheiro". Baroja se
virou como pôde.
O Caracas tinha Peña. O centro do time, a pedra no sapato tricolor. Com
dribles curtos, municiou o ataque com bons cruzamentos. Mas nenhum bem
aproveitado. Aos 17, então, foi a vez de o Grêmio desperdiçar. Num
contra-ataque, em dois contra um, Vargas errou o passe final para
Barcos. Dois minutos depois, o argentino recebeu cruzamento bem mais
certeiro de Elano, mas, na entrada da pequena área e pressionado, roçou a
bola pela linha de fundo.
O desperdício do Grêmio teve o seu preço. O Caracas adiantou o time,
passou a pressionar. Aproveitou-se do cansaço de Elano. Também viu Souza
e Fernando, sobrecarregados, dando espaços no miolo do meio-campo. Mas
foi pela ponta, sobre o improdutivo Pará, que Cure fez cruzamento para o
pé esquerdo de Farías. Na pequena área, sozinho após se descolar de
Cris, o centroavante apenas escorou para as redes.
Calma e oportunismo que faltaram a Willian José, que entrou no lugar de
Vargas. Aos 36, sozinho na marca do pênalti, não conseguiu dominar a
bola e a viu escapar para o lado do campo. Um retrato do Grêmio,
sobretudo no segundo tempo: errático, nervoso e derrotado. Agora, o
Fluminense novamente terá que ser o caminho para a recuperação. Os
gremistas só querem que, na Arena, se repita a boa história contada no
Engenhão.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: AP
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