Era a última chance. O Palmeiras entendia que uma derrota, ou até mesmo
um empate contra o Bahia nesta quarta-feira, em Pituaçu, selaria o
rebaixamento da equipe no Campeonato Brasileiro. Mas a esperança está
renovada com uma suada vitória por 1 a 0, fora de casa, com gol do
iluminado Betinho. A vitória acirrou a briga contra a degola. A
diferença entre os dois rivais, que começou em nove, passou a ser de
seis pontos. Faltam sete rodadas para o fim do campeonato.
Tem dias em que tudo dá certo: em voo atrasado que assustou os
alviverdes, Barcos chegou do Chile a tempo de entrar em campo e dar o
passe para a cabeçada certeira do predestinado Betinho, autor de seu
segundo gol com a camisa do Palmeiras – o primeiro foi “só” o do título
da Copa do Brasil, em julho. O Verdão foi aos 29 pontos e subiu uma
posição na tabela. Está em 17º, mas o Sport enfrenta a Ponte Preta nesta
quinta-feira e pode ultrapassar o rival.
Tem dias em que tudo dá errado: antes bem arrumado por Jorginho, o
Bahia mostrou falhas que o Palmeiras costumava apresentar nos últimos
jogos. Erros sucessivos de passes, chutes mal direcionados e uma torcida
que começou jogando junto, mas passou a pressionar demais no segundo
tempo. A equipe baiana continua com 35 pontos, e o risco de degola
aumentou um pouco.
As duas equipes voltam a campo no próximo fim de semana. O Palmeiras
recebe o Cruzeiro no sábado, às 18h30 (horário de Brasília), em
Araraquara. Na mesma data e horário, o Bahia vai ao Pacaembu para
enfrentar o tranquilo Corinthians, que já pensa no Mundial de Clubes.
O voo de Barcos, a luz de Betinho
O dia de Barcos não foi nada fácil. Um voo que parecia interminável de
Santiago a Salvador, com escala em São Paulo, só terminou às 18h, uma
hora e meia antes do início da partida. Escoltado por um carro de
polícia, ele apareceu em Pituaçu em cima da hora, vestiu o uniforme e
foi à luta. Ao lado dele, Gilson Kleina fez mudanças: as entradas de
Patrick Vieira e Betinho causaram surpresa no torcedor alviverde, que
nem assim perdeu a esperança.
O Bahia tentou fazer o que qualquer rival do Palmeiras faz hoje em dia:
toca a bola com paciência, roda o jogo e sabe que a falha uma hora vai
chegar. A zaga fez seu papel, tentando enervar Barcos e provocar uma
expulsão – algo que já virou rotina na equipe paulista. No ataque, Jones
Carioca fez o que pôde. Da direita para a esquerda, depois para o meio,
ele foi o mais lúcido entre os baianos. Apesar do esboço de pressão, o
goleiro Bruno teve pouco trabalho.
O controle do jogo era do time da casa, que não tinha alguém capaz de
definir a jogada. Um estilo parecido com o de Barcos, que discutiu com
Titi, reclamou da falta de bolas recebidas, mas mesmo assim resolveu.
Bastou um lançamento longo de Bruno e um passe “quebrado” de Betinho.
Aos 19 minutos, o Pirata recebeu pela esquerda, passou o pé por cima da
bola e cruzou de canhota, na cabeça de Betinho: 1 a 0 Palmeiras. Os
torcedores do Bahia se calaram por alguns minutos. Já valeu a viagem do
Pirata.
Não custa lembrar que Betinho é o iluminado atacante que raspou a bola
em sua cabeça para dar o título da Copa do Brasil ao Palmeiras. O gol
dele desestabilizou o Bahia, que passou a pressionar e jogar só no campo
de ataque, mas sem a decisão do último passe. O Tricolor foi
prejudicado pelo mesmo nervosismo que acabou com o Verdão nos últimos
jogos. Não houve um chute na direção do gol. Mesmo recuado demais, o
time de Gilson Kleina conseguiu segurar o rival no primeiro tempo.
Nervosismo muda de lado
A morosidade de Zé Roberto foi substituída pela alta velocidade de
Lulinha, que entrou para tentar incendiar o Bahia no segundo tempo. O
primeiro ato foi o óbvio: levantou os braços e chamou a torcida para o
jogo, depois de ela ter vaiado do Tricolor na saída para o intervalo.
Pituaçu tinha de se tornar um caldeirão para os donos da casa empatarem o
jogo.
De novo, o nervosismo atrapalhou. Lulinha até entrou bem, dando
dinâmica ao time e forçando as jogadas pelas laterais. O ponto fraco da
defesa alviverde era pela esquerda, com Leandro, ainda sem o ritmo de
jogo ideal. Mas foi impressionante a quantidade de erros do Bahia, até
nos passes mais simples. Sem conseguir se encontrar em campo, o time da
casa passou a criticar qualquer marcação do árbitro Leandro Vuaden.
A impaciência passou para as arquibancadas. A torcida, que sempre joga
junto, começou a vaiar. Em campo, Cláudio Pitbull entrou para melhorar o
ataque e já irritou os tricolores logo no primeiro passe errado – mas
quase empatou em cobrança de falta, com bela defesa de Bruno. Na defesa,
Titi quase fez um gol contra em lance fácil, sem ninguém perto dele.
No fim, o Palmeiras ainda reclamou de um suposto pênalti de Diones, que
atingiu a bola com a mão dentro da área. O mais importante para os
alviverdes, porém, foi que o time conseguiu controlar o jogo com uma
tranquilidade que não mostrava há algum tempo. A fuga do rebaixamento
ainda é uma missão difícil, mas o Bahia já passa a ser visto mais de
perto.
==> Fonte: Globoesporte
==> Foto: Cesar Greco / Agência Estado
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