Assunção brilha, Wilson falha, e Verdão vence 'final' contra o Figueira

Quando o goleiro Wilson colocar a cabeça no travesseiro, vai demorar para pegar no sono. Na cabeça, só Marcos Assunção. O volante do Palmeiras infernizou a vida do rival e foi o grande responsável pela vitória alviverde por 3 a 1 sobre o Figueirense, neste sábado, no Orlando Scarpelli. Em uma “final” que valia um pouco de alívio na luta contra o rebaixamento, o Verdão teve um início arrasador e contou com seu capitão para vencer sua segunda partida fora de casa no Campeonato Brasileiro. O jogo marcou a boa estreia do técnico Gilson Kleina no comando da equipe paulista.

Assunção deu assistências para os dois primeiros gols, de Thiago Heleno e Henrique, marcou o terceiro e ainda teve um anulado por causa de Valdivia. Nos três que valeram, Wilson saiu mal de sua meta e falhou. Cabisbaixo, o goleiro deixou o gramado e ouviu vaias da torcida do Figueirense. Com o capitão do Palmeiras foi bem diferente: só aplausos e gritos da torcida. Frente a frente, goleiro e volante foram os protagonistas da partida.

A vitória faz o Verdão chegar a 23 pontos e subir para o 18º lugar, ultrapassando o próprio Figueirense, que caiu para a 19ª posição, com 22. Se o Flamengo perder para o Atlético-GO neste domingo, a distância do Palmeiras para o primeiro fora da zona da degola cairá para cinco pontos.

As duas equipes voltam a campo no próximo sábado. O Figueirense visita o Vasco às 18h30 (de Brasília), em São Januário, enquanto o Palmeiras recebe a Ponte Preta às 21h, no Pacaembu.

Final só para um lado

O clima era de final, de desespero, mas parece que só o Palmeiras se mobilizou para o jogo. De mãos dadas, o time entrou no gramado do Orlando Scarpelli sob vaias, mas com uma missão bem clara na cabeça: fazer logo o primeiro gol e evitar a ansiedade característica de uma equipe que luta contra o rebaixamento. O estreante Gilson Kleina cumpriu sua promessa e começou a arrumar o time de trás para frente, com uma defesa reforçada.

A tática deu certo antes do esperado, de forma avassaladora, na principal jogada mostrada pelo Verdão durante toda a temporada: a bola parada de Marcos Assunção. Recuperado de uma cirurgia no joelho direito, o capitão fez jus ao sobrenome, assumindo a responsabilidade e levando o Palmeiras para cima. Aos sete e aos nove minutos, duas assistências dele (a segunda numa bela trivela de pé esquerdo), dois desvios, de Thiago Heleno e Henrique, e duas falhas do goleiro Wilson: 2 a 0 para o Verdão com menos de dez minutos de partida.

No banco, Gilson Kleina, o ex-interino Narciso e seus auxiliares pareciam não acreditar. Comemoraram os dois gols como se dessem um título ao clube. E poderia ser mais, se o árbitro Wilton Pereira Sampaio não tivesse anulado um golaço de falta de Assunção - Valdivia, em posição de impedimento, ficou pulando sozinho atrás da barreira, dentro da área, atrapalhando a visão do goleiro Wilson, apesar dos pedidos do capitão do Palmeiras para que saísse de onde estava. A torcida alviverde no Orlando Scarpelli fez a festa, apesar das faixas em protesto à gestão do presidente Arnaldo Tirone.

Em desvantagem, o Figueira viveu um dia de Palmeiras, bastante nervoso, errando passes fáceis e irritando sua torcida. Mesmo com tudo isso, o time de Márcio Goiano conseguiu levar perigo ao gol de Bruno. Depois do apagão inicial, o time catarinense teve as melhores chances, incluindo uma bola no travessão chutada por Elsinho. Em tempos de crise, a bola chutada na trave foi comemorada como um gol pelo Palmeiras, que já se acostumava a não ter a sorte do seu lado. No clássico contra o Corinthians, uma bola de Romarinho também bateu no poste, mas entrou.

Figueira reage, mas Assunção brilha

O Figueirense começou a jogar melhor no segundo tempo, e só porque Márcio Goiano sacou o volante Túlio e lançou Julio César no ataque. Destaque do time no Brasileirão do ano passado, o centroavante anda mais discreto na atual temporada, mas ainda é certeza de perigo para as defesas adversárias. No primeiro lance, ele não alcançou uma bola cruzada por Aloísio, por questão de centímetros. Mas já animou a torcida no Scarpelli.

O problema da equipe da casa era que as tentativas sempre acabavam em Julio César, como se os outros não conseguissem fazer boas jogadas. Quando Caio e Aloísio apareceram, a situação melhorou para o Figueirense. O primeiro quase diminuiu o prejuízo em bola chutada de longe e desviada pelo segundo. Aos 19 minutos, a dobradinha funcionou. Após jogada de Caio, Aloísio pegou o rebote de Bruno e devolveu a esperança ao time da casa: 2 a 1.

A torcida, enfim, esquentou. Mas não deu tempo nem de sonhar com o empate, já que os dois personagens do jogo se encontrariam mais uma vez. Iluminado, Marcos Assunção inverteu papéis com Barcos e apareceu dentro da área. Aos 22 minutos, Wilson deu um soco fraco para cortar um cruzamento, e a bola caiu no pé do capitão alviverde. Ele empurrou para as redes não só a bola, mas também as frustrações e a falta de confiança de rodadas anteriores.

O Verdão foi outro time com a vantagem, bem mais tranquilo. Até o garoto João Denoni entrou bem e fez muito mais do que Correa e Márcio Araújo juntos. Na torcida do Figueira, a esperança se esvaiu. As falhas do ídolo Wilson não foram perdoadas, e um dos maiores símbolos desse time saiu de campo vaiado. Enquanto isso, o Palmeiras de Gilson Kleina dá um passo, ainda que pequeno, para se salvar.

==> Fonte: Globoesporte

==> Foto: Rubens Flores / Agência Estado

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