“Filosofia do Rock – Ano II”

O cantor e compositor Wander Wildner, ex-vocalista da banda punk gaúcha Os Replicantes, que marcou a cena nacional do punk rock dos anos 80, é o convidado deste bate-papo. O encontro para pensar a música dos Sex Pistols e a filosofia a golpes de martelo de Nietzsche tem mediação da filósofa Márcia Tiburi, também curadora desta série sobre rock e filosofia apresentada pelo CCBB Brasília.

O Sex Pistols, formado em Londres em 1975 e com uma carreira que durou pouco mais de dois anos, criou controvérsias que tomaram de assalto a Grã-Bretanha, como no "God Save the Queen", ao atacavar o conformismo social e a subsmissão à Coroa. O single Anarchy In The Uk, de 1976, levou a banda ao sucesso e rapidamente foi adotada como símbolo da insatisfação social e crítica ao regime. Em um programa de tevê, Johnny Rotten, vocalista, soltou um sonoro "fuck you", ao vivo, o alavancou as vendas e logo foram demitidos pela conservadora EMI. Depois da EMI, ainda passaram pela A&M, que não teve fôlego para segurar o comprometimento com uma banda e um movimento tão controverso e perigoso, e terminaram a carreira pela Virgin.


Segundo Nietzsche, o indivíduo deve livrar-se da camisa-de-força social para tornar-se um indivíduo soberano, que age segundo sua natureza e sem reprimir princípios fisiológicos. Este soberano conquista a liberdade mediante o esquecimento de conceitos morais, fundando assim uma ética. Nietzsche inaugura uma nova dimensão da existência, definida por ele como imoral. Essa existência torna-se sinônimo de uma existência autêntica.


Contra tudo e contra todos, e, sobretudo, contra o poder e sua persona, Sex Pistols é a banda com a carreira mais curta e mais inesquecível na história do rock. Nietzsche, filósofo da provocação, da filosofia a golpes de martelo, poderia ter tocado com o grupo punk.

Sex Pistols, Nietzsche, Música e Filosofia a Golpes de Martelo

Local: Teatro I do CCBB Brasília (SCES Trecho 2, lote 22).

Data: quarta-feira, 4 de julho de 2012.

Horário: Das 20h às 22h.

Ingressos: Entrada gratuita, mediante retirada de senha, distribuída uma hora antes do início do evento.

Informações: (61) 3108.7600.

Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 10 anos.

Programação da série:

‘Madonna e Os Paradoxos do Pós-Feminino’ é tema da discussão do dia 22 de agosto, que conta com a presença de Carol Teixeira, escritora, filósofa, compositora e vocalista do Brollies & Apples. Madonna tornou-se uma artista pop, mas sua origem está no rock. Mais precisamente no punk rock que ela entendeu como uma saída da norma, um modo de se desencaixar do sistema. Afinal, Madonna conseguiu ou não contribuir para a evolução da emancipação feminina?

No dia 26 de setembro, Thedy Côrrea, da Banda Nenhum de Nós, volta a participar do projeto, em ‘Rock, Filosofia, Indústria Cultural e Juventude’. O nascimento do rock está ligado ao avanço das tecnologias sonoras, à questão da gravação e da reprodução técnica, mas também da indústria cultural. Música da juventude, mas não simplesmente de pessoas de pouca idade, o rock é a configuração performática de um estilo de vida que envolve um modo de vestir-se, de comportar-se, de ser e de pensar.

A programação avança para o dia 24 de outubro, com o filósofo, sociólogo, psicanalista e escritor Daniel Lins à frente do debate ‘Para Uma Metafísica do Rock: Bob Dylan e Gilles Deleuze’. A canção elevada à suporte para a poesia moderna de Bob Dylan encontra a filosofia do desejo de Gilles Deleuze. Enquanto Deleuze afirma sua filosofia como “criação de conceitos”, Dylan assume-se como “ladrão de pensamento” ou “ladrão de almas”.

Encerrando esta edição do projeto, no dia 21 de novembro, Elisa Gargiulo provoca a todos com o tema ‘O Segundo Sexo de Simone de Beauvoir e a história do Rock’. As mulheres não participam da história política, da arte ou da história do conhecimento senão como sujeitos esquecidos ou dominados em um cenário patriarcal. A história do rock participa dessa história. Ao mesmo tempo, o nascimento do rock é contemporâneo da intensificação do feminismo na segunda metade do século XX a partir da reflexão de Simone de Beauvoir. A ausência e a chegada das mulheres ao rock e do rock às mulheres é uma questão tensa. Embora autorizadas pela contracultura, as mulheres raramente ocuparam o espaço de expressão musical popular que foi o rock. As bandas de mulheres da virada do século nos fazem questionar os motivos desta presença quase rara.

==> Foto: Fernanda Chemale

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