Quem mais sofreu durante a partida, disparado, foi Ronaldinho Gaúcho, que irritou o público em lances de efeito - e pouco produtivos. Foi vaiado quando tinha a posse de bola e ouviu o coro "Ei, Ronaldinho, vai..." apesar da atuação razoável, acima das de alguns companheiros, como Deivid e Negueba, responsável por algumas chances perdidas. Na saída de campo, o camisa 10 comentou a reação pouco favorável:
- É uma motivação a mais para eu correr dobrado, dar a volta por cima. Minha carreira sempre foi assim - rebateu R10.
Com todas as equipes do Grupo 2 com duas partidas disputadas, o Fla soma quatro pontos, um a mais do que Olimpia-PAR e o próprio Emelec. O Lanús-ARG tem só um ponto. Na próxima quinta-feira, os cariocas recebem os paraguaios no Engenhão, às 22h. Dois dias antes, os argentinos jogam em casa contra os equatorianos.
Equilíbrio e jogo frenético
Os pupilos de Joel Santana entraram em campo com a missão de driblar as baixas do goleiro Felipe, dos volantes Airton e Willians e do meia Renato, lembrado na entrada em campo, com uma camisa com os dizeres "Estamos com você", em referência ao afastamento provisório do jogador de treinos e partidas por conta de uma arritmia cardíaca.
Com muitas mudanças no meio-campo, que também não contou com os reservas Maldonado e Camacho (lesionados), o time tentou se impor, mas teve dificuldades desde o início diante da postura do Emelec, que se armou para sair nos contra-ataques, especialmente nas costas de Léo Moura. O esquema com três zagueiros, improvisado para suprir as ausências, fez os rubro-negros demorarem a se acertar na compactação entre os setores. Os espaços facilitavam a chegada dos ariscos Valencia, Mondaini e Figueroa.
O cartão de visitas dos equatorianos foi entregue logo aos três minutos. Lançado no mano a mano com Welinton, Figueroa chutou para a defesa com o pé do goleiro Paulo Victor. No rebote, Marlon de Jesús desperdiçou. Além do susto, o então líder do Grupo 2 não inventava no toque de bola. De pé em pé, aproximou-se até de dividir a posse de bola com o mandante, equilibrando as ações com muita disciplina tática.
Mais na base da vontade do que da organização, o Fla criava suas chances apoiado na velocidade e sempre pelo lado direito, com Léo Moura, Bottinelli e Ronaldinho. Por duas vezes, pelo menos um sobrou em boas condições de finalizar, mas a pontaria não estava afiada. Ainda assim, Love sentia a falta de alguém para tabelar e ficou apagado. Tanto que nenhum chute foi desferido de dentro da área no primeiro tempo. Já R10, de falta, esteve perto de inaugurar o placar.
O terço final da etapa teve uma queda de ritmo, com mais faltas e catimba. Uma baixa importante, aliás, fez com que Joel Santana precisasse mexer: Léo Moura sentiu lesão muscular na coxa direita e, aos 30 minutos, foi substituído por Negueba, que ocuparia, portanto, a ala direita com obrigações um pouco defensivas. A torcida, ressabiada, vaiou a decisão. Logo depois, o zagueirão Jose Quiñonez também saiu de cena, com problema parecido.
Quando tudo caminhava para um intervalo de pura apreensão, o atacante Marlon de Jesús deu uma cotovelada em Welinton no círculo central e foi expulso, já nos acréscimos. A vantagem numérica incendiou a torcida e trouxe um fôlego maior para superar o bloqueio estrangeiro nos 45 minutos finais. Na volta, o Emelec veio com um atacante no lugar de um meia, e o Fla, com Deivid no de Welinton. Indicação de pressão no Engenhão.
Gol, ofensividade e... vaias?
Não deu outra. Empurrado pelos gritos da arquibancada, o time rubro-negro partiu para cima e, em ágil tabela com Ronaldinho Gaúcho, Vagner Love teve sua primeira chance clara na partida e não perdoou: chute certeiro de pé esquerdo no canto cruzado do goleiro, aos três minutos. Pouco depois, aproveitando a desestruturação do rival, o Rubro-Negro não deixou barato e quase ampliou. Com uma avenida à frente, Deivid arriscou uma bomba, Dreer falhou ao espalmar para frente, e Negueba chutou por cima, se atrapalhando com Love.
O Emelec sentiu o golpe e só foi se recuperar após os 15 minutos, quando teve a coragem de adiantar sua marcação, complicando novamente a saída de bola do Fla. Aos 22, como prova de que a paciência não é uma virtude da sua relação com a torcida, R10 tentou um lance de futevôlei, estragou um cruzamento e passou a ser muito vaiado.
A instabilidade dos cariocas equilibrou o duelo outra vez, apesar do jogador a mais. Com medo de ser surpreendido, Joel era a imagem do nervosismo e chegou a esbravejar que "não aguentava mais". Ainda assim, eram seus comandados que chegavam com mais efetividade. Negueba e David Braz, em bolas de Junior Cesar, erravam o alvo, de cabeça.
O jogo ficou nervoso nos minutos finais, já bem fraco tecnicamente, com erros de lado a lado, exibindo o cansaço dos times. Até o fim, os equatorianos não chegaram a pressionar: um chute de Gaibor foi o único momento de silêncio congelante no Engenhão. Negueba também perdeu mais uma, de forma incrível, ao driblar o goleiro e ver sua conclusão parar no zagueiro, aos 44, confirmando sua noite de Deivid. Quando o soou o apito, alívio e... vaias, muitas vaias.
==> Fonte: Globoesporte
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