Com 7.856 km de percurso, sendo 5.097 de trechos cronometrados e
2.759 de deslocamentos, o Rally Dakar 2020 será pela primeira vez
disputado inteiramente no território da Arábia Saudita. Tendo o maior
deserto do mundo como pano de fundo, a prova terá nada menos que 65% de
seu percurso em piso de areia – boa parte em regiões de dunas com mais
de 200 metros de altura. Competindo pela equipe Monster Energy/Can-Am, a
dupla brasileira Reinaldo Varela e Gustavo Gugelmin disputará a
categoria UTV e tentará o bicampeonato do Dakar, que terá largada no
próximo dia 5 de janeiro. Abaixo, eles analisam os doze dias da mais
difícil competição off-road do planeta:
1ª etapa, 05/01, Jeddah até Al Wajh
319km de especiais, 752km de percurso total. O trecho mescla várias
características do Dakar, mas tudo compactado já no primeiro dia de
corrida.
Varela: “Logo de cara teremos um dia marcado pelo perigo das
dunas, mas com trechos repletos de rochas, muito sinuosos. Pode-se
perder o rally já ali”.
2ª etapa, 06/01, Al Wajh até Neom
367km de especiais, total de 401km. Trecho formado por trilhas velozes, mas com referências que nem sempre são confiáveis.
Gugelmin: “A navegação será difícil justamente por que haver
locais com muitas trilhas se cruzando, que nem sempre poderão ser a
referência correta. Será um dia de navegação muito manhosa, que exigirá
experiência e raciocínio ágil em várias situações”.
3ª etapa, 07/01, Neom
404km de especiais, 489km no total. O percurso chegará à fronteira
com a Jordânia, cruzando uma série de cânions e montanhas, atingindo a
maior altitude da prova (1.400m).
Varela: “Um dia para ficar atento: todo o trajeto deve ser em
piso de areia, com várias descidas, subidas e até despenhadeiros. A
mudança de altitude pode afetar o rendimento do motor e talvez alguns
pilotos e navegadores, por causa do cansaço físico”.
4ª etapa, 08/01, Neom até Al Ula
453km de especiais, total de 676km. Uma mescla equilibrada entre
trechos de piso arenoso e trilhas cobertas por cascalho e grandes
pedras.
Gugelmin: “Este dia promete ser veloz, segundo a nossa equipe.
Nos recomendaram cuidado na navegação por que será fácil se perder nessa
paisagem onde tudo é muito parecido”.
5ª etapa, 09/01, Al Ula até Ha’il
353km de especiais, total de 563km. Pedras gigantes servirão de
referência para os navegadores, exigindo também menos técnica neste
quesito.
Varela: “Aqui as dunas são enormes, atingindo mais de 200 metros
de altura. As maiores chegam a 250 metros. A descida delas é muito veloz
e um acidente ali pode acabar com sua corrida. Um dia traiçoeiro para
os pilotos novatos”.
6ª etapa, 10/01 – Ha’il até Riyadh (Riad)
478km de especiais, 830km no total. Pela primeira vez a especial será
100% disputadas na areia do deserto – e totalmente em condição
off-road.
Gugelmin: “A paisagem totalmente homogênea de um território
formado só por dunas pode ser um pesadelo quando você precisa achar o
seu caminho para casa. A navegação vai ser decisiva. E a habilidade do
piloto nas subidas de duna vai salvar ou acabar com o dia”.
Descanso, 11/01
Equipes estacionadas em Riyadh. A capital da Arábia Saudita é uma megalópole com mais de seis milhões de habitantes.
7ª etapa, 12/01, Riyadh até Wadi Al-Dawasir
546km de especiais, 741km no total. É a maior especial do Dakar e
também uma das mais variadas. Possui trecho com grandes dunas e outros
mais cansativos com as contínuas mudanças de direção das pequenas dunas.
Varela: “Muda o tamanho, mas é sempre areia. Há muitas mudanças
de direção e encruzilhadas. Mas a tônica será: seja rápido sem ser
descuidado ou ingênuo. O risco estará sempre presente”.
8ª etapa, 13/01, Wadi Al-Dawasir
474km de especiais, 713km no total. Em direção ao sul, o rally cruzará cânions e montanhas em alta velocidade.
Gugelmin: “Teremos uma reta de 40km de pé embaixo onde o
navegador será praticamente um passageiro. Mas a diversão vai passar
logo, por que piloto e navegador precisarão de concentração máxima em um
trecho de dunas, perigoso e sempre cansativo”.
9ª etapa, 14/01, Wadi Al-Dawasir até Haradh
415km de especiais, 891km no total. Pouca areia e piso bastante sólido durante todo este dia, o mais longo de todo o rally.
Varela: “Com um piso menos instável, a pilotagem deve ser mais
precisa e com menos erros. Aqui alguns acharão que estão em uma condição
mais controlável. Eu discordo: justamente por igualar um pouco a
pilotagem, qualquer erro fará ainda mais diferença a favor dos
adversários. A recomendação da equipe foi simples: não erre”.
10ª etapa, 15/01, Haradh até Shubayatah
534km de especiais, total de 608km. A etapa maratona acontece no
temido Rub'al-Khali e levará os competidores direto ao coração do
deserto, com grandes extensões de areia, dunas e nada mais. As equipes
não poderão ajudar duplas em dificuldade.
Gugelmin: “Este é o maior deserto do mundo. Mas a pior parte está
nos últimos 30 quilômetros. Lá só existem areia e dunas, justamente no
momento em que a luz do dia estará se acabando. Você pode se perder ali
por horas a fio - ou até mais. Não é algo bacana de se pensar”.
11ª etapa, 16/01, Shubayatah até Haradh
379km de especiais, 744km no total. Logo no início, talvez um dos
piores desafios do Dakar 2020: 80km formados pelas mais altas e
inóspitas dunas da Arábia Saudita.
Varela: “Pode parecer que é mais do mesmo – dunas – mas cada
trecho tem uma conformação distinta em função de condições geográficas
como proximidade do vento marinho e tipo de areia. O trecho inicial
certamente vai ‘moer’ muita gente e acabar com a concentração pelo
cansaço. Por isso, no Dakar, preparação é tudo”.
12ª etapa, 17/01, Haradh até Qiddiya
374km de especiais, 447km no total. Mescla de trilhas de areia e cascalho, com rochas pelo caminho.
Gugelmin: “Acho que o maior adversário neste ponto da prova será o
cansaço. Pode apostar que ele vai decidir muita coisa neste Dakar –
como já vez em tantos outros ao longo da história”.
==> Foto: Divulgação
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