Maior evento dedicado às letras na região central do Brasil, a BIENAL
BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA chega à quarta edição em 2018. Entre 18 e 26 de
agosto, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, vai acolher
mesas de debates, lançamentos de livros, encontros com escritores,
apresentações artísticas, homenagens e uma grande diversidade de estandes de
editoras e livrarias, apresentando lançamentos e títulos inéditos. O evento trará
pela primeira vez ao Brasil autores como o premiado nigeriano Chigozie Obioma –
do romance “Os Pescadores”, elogiado
pela crítica literária como sendo “’O
Caçador de Pipas’ africano” – e propor reflexões aprofundadas sobre o tema
‘Os outros somos nós”, que faz um convite a mergulhar nas experiências alheias
para sentir suas dores e desejos. A 4ª BIENAL BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA é
uma realização da InterCult – Gestão e Produção Cultural, com direção geral de
Suzzy Souza e curadoria dos jornalistas e escritores Sergio Leo e José Rezende
Jr e da tradutora Lídia Luther.
Ao longo de nove dias, encontros e debates reunindo autores
brasileiros de grande destaque na contemporaneidade e nomes relevantes da
literatura internacional prometem discorrer sobre temas como as questões
identitárias no século XXI - dando voz a escritas consideradas de minorias,
como a literatura negra, feminina, de periferia, temática LGBT, indígena etc -,
a literatura nascida na internet, tradução e criação, estilos literários,
fertilização/contaminação de gêneros e linguagens, vozes da África e da América
Latina, vozes de migrantes, o passado como tema, o futuro das revistas
literárias e muito mais. Um passeio pelos temas mais pungentes da cultura
contemporânea no Brasil e no mundo.
A curadoria da 4ª BIENAL BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA foi buscar
inspiração no escritor Umberto Eco, para quem as redes sociais promoveram “o
idiota da aldeia a portador da verdade”. Segundo Sergio Leo, o mal-estar da
cultura contemporânea é geral: muitos falam e poucos entendem, as mudanças
tecnológicas abalam certezas, mercados de trabalho e zonas de conforto, a
desigualdade é crescente e o futuro é incerto. Mas, como diz o próprio Umberto
Eco, há esperança: “o livro ainda é o meio ideal para aprender”, dizia o
escritor italiano. “No fragmentado panorama da sociedade atual, os livros ainda
nos permitem mergulhar na experiência alheia. A boa literatura nos permite
descobrir a humanidade nos monstros e a monstruosidade nos heróis, ter empatia
com o diferente e estranheza com o familiar. É ela que nos permite constatar,
às vezes com espanto, que “os outros” somos nós”, diz o curador. É esta
experiência que a BIENAL quer propiciar – o poder do encontro e da compreensão.
Para começar, a grande homenageada do evento será uma mulher que tem
dedicado sua vida a derrotar preconceitos, tornando-se uma educadora
reconhecida no Brasil e no exterior. A brasiliense Gina Vieira Ponte é criadora
do premiado projeto “Mulheres
Inspiradoras”, que incentiva a leitura de grandes autoras da literatura mundial
e brasileira e instiga as crianças e adolescentes a contarem a própria
história. A professora Gina fará a palestra de abertura da 4ª BIENAL BRASIL DO
LIVRO E DA LEITURA, no dia 18, às 19h.
Além das mesas e encontros com escritores,
lançamentos e espaços especiais como Espaço HQ e Espaço Z, a BIENAL BRASIL DO
LIVRO E DA LEITURA reserva uma série de atividades artísticas e culturais para
o público infantil e infanto-juvenil, como apresentações teatrais, exibições de
filmes, contação de histórias e muito mais. Também será oferecido o Cine NOW,
com uma programação cinematográfica composta de títulos que dialogam com a
literatura (como “Tungstênio”, do
quadrinista Marcello Quintanilha, e “Minha
Amiga do Parque”, com roteiro da escritora Inés Bortagaray), shows musicais
em pequeno e grande formado, seminários de Educação e Serviço Social, Café
Literário, Mercado Literário (com a participação de mais de 60 expositores),
Oferta de Vale Livro (para professores da rede pública de ensino adquirem obras
de sua escolha), campanha Inspire os Outros (voltada para ações visando a
sustentabilidade), dentre várias outras iniciativas.
4ª
BIENAL BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA é um projeto realizado com recursos da Lei
Rouanet e da Lei de Incentivo a Cultura do Distrito Federal, com a realização
da Intercult e do Instituto Levanta Brasil, com co-realização da Secretaria de
Turismo, Esporte e Lazer. Conta com patrocínio da Net, Taesa, Leonardo da
Vinci, apoio da Secretaria de Educação e apoio cultural da Rede Globo.
HOMENAGEADA
GINA VIEIRA PONTE
Uma grande mulher que derrotou preconceitos de toda
ordem e tornou-se uma educadora reconhecida, no país e no exterior, por sua
militância exitosa a favor de uma educação inclusiva e transformadora. Gina
Vieira Ponte será a homenageada da 4ª BIENAL pela obra dedicada a dar voz aos
silenciados e a contestar o modelo tradicional da escola. Negra, pobre e filha
de trabalhadores que, apesar de analfabetos, sempre mostraram grande carinho
pela educação e pela busca de saber, a professora de Português criou um projeto
para ampliar o conhecimento dos alunos da rede pública do Distrito Federal sobre
o papel e a força da mulher na sociedade.
O projeto começou na sala de aula e enraizou-se na
comunidade, resgatando a autoestima e a valorização das mulheres no entorno da
vida cotidiana dos alunos, num contexto de carências sociais e pobreza. Depois
de quase desistir da profissão em meio à rebeldia de estudantes e a um sistema
falho de ensino, Gina descobriu nas redes sociais dos alunos os exemplos de
machismo e estereótipos a combater. Assim nasceu o premiado projeto “Mulheres
Inspiradoras”, que incentiva a leitura de grandes autoras da literatura mundial
e brasileira e instiga as crianças e adolescentes a contarem as histórias de
parentes e pessoas conhecidas. Essa didática que prestigia o lugar de fala
criou métodos para atingir adolescentes, compartilhou experiências e subsidiou
trabalhos sobre a violência contra a mulher e sobre os direitos das crianças e
jovens.
Professora efetiva da Secretaria de Estado de
Educação do Distrito Federal desde 1991, Gina chegou à segunda série do Ensino
Fundamental sem saber ler. Tentava manter-se invisível para fugir do racismo. A
atitude de uma professora, ao pegá-la no colo, ajuda-la a superar suas
deficiências e mostrar a possibilidade de ser estimulada e acolhida, mudou a
história de vida da brasiliense. Ao instigar nos alunos o pensamento crítico e
o aprendizado para se relacionar, sua metodologia tenta virar a página de um
modelo de educação fincado em obediência e subordinação. A ideia acabou
ganhando doze prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Ibero-americano
de Educação em Direitos Humanos e o Prêmio Professores do Brasil, concedido
pelo Ministério da Educação. Com apoio da Organização de Estados
Ibero-americanos, Gina comanda um programa para que o “Mulheres Inspiradoras”
se consolide como política pública em todas as escolas da rede pública do DF.
Além de estar fazendo um mestrado, ela também tenta implantar essa política em
outras escolas e no sistema prisional. Já proferiu mais de 100 palestras,
inclusive na Universidade Autônoma do México.
MESAS E TEMAS DE DEBATES
O RACISMO NA CULTURA – Como enfrentar o
racismo que pesa até hoje sobre a cultura e como entender a influência que ele
ainda exerce sobre o acesso aos bens culturais e valorização da produção
cultural? Esse é o tema do debate entre o pesquisador Jessé Souza e a escritora
Miriam Alves, pioneira na militância pela maior visibilidade da literatura
negra no país.
ÁFRICA E MUITAS ÁFRICAS – O premiado escritor
africano Chigozie Obioma fala sobre seus romances “Os Pescadores” e “An
Orchestra of Minorities” (a ser lançado em janeiro; sem previsão da
tradução para o português) e traz reflexões sobre o sucesso de seu livro
retratando sua Nigéria natal, um país de forte cultura urbana e também vítima
de mazelas históricas comuns a muitas ex-colônias africanas, como a corrupção e
as rivalidades étnicas. Obioma revelará sua experiência em falar a um público
amplo que desconhece a variedade e a complexidade das culturas que se costumam
mencionar sob o abrangente e superficial rótulo de "literatura
africana".
A VOZ “FEMININA” – Ana Paula Maia e
Micheliny Verunschk, ambas com trabalho consistente e elogiado pela crítica,
fogem ao estereótipo do que seria uma literatura “feminina” e trazem para a
literatura brasileira formas inventivas de escrita em que a violência é um
traço presente.
SEXUALIDADE EM QUESTÃO NA
LITERATURA
- João Silvério Trevisan, Alexandre Vidal Porto e Tatiana Nascimento, escritores
de gerações distintas, falam sobre suas obras, sobre o uso da sexualidade como
matéria-prima da escrita e sobre o que significa ter a homossexualidade como
universo literário.
O DESAFIO DAS REVISTAS
LITERÁRIAS
– Os editores Schneider Carpeggiani, Tiago Ferro e Mirna Queiroz vão contar sua
experiência, compartilhar suas impressões sobre a busca de publicação de textos
literários em ambiente virtual e falar sobre o momento atual da literatura
brasileira.
TRADUTOR, AUTOR – Os encontros entre o
trabalho do autor e do tradutor. Ou como a tradução é também um trabalho
literário complexo e delicado. Jorio Dauster (tradutor de “Lolita”, “Apanhador no Campo
de Centeio” e “Lincoln no Limbo”)
e a australiana Alison Entrekin, tradutora de Cristovam Tezza, Chico Buarque e Guimarães
Rosa, falarão das escolhas que fizeram em trechos desafiadores para a tradução.
DA INTERNET À PÁGINA
ESCRITA
– Duas escritoras, uma britânica e outra brasileira, Alice Oseman e Clara
Averbuck falam de como começaram a produzir literatura nas redes e, desta,
ganharam as livrarias. O que diferencia esse tipo de literatura? Como o mundo
literário as recebe?
O ÍNDIO NA LITERATURA – O escritor Daniel
Munduruku falará de sua experiência na escrita, com mais de 30 livros publicados,
e comentará sobre a literatura produzida a partir da perspectiva indígena. E Marco
Cremasco fala sobre seu novo romance, “Guayrá”,
e sobre como a cultura indígena inspirou e foi trabalhada por um escritor
urbano e branco.
TENSÃO LITERÁRIA – Duas escritoras
sul-americanas, Inés Bortagaray e Lina Meruane falam de obras recentes, em que
a tensão é um elemento dominante. A uruguaia Inés Bortagaray é roteirista do
filme recém-lançado “Minha Amiga do
Parque”; a chilena Lina Meruane, lançou há dois anos no Brasil “Sangue nos Olhos”.
O PASSADO LITERÁRIO – Dois escritores de
destaque saídos de países do Cone Sul. A grande revelação argentina recente, Patricio
Pron, e um dos escritores colombianos mais aclamados mundialmente, Juan Gabriel
Vásquez, vão falar de como a história recente do continente inspirou sua
literatura. O argentino Pron está lançando no Brasil “O Espírito de Meus Pais Continua a Subir na Chuva”, em que memórias
pessoais se misturam com uma reflexão sobre a ditadura argentina. E Vásquez, em
obras como “O Ruído das Coisas ao Cair”
e “Reputações”, usa o passado recente
colombiano como matéria prima, para uma reflexão sobre a Colômbia.
FORA DO SEU QUADRADO – O escritor e crítico
Ronaldo Bressane e o escritor, ator, dramaturgo e quadrinista Lourenço
Mutarelli falarão sobre a fertilização cruzada entre essas duas formas de
literatura, uma delas, os quadrinhos – ou, como preferem alguns, as graphic novels - vista ainda com
desconfiança pelos tradicionalistas.
MALEMOLÊNCIA NA
LITERATURA
– Duas biografias a serem lançadas neste ano tratam de figuras brasileiras de
alcance internacional e enorme brasilidade, que valorizam como poucos a
contribuição negra para a cultura do país. Zeca Camargo lança a biografia de
Elza Soares, da qual antecipará alguns trechos; e a curadora da Flip, Josélia
Aguiar, lança sua esperada biografia de Jorge Amado.
DISTOPIAS FEMININAS – Duas escritoras que se
lançam num universo onde predominam autores homens: a ficção fantástica. Ana
Maria Gonçalves, conhecida pelo portentoso “Um
Defeito de Cor”, lança neste ano “Quem
é Josenildo”, uma narrativa assentada num tempo futuro em que São Paulo
tornou-se independente do resto do Brasil. Aline Valek explorou esse campo e
questiona a ideia de que literatura fantástica deve ser um gueto, apartado da
literatura mais “séria”.
ESCRITORES PESQUISADORES – José Almeida Júnior,
na ficção de seu “Última Hora”, e
Eliana Alves Cruz com seu recém-lançado “O
crime do Cais do Valongo” basearam suas obras em extenso trabalho de
pesquisa, recurso comum a muitos escritores, que, no caso de ambos, alcança uma
força jornalística notável. Ambos falarão desse processo de trabalho.
LITERATURA E MIGRAÇÃO – Luis Ruffato e Maria
Valéria Rezende, escritores essenciais no panorama contemporâneo que puseram o
migrante no foco da escrita, falarão sobre os personagens pouco usuais da
literatura, o operário e o marginalizado nas cidades.
O PASSADO RECENTE,
REDESCOBERTO
– Quatro escritores, três deles jornalistas, Betty Almeida, Eumano Silva e
Rubens Valente, falarão de seus livros tratando de investigações sobre o
passado recente do país, durante a ditadura militar, e discutirão sobre a
necessidade de pesquisar e divulgar aspectos particulares da realidade de um
regime autoritário que foram abafados pela censura da época e, depois, deixados
de lado.
JORNALISMO E HISTÓRIA – Na mesa aparentemente
mais heterogênea da Bienal, o jornalista Pedro Doria, que relança pela Harper
Collins seus livros sobre História do Brasil neste ano, e a escritora Selva Almada,
que lançou no Brasil seu “Meninas Mortas”,
em que trata com ferramentas da ficção fatos reais sobre feminicídios de autoria
nunca desvendada na Argentina, discorrerão sobre seus livros e sobre os
desafios de trazer os fatos ao conhecimento do público com uma linguagem que
busca empatia, além do mero relato jornalístico.
A PALAVRA DA ARTE – Um dos maiores artistas
contemporâneos brasileiros, de grande reconhecimento mundial, Cildo Meireles
senta-se com o pesquisador e curador Diego Matos para conversar sobre estudo e
pesquisa da arte contemporânea e sobre o trabalho envolvido na confecção do
livro “Cildo – Estudos, Espaços, Tempo”, lançado em 2018, por Diego Matos
em parceria com Guilherme Wisnik.
A LITERATURA ORAL DA
PERIFERIA
– Sob o comando do rapper Gog, será debatida a vibrante literatura oral que vem
sendo produzida nas periferias da cidade, sob a forma de desafios do rap.
ESPAÇOS DE ATIVIDADES
ESPAÇO HQ
Um ambiente para a exposição de trabalhos de
novos autores, lançamentos e encontros com profissionais da área, além da
presença de lojas especializadas em quadrinhos e produtos derivados deste
universo. Entre os convidados do Espaço HQ estão alguns dos mais prestigiados
nomes das histórias em quadrinhos brasileiras contemporâneas, como Marcelo
D'Salete (ganhador, neste ano, do prêmio Eisner, da indústria de quadrinhos
norte-americana, considerado o “Oscar” dos quadrinhos), o premiado Marcello
Quintanilha (que conquistou o prêmio de melhor HQ policial no maior festival de
quadrinhos da França), Ricardo Coimbra, Gustavo Machado, Cynthia B., a
quadrinista e animadora Cristina Eiko e Daniel Lopes (da editora e canal Pipoca
& Nanquim). Além de sessões de autógrafos, eles vão participar de
bate-papos com o público sobre suas carreiras, métodos de trabalho, influências
artistas e as infinitas possibilidades – estéticas, conceituais e temáticas.
ESPAÇO Z
Voltado
especialmente para jovens, o Espaço Z se propõe a ser um ambiente que contará
com a presença de blogueiros, youtubers e influenciadores digitais, que têm em
comum a paixão pela literatura. São nomes como o jovem poeta brasiliense João
Doederlein (Akapoeta), o paulista Danilo Leonardi (escritor e youtuber,
idealizador do canal Cabine Literária), Juliana Cirqueira (Nuvem Literária),
Isabella Lubrano (Ler antes de morrer), Pam Gonçalves (Garota It), a
autora catarinense Bel Rodrigues, o escritor paulista Maurício Gomyde, Mateus
Santana (poeta e dançarino goiano), a quadrinista paulista Cris Eiko e Eduardo
Cilto (Perdido nos Livros). Eles vão dividir com o público, em debates,
atividades interativas e sessões de autógrafos, suas impressões e experiências
sobre este novo e instigante momento no qual as plataformas digitais são cada
vez mais utilizadas para compartilhar ideias e conhecimento.
PROGRAMAÇÃO DIÁRIA/MESAS
SÁBADO, 18.08
10h às 12h -
Mesa 1 – O Racismo na Cultura – com
Jessé de Souza e Miriam Alves
11h às 13h –
Mesa 2 – Da Internet à Página Escrita
– com Clara Averbuck e Alice Oseman
14h às 16h –
Mesa 3 – Jornalismo e História – com
Pedro Dória e Selva Almada
19h às 21h –
Homenagem a Gina Vieira Ponte
DOMINGO, 19.08
10h às 12h –
Mesa 4 – Fora do Seu Quadrado – com
Ronaldo Bressane e Lourenço Mutarelli
14h às 16h –
Mesa 5 – O Índio na Literatura – com
Daniel Munduruku e Marco Aurélio Cremasco
16h30 às 18h –
Mesa 6 – Sexualidade em Questão na
Literatura – com João Silvério Trevisan, Alexandre Porto Vidal, Tatiana
Nascimento
19h às 21h –
Mesa 7 – A Palavra da Arte – com
Diego Matos e Cildo Meireles
SEGUNDA, 20.08
19h às 21h –
Mesa 8 – A voz feminina – com Ana
Paula Maia e Micheliny Verunschk
TERÇA, 21.08
19h às 21h –
Mesa 9 – Tradutor, Autor – com Alison
Entrekin e Jorio Dauster
QUARTA, 22.08
19h às 21h –
Mesa 10 – O Desafio das Revistas
Literárias – com Mirna Queiroz, Schneider Carpeggiani e Tiago Ferro
QUINTA, 23.08
15h às 17h – Café Literário - A literatura Oral da Periferia - com Gog e convidados
19h às 21h –
Mesa 11 – Tensão Literária – com Lina
Meruane e Inés Bortagaray
SEXTA, 24.08
19h às 21h –
Mesa 12 – O Passado Literário – com
Patricio Pron e Juan Gabriel Vásquez
SÁBADO, 25.08
14h às 16h –
Mesa 14 – África e muitas Áfricas –
com Chigozie Obioma
16h30 às 18h30
– Mesa 15 – Literatura e Migração –
com Maria Valéria Rezende e Luiz Ruffato
19h às 21h
DOMINGO, 26.08
10h às 12h –
Mesa 16 – Malemolência na literatura
– com Zeca Camargo e Josélia Aguiar
14h às 16h –
Mesa 17 – Distopias femininas – com
Aline Valek e Ana Maria Gonçalves
16h30 às 18h30
– Mesa 18 – O passado recente,
redescoberto – com Rubens Valente, Eumano Silva e Betty Almeida
19h às 21h –
Mesa 19 – Escritores Pesquisadores –
com José Almeida Junior e Eliana Alves Cruz
AUTORAS E AUTORES
ALEXANDRE VIDAL PORTO - Diplomata de carreira,
ativista de direitos humanos e mestre em direito pela Universidade de Harvard,
estreou na literatura com o romance “Matias
na cidade”, publicado pela editora Record, em 2005. Nascido em São Paulo em
1965, o escritor cultiva vasta experiência cultural no mundo: viveu em
Brasília, Nova York, Santiago, Boston, Washington, Cidade do México e Tóquio.
Colunista do jornal Folha de S.Paulo, também escreveu o romance “Sergio Y. vai à América” (Companhia das
Letras, 2014). Morando em São Paulo, trabalha em seu terceiro romance. Foi
blogueiro da revista Bravo! e teve dois contos incluídos na Antologia de Prosa
Contemporânea Brasileira. A estreia em “Matias
na cidade”, tido como uma novela sobre as complexidades do amor, já mostrou
um escritor de domínio engenhoso, angariando críticas positivas de
personalidades da literatura brasileira, como Milton Hatoum e Moacyr Scliar.
Sobre “Sergio Y. vai à América”,
disse o escritor Luiz Ruffato: “Nesta sua segunda investida na ficção, Alexandre
Vidal Porto aprofunda suas especulações sobre a destinação que damos à nossa
vida, mostrando porque é um dos autores essenciais da literatura
contemporânea.”
ALICE OSEMAN - Jovem sensação da ficção para jovens e
adolescentes diante da solidão e dos dilemas existenciais contemporâneos, a
escritora e ilustradora britânica Alice Oseman começou a despontar na cena
literária aos 17 anos. Nascida em 1994 e formada em Letras, a inglesa teve seu
primeiro romance, “Solitaire” (“Um ano solitário”), publicado em 2014,
quando tinha 19 anos. Sua obra de estreia já é comparada a um marco da
literatura sobre as angústias juvenis: é “O
apanhador no campo de centeio” da
era digital, segundo o jornal britânico The Times. Alice também é autora
de “Radio Silence”, de “I was born for this” e da web comic “Heartstopper”. A escritora já foi elogiada e premiada
pelo retrato realista das aflições psicológicas dos adolescentes nos
conturbados e melancólicos dias de hoje. A autora aborda o universo das
descobertas e incertezas, passando pelo uso da internet como espaço de fuga e
pelas tradicionais paixões de escola e dramas familiares. “Solitaire” descreve a vida de uma
adolescente pessimista que, junto a um otimista inacreditável, tenta descobrir
quem está por trás de brincadeiras (sérias) em sua escola. O romance explora
temas como amizade, problemas de saúde mental, transtorno alimentar e
relacionamentos LGBT. Já pressões acadêmicas são centrais no romance “Radio
Silence”, rico em personagens de etnias, gêneros e sexualidades.
ALINE VALEK - Escritora e ilustradora mineira, criada
em Brasília e hoje radicada em São Paulo. Uma das vozes mais relevantes da
internet no Brasil, escreve artigos de opinião, contos e mantém uma newsletter,
o zine “Bobagens Imperdíveis”. Aline
é formada em Publicidade pelo Instituto de Educação Superior de Brasília, mas
atua como escritora independente e tem sido saudada como uma revelação da
literatura contemporânea no País. Editou a coletânea de ficção científica
feminista “Universo Desconstruído” e
lançou de forma independente dois livros de contos: “Hipersonia Crônica” (2014) e “Pequenas
Tiranias” (2015). Em 2016, lançou pela editora Rocco seu primeiro romance,
“As Águas Vivas Não Sabem de Si”.
ALISON
ENTREKIN
– Tradutora australiana, mestre em Criação Literária pela Universidade de Curtin,
está radicada no Brasil há mais de 20 anos, tendo sido responsável pela
tradução de mais de 50 livros, entre ficção e não-ficção. É uma das tradutoras
mais celebradas quando o assunto é tradução de literatura brasileira para o
inglês. É dela a versão para o inglês de “Grande
Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, um desafio para qualquer
tradutor. Já trabalhou ainda sobre obras de Clarice Lispector, Cristóvão Tezza,
Paulo Lins e Chico Buarque.
ANA MARIA GONÇALVES - Escritora mineira, nasceu na pequena
cidade Ibiá e formada em publicidade, tendo atuado na área em São Paulo. Em
2002, cansada da vida na capital paulista e do ritmo das agências de
publicidade, mudou-se para a Ilha de Itaparica, na Bahia, buscando uma vida
mais tranquila. Lá deixou fluir sua verve de escritora, escrevendo seu primeiro
romance, “Ao lado e à margem do que
sentes por mim”. Depois, outra mudança, desta vez para Nova Orleans, nos
Estados Unidos, onde viveu por oito anos e escreveu o monumental romance “Um defeito de cor”, lançado em 2006. O
livro recebeu o Prêmio Casa de Las Américas em 2007 e foi considerado por
Millôr Fernandes como o mais importante da literatura brasileira do século XXI.
Nele está a história de uma menina capturada aos oito anos no Benin e trazida
como escrava para o Brasil. Sua trajetória de luta segue até seu retorno como
mulher livre à terra natal. 89 anos de vida de uma mulher negra no Brasil do
Século XIX. Um dos grandes épicos contemporâneos da escravidão no Brasil, a
obra já teve mais de 15 reedições. A autora é hoje uma importante ativista
anti-racista, usando a internet e as redes sociais para emitir suas opiniões.
Prepara para 2018 o lançamento de seu novo livro.
ANA PAULA
MAIA
– Escritora e roteirista brasileira, nascida em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.
Dona de uma escrita original, suas histórias são violentas, passadas em
ambientes predominantemente masculinos – como carvoarias, matadouros, açougues,
penitenciárias – que poderiam ser de qualquer país e não especificamente do
Brasil. É autora da trilogia “A Saga dos
Brutos”, que inclui os romances “Entre
rinhas de cachorros e porcos abatidos”, “O trabalho sujo dos outros” e “Carvão
animal”. Com um estilo furioso e intrigante, sua linguagem amplifica a
rudeza de seus personagens e vem conquistando prêmios mundo afora, como “A Guerra dos Bastardos” que foi premiado
na Alemanha. Lançou ainda “Assim na Terra
como Embaixo da Terra” e “De Gados e
Homens”.
BETTY ALMEIDA - Doutora em Eletroquímica pelo Institut
National Polytechnique de Grenoble, França, professora aposentada da
Universidade Federal da Paraíba e integrante do Comitê pela Memória, Verdade e
Justiça do Distrito Federal. É autora do livro “Paixão de Honestino”, que recupera a trajetória do líder estudantil
preso, torturado e morto pela ditadura militar em 1973, de quem foi amiga de
infância em Brasília.
CHIGOZIE
OBIOMA
- Ao lado de outros nomes promissores da cena de seu
país no cenário literário internacional, o jovem escritor nigeriano Chigozie
Obioma despontou como fenômeno na literatura mundial recente. Seu primeiro
livro, o celebrado romance “Os
Pescadores”, arrematou diversos prêmios e ganhou posição finalista do Man
Booker Prize, um dos mais importantes da língua inglesa. Nascido na Nigéria em
1986, Obioma estudou literatura no Chipre antes de se tornar professor de
escrita criativa na Universidade de Nebraska-Lincoln, nos Estados Unidos. O
sucesso na estreia literária resultou na tradução para 24 idiomas e em resenhas
positivas em respeitados jornais mundo afora, incluindo o The Guardian e o The
New York Times - que o chamou de herdeiro do poeta nigeriano Chinua Achebe, um
dos autores africanos mais conhecidos do século XX. “Os pescadores” acompanha a família
nigeriana de James Agwu, cuja rotina harmoniosa se esfacela quando, na pescaria
num rio com fama de amaldiçoado, um profeta local prevê que o primogênito será
assassinado por um irmão. Obioma formou seu estilo lendo clássicos ocidentais
como Shakespeare e as tragédias gregas, além dos autores nigerianos que
fundaram a literatura moderna do país, como Chinua Achebe e Amos Tutuola.
Em “Os pescadores”, essas
referências se misturam às histórias tradicionais que ouvia na infância.
CILDO
MEIRELES
– Reconhecido como um dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos,
Cildo participou de todas as principais Bienais do mundo, como Veneza, Paris,
São Paulo, Sidney, Istambul, Liverpool, Medellín, Mercosul e Documenta de
Kassel. Retrospectivas de seu trabalho já ocuparam as prestigiadas salas do The
New Museum of Contemporary Art, em Nova York, da Tate Modern, em Londres
(segundo artista brasileiro; antes dele, só Hélio Oiticica) e Museum of Fine
Arts (Houston). Tomou contato com a arte moderna pela primeira vez em Brasília,
onde viveu nos primeiros anos da cidade. Iniciou seus estudos em arte na
Fundação Cultural do Distrito Federal em 1963, com o artista peruano
Barrenechea. Em 1967, muda-se para o Rio de Janeiro e durante dois meses
frequenta a Escola Nacional de Belas Artes. É um dos fundadores da Unidade
Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Começou a revelar o
caráter político de seu trabalho em obras como “Tiradentes – Totem – monumento ao Preso Político”, de 1970. Assinou
ainda cenários e figurinos para teatro e cinema.
CLARA AVERBUCK (1979) – Escritora
gaúcha, pioneira da blogosfera-BR. Colunista do jornal Zero Hora e da Revista
Fórum, é editora do site ‘Lugar de Mulher’.
Começou a carreira literária postando textos na Internet, em revistas digitais.
Em 2002, lançou sua primeira novela, “Máquina
de pinball”, que no ano seguinte foi adaptada para o teatro por Antônio
Abujamra. Seguiram-se “Das coisas
esquecidas atrás da estante” e “Vida
de gato”. A popularidade de seus escritos chamou a atenção do cineasta
Murilo Salles, que se inspirou em textos da autora para produzir o filme “Nome Próprio”, de 2006/2007. De 2012, é
o projeto “Cidade Grande no Escuro”,
uma coletânea de seus textos publicados em sites, revistas e jornais ao longo
de uma década. E em 2016, publicou “Toureando
o Diabo”, editado de maneira independente, através de campanha de
financiamento coletivo.
DANIEL MUNDURUKU - Nasceu em Belém/PA, filho do
povo indígena Mundurucu. Formado em Filosofia, com licenciatura em História e
Psicologia, tem mestrado em Antropologia Social na Universidade de São Paulo. É
doutor em Educação pela USP e pós-doutor em Literatura pela Universidade
Federal de São Carlos - UFSCar. Diretor presidente do Instituto UKA -
Casa dos Saberes Ancestrais, lecionou durante dez anos e atuou como educador
social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo. Esteve em vários países da
Europa, participando de conferências e ministrando oficinas culturais para
crianças. Autor de “Histórias de índio,
coisas de índio” e “As serpentes que
roubaram a noite”, premiados
com a menção de livro Altamente Recomendável pela FNLIJ. Seu livro “Meu avô
Apolinário” foi escolhido pela UNESCO para receber menção honrosa no Prêmio
Literatura para Crianças e Jovens na Questão da Tolerância. Já lançou mais de
50 livros para crianças, jovens e educadores. É Comendador da Ordem do
Mérito Cultural da Presidência da República desde 2008. Em 2013 recebeu a
mesma honraria na categoria da Grã-Cruz, a mais importante honraria
oficial a um cidadão brasileiro na área da cultura. Entre outras atividades,
participa ativamente de palestras e seminários destacando o papel da cultura
indígena na formação da sociedade brasileira.
DIEGO MATOS – Formado em Arquitetura e
Urbanismo pela Universidade Federal do Ceará (2004), é mestre (2009) e doutor
(2014) pelo programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo (FAU USP), na Área de Concentração "Projeto,
espaço e cultura". Atua como pesquisador, professor e curador nas áreas de
arquitetura e arte contemporânea, com atenção em suas relações históricas,
teórico-críticas e práticas. Foi coordenador de acervo e pesquisa da Associação
Cultural Videobrasil (2014-2016). Recentemente, organizou, ao lado de Guilherme
Wisnik, o livro “Cildo – Estudos,
Espaços, Tempo”, lançado em 2018, em edição trilíngue (português, inglês,
espanhol), que apresenta a obra do grande artista Cildo Meireles, a partir do
conceito do estudo e da pesquisa.
ELIANA ALVES CRUZ – Jornalista e escritora
carioca, ganhadora do Prêmio Oliveira Silva de romances da Fundação Cultural
Palmares/MinC 2015 por “Água de barrela”,
que recupera mais de 300 anos de história de mulheres negras que sustentaram
seus filhos e mantiveram sua própria existência lavando roupas em situações de
exploração, miséria e escravidão. Participou das coletâneas Cadernos Negros do
Quilombhoje Literatura. Lançou ainda “Perdidas,
histórias para crianças que não têm vez” e “O crime do Cais do Valongo”.
EUMANO SILVA – Jornalista mineiro
radicado em Brasília, atuou como repórter e editor para alguns dos maiores
veículos da imprensa brasileira. Foi editor-chefe do jornal Correio
Braziliense, da sucursal das revistas IstoÉ e Veja, repórter especial da
revista Época e editor-executivo do site Congresso em Foco. É autor de “Operação Araguaia - os arquivos secretos da
guerrilha”, em parceria com Taís Morais, e “A morte do diplomata: um mistério arquivado pela ditadura”, sobre a
obscura morte do diplomata brasileiro Paulo Dionísio de Vasconcelos, ocorrida
em Haia, Holanda, em 1970.
GOG - Um dos
pioneiros do movimento rap no Distrito Federal, Genival Oliveira Gonçalves
(Sobradinho, DF, 1965), mais conhecido pelo nome artístico GOG, é rapper,
cantor e escritor. Já no início da carreira, ganhou a alcunha de ‘Poeta do Rap
Nacional’. A obra de GOG respira a realidade dura das periferias, além de
cantar a poesia dos que sentem na pele as dificuldades da vida. O compositor
também escreve romances. Em 2010 lançou o seu primeiro livro, “A Rima
Denuncia”, com 48 letras de rap. Ele associa a sobrevivência da mensagem do
Hip Hop à aproximação com a literatura marginal e com os movimentos culturais.
Em 1992, lança o compilado “Peso Pesado”, com o qual passa a se
projetar no país. No ano seguinte, lança um selo para apresentar seus trabalhos
e dar voz a novos talentos, consagrando a poesia urbana que marcaria sua
militância musical. De 1994 a 2000 vêm mais quatro discos: Dia-a-Dia da
Periferia, Prepare-se!, Das
Trevas à Luz e CPI
da Favela. Mumm-Ra High Tech é seu 11º disco, no
qual mistura criatividade sonora a narrativas contundentes. GOG iniciou o
trabalho com o rap nas quadras e festas no Guará. Sua influência veio do
convívio com os primos amantes da black music, além dos vinis do pai. Em 2007,
grava o DVD "Cartão Postal Bomba!",
com participações de Lenine e Maria Rita. GOG recebeu prêmios pelo
apoio às periferias.
INÉS
BORTAGARAY
– Escritora e roteirista uruguaia, seu primeiro livro, “Ahora tendré que matarte”, foi uma coletânea de contos publicada em
2001. Depois, nasceu “Prontos, listo, ya”,
de 2006, lançado no Brasil em 2014, com o título de “Um, dois e já” e bastante celebrado pela escrita delicada. É ainda
co-roteirista dos filmes “Una novia
errante”, de Ana Katz (Argentina, 2007), “La vida útil”, de Federico Veiroj (Uruguai, 2010) e “Mujer conejo”, de Verónica Chen
(Argentina, 2013).
JESSÉ DE SOUZA – Escritor, professor e
pesquisador brasileiro, atuou como presidente do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) até o afastamento da Presidente Dilma Roussef, quando
então pediu demissão. Atualmente, é professor titular de ciência política na
Universidade Federal Fluminense e escreve artigos para a revista Carta Capital.
Formado em Direito e com mestrado em sociologia pela Universidade de Brasília,
Jessé de Souza é doutor em Sociologia pela Karl Ruprech Universität Heidelberg
(Alemanha) e pós-doutor pela New School of Social Research, de Nova York. Já
escreveu 27 livros em português, inglês e alemão, sobre sociologia política,
desigualdade no Brasil, modernização periférica, dentre outros. São títulos
como “A ralé brasileira: quem é e como
vive” (2009), “Modernização seletiva:
Uma Reinterpretação do Dilema Brasileiro” (2000), “A tolice da inteligência brasileira” (2015) e “A radiografia do golpe: Entenda como e por que você foi enganado”
(2016), que recebeu o Prêmio Jabuti de Ciências Humanas 2017. Recentemente,
lançou “A elite do atraso – Da escravidão
à Lava Jato”, no qual procura explicar o Brasil desde o ano zero e defende
que as raízes da desigualdade no País estão na escravidão.
JOÃO SILVÉRIO TREVISAN – Romancista, contista,
ensaísta, roteirista, diretor, dramaturgo, há décadas é uma referência no
ativismo LGBT. Nascido em Ribeirão Bonito, interior de São Paulo, estudou no
Seminário Bom Jesus, em Aparecida/SP, onde se formou em Filosofia. Em 1970,
após atuar como assistente de cineastas como João Batista de Andrade, dirige
seu único longa-metragem, “Orgia ou O
homem que deu cria”, que foi proibido pela censura da época. Em 1973, parte
para a Califórnia, onde toma contato com o movimento gay organizado. Ao voltar
ao Brasil, em 1976, lança o livro “Testamento
de Jônatas Deixado a Davi” e, em 1978, organiza o grupo Somos pelos
Direitos dos Homossexuais Brasileiros. Na mesma época, funda o jornal temático
“Lampião da Esquina”, que abria
espaço para todos os excluídos. Seu livro mais famoso, “Devassos no Paraíso”, de 1986, apresenta uma extensa pesquisa sobre
a homossexualidade no Brasil. Recentemente, Trevisan lançou “Pai, Pai”, o primeiro do que ele chama
de “Trilogia da dor”. Na obra, ele
repassa a difícil relação com o pai, alcoólatra, intolerante e violento.
JORIO
DAUSTER
– Diplomata, empresário e tradutor brasileiro. Entrou para o serviço
diplomático em 1961 e atuou como presidente do Grupo de Países Produtores na
Organização Internacional do Café, de 1979 a 1985. Foi ainda presidente do
Instituto Brasileiro do Café (IBC), de 1987 a 1990, negociador da dívida
externa brasileira, entre 1990 e 1991, presidente do Conselho de Administração
da Ferrous Resources do Brasil e hoje atua como consultor de empresas.
Paralelamente, desenvolveu uma importante trajetória como tradutor,
especializando-se nas obras de J.D. Salinger, Vladimir Nabokov, Ian McEwan e
Philip Roth.
JOSÉ ALMEIDA JÚNIOR – Formado em Direito
pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, estado onde nasceu, tem
pós-Graduação em Direito Processual e Direito Civil. Radicado em Brasília, atua
como defensor público. É autor do romance histórico “A última hora”, que reconstitui passagens importantes da história
do Brasil. Dentre os personagens que apresenta, figuras conhecidas e reais como
Carlos Lacerda, Nelson Rodrigues e Samuel Wainer. O livro conquistou o Prêmio
SESC de Literatura de 2017. O romance é o segundo escrito por José Almeida
Júnior. O primeiro – “O Homem que odiava
Machado de Assis” – é ambientado no século XIX e permanece inédito.
JOSÉLIA
AGUIAR
- Especializada na cobertura de livros, a jornalista cultural,
nascida em Salvador (BA), é mestre e doutoranda em História pela Universidade
de São Paulo (USP). Na Folha de S.Paulo, foi repórter e redatora, assinou a
coluna Painel das Letras, na Ilustrada,
e comandou o blog Livros Etc. Também
foi correspondente do jornal em Londres, com reportagens em países europeus.
Trabalhou no jornal Valor Econômico e editou EntreLivros, revista mensal sobre livros, que circulou de 2005 a
2009. Em 2017, ao assumir a curadoria da Festa Literária de Paraty, a Flip,
Josélia mudou um dos principais eventos de literatura do país: emplacou mais
diversidade em sua programação, com mais presença feminina e de autores negros.
Sua preocupação foi buscar escritores fora do radar do grande mercado. Em 2018,
foi novamente escalada como curadora da Flip, desta vez celebrando a obra de
Hilda Hilst. Em suas manifestações, a jornalista tem reforçado a meta de
formação de plateias e de leitores capazes de compreender diversas linguagens e
sentidos. Para tanto, faz ampla pesquisa em busca de novas vozes, modos de ver
e construir narrativas, combinar linguagens e inventar sentidos. Josélia também
prepara a biografia do escritor Jorge Amado.
JUAN
GABRIEL VÁSQUEZ – Escritor colombiano, crítico literário, tradutor e
jornalista, é conhecido em todo o mundo por seu livro “O ruído das coisas ao cair”, que conquistou quatro importantes
prêmios internacionais: Premio Alfaguarda de Novela 2011, Premio Roger Caillois
2012 (França), Premio Gregor von Rezzoni 2013 (Itália) e Premio Literário
Internacional IMPAC de Dublin 2014 (Irlanda). Já trabalhou na tradução de obras
de autores como Victor Hugo e E.M. Forster. Como jornalista, conquistou o
Premio de Periodismo Simón Bolívar com “El
arte de la distorsión”. É ainda autor de uma breve biografia de Joseph
Conrad, “El hombre de ninguna parte”,
de 2007. Seu primeiro romance - “Os
informantes” - foi lançado em 2004. É autor ainda de “Los amantes de todos los santos” (2001), “História Secreta de Costaguana” (2007) - que lhe rendeu os prêmios
Qwerty de melhor romance em língua espanhola (Barcelona) e o prêmio colombiano
Fundación Libros e Letras -, “As
reputações” (2013) e “La forma de las
ruínas” (2015). Seus livros já foram publicados na Inglaterra, França,
Holanda, Itália, Alemanha, Polônia, Estados Unidos, Israel e Brasil.
LINA
MERUANE
– Escritora e professora chilena, descendente de palestinos e italianos.
Doutora em Literatura Hispano-Americana pela Universidade de Nova York, recebeu
bolsa da Fundação Guggenheim para desenvolver a novela “Fruta podrida”. Ensina Literatura Latino-americana na Universidade
de NY, fundou e dirige o selo independente Brutas Editoras, que publica tanto
títulos chilenos quanto norte-americanos. Suas obras já foram traduzidas para o
inglês, italiano, alemão, francês e português. Em 2011, ganhou o alemão Anna
Seghers-Preis pela qualidade de seu trabalho, e em 2012 conquistou o Sor Juana
Inés de la Cruz Prize, pela novela “Sangre
en el ojo”.
LOURENÇO
MUTARELLI – Ator, escritor, dramaturgo, quadrinista,
Lourenço Mutareli é uma usina de criação. Sua carreira nas letras começou como
desenhista, tendo lançado, de 1991 até os dias de hoje, 12 álbuns, como “Transubstanciação” (1991) e a trilogia
do famoso detetive Diomedes: “O dobro de
cinco”, “O rei do ponto” e a “Soma de
Tudo” (2001, 2002) vol 1 e 2 (que integram volume lançado pela Companhia
das Letras intitulado “Diomedes, a
trilogia do acidente”). Assina sete peças de teatro, reunidas no livro “O Teatro de Sombras” (2007) e seus dois
primeiros livros - “O Cheiro do Ralo”
(2002) e “O Natimorto” (2004) - foram
levados ao cinema sob a direção de Heitor Dhalia, em 2006, e Paulo Machline, em
2008, respectivamente – “O Natimorto”
também foi adaptado para o teatro sob a direção de Mário Bortollotto. Lançou
ainda “Jesus Kid” (2004), “A Arte de Produzir Efeito sem Causa” (2008),
“Miguel e os Demônios” (2009), “Nada me faltará” (2011) e “O Grifo de Abdera” (2015). Também
desenvolve carreira como ator, participando de filmes como “É proibido fumar” e “Que horas ela volta”, de Anna Muylaert, “O Gorila”, de José Eduardo Belmonte, “Elon Não Acredita na Morte”, de Ricardo Alves Junior.
LUIZ RUFFATO – Um dos nomes mais celebrados da
literatura brasileira dos anos 2000, é jornalista e escritor mineiro. Na
imprensa, atuou no Jornal da Tarde, de São Paulo, a partir de 1990, como repórter de
Economia, redator, subeditor e editor de Política, coordenador de Política e
Economia e secretário de Redação, encerrando suas atividades em abril de 2003,
quando passou a se dedicar exclusivamente à literatura. É consultor da
Enciclopédia de Literatura Brasileira do Instituto Itaú Cultural e cronista
mensal da edição Brasil do jornal El Pais. Como autor, ganhou os prêmios
Machado de Assis e Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por “Eles eram muitos cavalos”; APCA, Jabuti
e Casa de las Américas por “Inferno
provisório”; e Jabuti por “A história
verdadeira do Sapo Luiz”. Em 2016, recebeu o Prêmio Internacional Hermann
Hesse, na Alemanha. Sua obra desdobrou-se em uma dezena de curtas-metragens,
dois longas-metragens (“Estive em Lisboa
e lembrei de você”, produção luso-brasileira dirigida por José Barahona, e
“Redemoinho”, baseado em algumas
histórias de “Inferno provisório”,
dirigido por José Luiz Villamarín). Suas narrativas estão publicadas em
jornais, revistas e antologias na Argentina, Uruguai, Colômbia, Cuba, México,
Estados Unidos, Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, Finlândia, Suécia,
Polônia, Croácia, Hungria, Angola, Líbano e Hong Kong. É autor de uma dezena de
livros, entre romances, contos, crônicas e poemas. Sua obra mais recente é “A cidade dorme” (2018, contos).
MARCO AURÉLIO CREMASCO - Autor de 12 livros,
entre obras técnicas, romances, poemas, contos e crônicas, foi um dos
fundadores e coeditores da Babel, Revista de Poesia, Tradução e Crítica.
Nascido em Guaraci (PR), reside em Campinas (SP), onde é professor titular na
Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Publicou os livros de poemas “Vampisales”
(Editora da Universidade Estadual de Maringá, 1984), “Viola Caipira” (edição do autor, Campinas, 1995), “A Criação” (Cone Sul, São Paulo, 1997;
Prêmio Xerox e Revista Livro Aberto de Literatura), e “fromIndiana” (edição do autor, West Lafayette, EUA, 2000).
Escreveu, ainda, o romance “Santo Reis da
Luz Divina” (2004; Prêmio Sesc de Literatura e finalista do Prêmio Jabuti
de 2005), o livro de contos “Histórias
Prováveis” (2007, editados pela Record) e a novela “Oco do Mundo” (Sereia Ca(n)tadora, Santos, 2011). Em 2010, foi
contemplado com a Bolsa Funarte de Criação Literária para a escrita do romance “Evangelho do Guayrá”.
MARIA VALÉRIA REZENDE - Freira, escritora e feminista, já fumou
maconha, lutou contra a ditadura e foi amiga de Fidel Castro. Lançou quatro
romances e uma coletânea de contos. Nascida em 1942 em Santos (SP), tornou-se
uma das mulheres mais relevantes da literatura do país. Em 2001, lançou seu
primeiro livro de ficção, “Vasto Mundo”,
abordando “causos” do povo nordestino sobre amores e dores, desde a geografia
local até a crença na transcendência, premiado com o Prêmio Jabuti de melhor
livro infanto-juvenil. Dela, a Editora Objetiva publicou “Modo de apanhar pássaros à mão” e o elogiado romance “O voo da guará vermelha”, inspirado na
experiência com a dor do analfabetismo e com a educação de jovens e adultos.
Considerada uma revelação das letras por Frei Betto, a escritora costura
referências das culturas erudita e popular e também lançou criativos livros
infanto-juvenis. Foi em 1965 que entrou para a Congregação de Nossa Senhora.
Sempre se dedicou à educação popular e a projetos sociais, primeiro na
periferia de São Paulo e, a partir de 1972, no Nordeste. Viveu no meio rural de
Pernambuco e da Paraíba e, desde 1986, mora em João Pessoa. Como missionária,
deu a volta ao mundo quatro vezes, alfabetizando adultos e crianças. O
estereótipo de religiosa inocente não cola nesta militante que briga por mais
espaço para as escritoras. Com “Quarenta
Dias” conquistou o Prêmio Jabuti de melhor romance e melhor livro de Ficção
de 2015.
MICHELINY VERUNSCHK - Nascida em Recife em
1972, a poetisa, romancista e historiadora brasileira é autora de oito livros
de poesia e prosa. Seu primeiro romance, “Nossa
Teresa – vida e morte de uma santa suicida” (editora Patuá, 2014) foi
agraciado com o Programa Petrobras Cultural e com Prêmio São Paulo de melhor
livro de 2015. É autora dos romances “O
peso do coração de um homem” (Patuá, 2017) e “Aqui, no coração do inferno” (Patuá, 2016, finalista do Prêmio Rio
de Literatura 2016). Dois temas predominam em sua obra: o da “violência
institucionalizada da sociedade como promotora do terror” e a morte. Também
publicou os livros “Geografia Íntima do
Deserto” (Landy, 2003, finalista em poesia do prêmio Portugal Telecom), “O Observador e o Nada” (Edições Bagaço,
2003) e “A Cartografia da Noite” (Lumme
Editor, 2010). Micheliny é mestre em
Literatura e Crítica Literária e doutora em Comunicação e Semiótica pela
PUC-São Paulo. Integrou vários corpos de jurados de concursos literários
brasileiros, entre eles o Prêmio Jabuti e o Prêmio Sesc de Literatura. Tem
trabalhos publicados na França, Portugal, Espanha, Canadá e Estados Unidos.
MIRIAM
ALVES
- Escritora representativa da literatura
afro-brasileira, começou a escrever aos 11 anos. Publicou os livros de
poemas “Momentos de Busca” (1983)
e “Estrelas nos Dedos” (1985),
a peça teatral “Terramara” (1988,
em coautoria com Arnaldo Xavier e Cuti), o livro de ensaios “Brasilafro autorrevelado” (2010) e
a coletânea de contos “Mulher
Mat(r)iz” (2011). No campo da ficção, em 2015 lança o romance “Bará na trilha do vento”. Nascida em São
Paulo em 1952, a poeta, dramaturga e prosadora integrou o movimento Quilombhoje
Literatura nos anos 1980, publicando poemas nos Cadernos Negros. Atuou como
escritora visitante na Universidade do Novo México e debateu literaturas afro-brasileira
e feminina nas universidades do Texas, do Tennessee e de Illinois, nos Estados
Unidos. Foi traduzida em antologias bilíngues reunindo escritos de autoras
negras brasileiras. Assistente social e professora, Miriam é intelectual atenta
às relações entre poesia, ficção e metalinguagem, e exercita a crítica em
artigos publicados no Brasil e no exterior. Em obras como “Estrelas no dedo”, une o lirismo ao embate engajado com uma
sociedade que veta ao negro o acesso à plena cidadania.
MIRNA
QUEIROZ - Jornalista
e editora, com mestrado em Estudos Culturais pela Universidade de São Paulo
(USP). Curadora da programação da Fundação Roberto Marinho/Museu da Língua
Portuguesa para as edições 2017/2018 da FLIP - Festa Literária Internacional de
Paraty, atua desde 2010 no mercado editorial, tendo publicado várias coletâneas
em português, francês e inglês. É autora de seis biografias, entre elas, as de
Fernando Pessoa e Camões, na coletânea "80 Vidas Que a Morte Não Apaga", editada pelo jornal português
Público, em 1997. Como jornalista, trabalhou em alguns dos principais canais de
televisão no Brasil e Portugal. Foi correspondente da BBC de Londres em Lisboa,
Bruxelas e Cingapura, onde também organizou o primeiro festival de cinema
brasileiro no sudeste asiático.
PATRICIO
PRON
– Escritor e crítico literário argentino, formado em Comunicação Social pela
Universidade Nacional de Rosario e doutor em Filologia Românica por Georgia
Augusta de Göttingen (Alemanha). Começou a escrever na imprensa, em 1992. Entre
2000 e 2001, percorreu a Europa como correspondente internacional do jornal La
Capital (Rosario). Atualmente, escreve no Babelia, suplemento cultural do
jornal El País e na revista hispano-mexicana Letras Libres. Recebeu o Prêmio
Juan Rulfo de Relato em 2004, pelo conto “Es
el realismo” e o XXIV Premio Jaén de novela 2008 por “El comienzo de la primavera”. No Brasil, foi publicado o romance “O Espírito dos Meus Pais Continua a Subir na
Chuva”, de 2011.
PEDRO DÓRIA -
Jornalista, escritor e palestrante, ao longo da carreira dirigiu algumas
das principais redações do país. Hoje colunista da Rádio CBN e dos jornais O
Globo e Estadão, também é fundador da startup Meio, que resume todo dia os
acontecimentos numa leitura de oito minutos. Escreveu best-sellers sobre
história do Brasil: “1565” reconstrói
a história do Rio de Janeiro e do Sudeste em seus primeiros dois séculos.
Já “1789” passa em revista
a Inconfidência Mineira, além de fazer revelações a respeito de quem foi
Tiradentes. Foi editor-executivo de O Globo e editor-chefe de conteúdos
digitais do Estadão, além de colunista da Folha de S. Paulo. Esteve entre os fundadores
dos sites No. e NoMínimo. Entre seus sete livros também estão “Manual para a Internet” (Revan,
1995), o primeiro sobre a grande rede no Brasil, e “Eu gosto de uma coisa errada” (Ediouro, 2006), coleção de
reportagens sobre internet, sexo e nudez. Nascido no Rio de Janeiro em 1974,
estudou em Stanford, a universidade fincada no Vale do Silício. Acompanha as
transformações impostas pelo digital há mais de 20 anos, e, em 2015, recebeu o
Prêmio Comunique-se de melhor jornalista brasileiro de Tecnologia. Suas
palestras incorporam a experiência com política brasileira e internacional para
interpretar o momento atual. Recebeu o Prêmio Caixa de Reportagem Social e o
Bobs, da rede alemã Deutsche Welle.
RONALDO BRESSANE - É escritor, jornalista e editor, tendo publicado
romances, volumes de contos e poesias. Escreveu os romances “Mnemomáquina” (2014, Demônio Negro) e “Escalpo” (2017, Reformatório) – este, um
thriller de ação com fôlego e prosa vigorosos. Tiroteios nas franjas
abandonadas de Paraty, repressão policial violenta e a sangrenta ditadura do
Chile compõem “Escalpo”, cujo
protagonista cruza a América Latina e se vê em meio às manifestações de 2013.
Como jornalista, Bressane foi editor-executivo da revista V, redator-chefe da
Trip e editor da Alfa, tendo colaborado com revistas culturais como Bravo!.
Nascido em São Paulo em 1970, estudou Letras na USP e começou a publicar em
1996 na Revista A – um dos sites pioneiros de literatura no Brasil. Lançou seu
primeiro livro em 1999: “Os Infernos
Possíveis” (Com-Arte/USP). Em poesia, publicou “O Impostor” (2002, Ciência do Acidente), “Cada Vez Que Ella Dice X” (2007, Yiyi Jambo) e “Metafísica Prática” (2017, Oito e Meio).
Em 2014, lançou o infantojuvenil “Sandiliche”
(Cosac Naify). O escritor também participou de antologias e organizou o
volume “Essa História Está Diferente”,
em que ficcionistas recriam canções de Chico Buarque. Tendo por especialidade o
perfil, foi ghost writer de personalidades diversas. Além de tradutor, ensina
escrita criativa e dá oficinas de jornalismo.
RUBENS VALENTE - Jornalista da Folha de
S.Paulo desde 2000, fez reportagens em mais de 30 terras indígenas,
principalmente nos anos 1990. Com dois Prêmios Esso no currículo e ampla
experiência na cobertura política nacional, desde 2010 é repórter do jornal na
sucursal de Brasília. Após vasta investigação histórica e pesquisas em
documentos, Rubens Valente reconta as tragédias esquecidas dos índios
brasileiros no livro “Os Fuzis e as
Flechas: História de Sangue e Resistência Indígena na Ditadura”. De forma
inédita, a obra traz à tona os erros e omissões do Estado brasileiro e revela
barbaridades sofridas pelos povos indígenas durante a ditadura militar
(1964-1985). O regime dos generais foi implacável na estratégia de ocupação
militar da Amazônia por meio de estradas, hidrelétricas e instalação de
colonos. Entrevistando índios, sertanistas e missionários, o livro aponta uma
dizimação: etnias como os Kararaô perderam 90% dos seus índios. A obra denuncia
tragédias na construção de grandes obras do período militar, como a
Transamazônica. Até hoje o Estado brasileiro não reconheceu as mortes e nem
reparou os danos causados. O jornalista nasceu em Goioerê (PR), em 1970, e
desde os 12 anos convive com a realidade indígena, que marcou sua vida profissional
iniciada em Mato Grosso do Sul.
SCHNEIDER
CARPEGGIANI - Possui graduação em Comunicação Social e Jornalismo pela
UFPE e mestrado e doutorado em Teoria Literária pela UFPE, atuando
principalmente nos seguintes temas: literatura brasileira, literatura
latino-americana contemporânea, cultura pop e literatura brasileira
contemporânea. Atuou como crítico de literatura e de cultura pop do Jornal do
Commercio e foi editor da Cesárea Editora (www.cesarea.com.br). É editor do
Suplemento Pernambuco (www.suplementopernambuco.com.br), jornal literário do
Estado de Pernambuco. Já editou também a revista de ensaios ArtFliporto e atuou
como curador de conteúdo da Expoidea e do Festival de Literatura do Recife, em
2012, 2013 e 2014. É curador da Bienal do Livro de Pernambuco. Atua ainda como
curador do selo Suplemento Pernambuco da Cepe Editora.
SELVA ALMADA - Considerada pela
crítica e por leitores como uma das grandes revelações da literatura
latino-americana contemporânea, a escritora argentina tem romances e livros de
contos publicados. Entre suas obras, destaca-se “O vento que arrasa”, editado no Brasil pela Cosac Naify em 2015. Na
definição da autora, a obra é quase como um sussurro, bem curto, essencialmente
tratando da fé. O passado no interior da Argentina tem enorme influência em
seus livros, tanto que Selva resgata o ritmo da vida longe das grandes cidades
e a linguagem provinciana, principalmente em sua segunda novela, “Ladrilheiros”, de 2013. Nascida em Entre
Ríos em 1973, Selva também é autora de “Garotas
mortas”, uma investigação sobre feminicídio em que desbrava novos caminhos
para a não ficção latino-americana. No livro, a prosa cristalina da
escritora mostra como a violência diária contra meninas e mulheres acaba
envolta numa cortina de fumaça do que seria considerado “normal”. Selva
publicou seus primeiros contos na revista Análisis. De 1997 a 1998 dirigiu a
revista CAelum Blue. Já tem livros traduzidos na Europa e recebeu apoio de
escritores de longa trajetória e prestígio internacional, como a conterrânea
Beatriz Sarlo.
TATIANA NASCIMENTO – Poeta, compositora e cantora, em 2016
lançou seu primeiro livro de poesia, “Lundu”.
A publicação foi feita pela Padê Editorial, editora de livros artesanais que
Tatiana fundou (junto a Bárbara Esmenia) para lançar obras de escritoras negras
e LGBT. Autora
de poesias sobre o genocídio da população negra, a brasiliense foi convidada
por Cidinha da Silva, autora do livro “#ParemDeNosMatar!”,
para participar de uma coletânea de textos de poetas mulheres sobre o
assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Negra, lésbica e periférica,
Tatiana milita por bandeiras ligadas às culturas negras, à educação
antirracista, ao feminismo e à autoria artística de lésbicas negras. Como
cantora e poeta, lançou seu áudio-livro “um
ebó di boca y otros silêncios”. Doutora em Estudos da Tradução (UFSC) e
licenciada em Letras - Português (UnB), a poeta também é realizadora
experimental em audiovisual. Coletivo editorial formado em outubro de 2015, a
Padê edita já esteve em eventos fora do país – como em Viena, na Áustria.
Tatiana escreve no blog https://palavrapreta.wordpress.com/.
TIAGO FERRO - Editor e escritor paulista, é um dos fundadores da
editora de e-books e-galáxia e da revista de ensaios Peixe-elétrico.
Colabora regularmente com textos sobre cultura para importantes veículos como
as revistas piauí, Cult e Suplemento Pernambuco. Mestre em
história social pela Universidade de São Paulo, atualmente pesquisa a obra do
crítico literário Roberto Schwarz no programa de doutorado da mesma
universidade. “O pai da menina morta” é
seu romance de estreia. No livro, ele narra o luto pela morte de sua filha de oito
anos de idade. O livro é apontado como uma revelação da literatura
contemporânea por sua narrativa não-linear, em linguagem experimental.
ZECA
CAMARGO
- O jornalista é um dos apresentadores do programa É de Casa, da TV Globo. Esteve no
comando do primeiro reality show da emissora, o No Limite, e do
jornalístico Fantástico.
Andarilho, Zeca Camargo já visitou mais de 94 países. Iniciou sua carreira como
repórter no mundo da música em 1987 quando trabalhava na Folha de S. Paulo. Na
MTV Brasil, tornou-se diretor de jornalismo e apresentou o programa MTV no Ar.
Em 1994, apresentou o programa Fanzine na
TV Cultura e, mais tarde, virou editor da revista Capricho. Em 1996, foi chamado pela Rede Globo para apresentar o
quadro Altos Papos, no Fantástico. Fez a série de
reportagens Aqui se Fala Português, e A Fantástica Volta ao
Mundo, primeira série de reportagens totalmente gerada pela internet.
Inspirado por suas reportagens no Fantástico, o jornalista escreveu seis
livros, como o best-seller “A Fantástica Volta ao Mundo”, “De A-ha a U2: os Bastidores das
Entrevistas do Mundo da Música” e “Medida Certa: Como
Chegamos Lá”, este em coautoria com Renata Ceribelli. Lançou o livro
eletrônico “50, eu?”, no
qual faz algumas reflexões sobre saúde, corpo e trabalho e relembra passagens
de sua vida e carreira. Zeca Camargo assina um blog no site G1, onde predominam
assuntos ligados a música, cinema e comportamento. Prepara uma biografia sobre
a cantora Elza Soares.
SERVIÇO
4ª BIENAL BRASIL DO LIVRO E DA LEITURA
Data: 18 a 26 de agosto de
2018
Local: Centro de Convenções
Ulysses Guimarães - Brasília
Horário de funcionamento:
9h às
22h
ENTRADA FRANCA
Informações: (61) 3542.0340
Site: www.bbll.com.br
==> Foto: Divulgação
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