Em A
Alma Boa de Setsuan, de Bertolt Brecht, espetáculo visto por mais de 220
mil pessoas, entre os anos de 2008 e 2010, a personagem principal perguntava:
“Como posso ser boa se eu tenho que pagar o aluguel? Como posso ser bom e
sobreviver no mundo competitivo em que vivemos?” Em Galileu Galilei, também de Brecht, espetáculo que esteve um ano e
oito meses em cartaz e foi visto por mais de 140 mil pessoas, o tema é
revisitado: Como posso ser fiel ao que penso sem sucumbir ao poder econômico e
político vigente? Como manter meus ideais comprando meu vinho bom?
Agora chega A Visita da Velha Senhora, com 13 atores em cena, em que
Friedrich Dürrenmatt expõe a fragilidade de nossos valores morais e de nossa
noção de justiça quando a palavra é dinheiro. A protagonista da peça é quase a
encarnação mítica do poder material, a milionária Claire Zachanassian, vivida
por Denise Fraga, que com seu bilhão põe em xeque a cidade de Güllen.
O espetáculo é uma produção
original do SESI São Paulo, cumpriu temporada em São Paulo e Rio de Janeiro. Está
em turnê pelo Brasil e, em Brasília, a peça estará em cartaz nos dias 19, 20, 21 e 22 de julho, no Teatro Unip. Com patrocínio do Bradesco, parceiro e patrocinador de “Alma
Boa de Setsuan” e “Galileu Galilei”, e realizado em Fortaleza através da Lei
Federal de Incentivo à Cultura, pela NIA Teatro, Ministério da Cultura e
Governo Federal. Todas as sessões terão audiodescrição e tradução
simultânea em libras. Os ingressos começam a ser vendidos a partir de 26 de
junho no www.eventim.com.br
A direção é do cineasta Luiz Villaça, que
depois do sucesso de Sem Pensar, de Anya Reiss, e A Descida do Monte Morgan, de
Arthur Miller, retorna mais uma vez ao teatro. A montagem tem a sofisticação de
contar com cenários e figurinos do mineiro Ronaldo Fraga, que foi o vencedor da
30ª edição do Prêmio Shell de Teatro de São Paulo. A batuta do maestro Dimi
Kireeff, na direção musical, o desenho de luz de Nadja Naira, da companhia
brasileira de teatro, Lucia Gayotto na preparação vocal, Keila Bueno nas
coreografias e preparação Corporal e Simone Batata, no visagismo.
A
Visita da Velha Senhora teve nominações ao Prêmio Shell nas categorias Melhor
Atriz (Denise Fraga) e Melhor Figurino (Ronaldo Fraga) e ao Prêmio Aplauso
Brasil nas categorias Melhor Atriz (Denise Fraga), Melhor Direção (Luiz
Villaça), Melhor Arquitetura Cênica (Ronaldo Fraga) e Melhor Espetáculo
Independente.
O enredo é aparentemente simples. Os cidadãos de Güllen, uma cidade arruinada, esperam ansiosos a chegada
da milionária que prometeu salvá-los da falência. No jantar de boas-vindas,
Claire Zachanassian impõe a condição: doará um bilhão à cidade se alguém matar
Alfred Krank, o homem por quem foi apaixonada na juventude e que a abandonou
grávida por um casamento de interesse. Ouve-se um clamor de indignação e todos
rejeitam a absurda proposta. Claire,
então, decide esperar, hospedando-se com seu séquito no hotel da cidade.
A partir dessa
premissa, o suíço Friedrich Dürrenmatt nos premia com uma obra-prima da
dramaturgia, construindo uma rede de cenas que se entrelaçam, cheias de humor e
ironia, um desfile de personagens humanos e reconhecíveis que pouco a pouco,
vão escancarando a nossa fragilidade diante do grande regente de nossas vidas:
o dinheiro. Quem mata Krank? Cairá Güllen na tentação de
satisfazer o desejo de vingança da milionária?
Ou fará justiça? O que é fazer justiça? Até que ponto a linha ética se molda ao poder
dinheiro?
Dürrenmatt caracteriza A Visita da Velha Senhora como uma comédia trágica e com seu humor
cáustico nos pergunta: Até onde nos vendemos para poder comprar? Como o poder e
o dinheiro vão descaracterizando os nossos ideais? Por outro lado, quanto nos custa a não
submissão? O texto se desenrola abrindo
ainda outros ramos de reflexão. Dürrenmatt era completamente obcecado pela
questão da justiça e as sutilezas de suas fronteiras. O que é justo? O que
significa justiça em nossos tempos? Até que ponto o
valor moral da justiça se adequa ao poder?
Reconhecível
no Brasil nos dias de hoje? A Visita da Velha Senhora expõe questões que sempre
estiveram em pauta na história da humanidade, mas que caem como uma luva em
nossos tão tristes tempos.
“Acredito no poder de transformação pela
arte. Na formação do indivíduo pela arte. O teatro como espelho do mundo, nos
fazendo rir para nos reconhecer, dando voz a nossa angústia, dando palavras
àquilo que pensamos e não sabemos dizer. O humor e a poesia nos ajudando a
elaborar o pensamento para agir, para transformar, para viver criativamente,
para por a mão da massa da nossa história”, afirma Denise Fraga. “Depois de
dois anos e meio de A Alma Boa de Setsuan,
de Bertolt Brecht, e um ano e meio de Galileu
Galilei, do mesmo gênio alemão, sou mais uma vez surpreendida pela potente
atualidade de um clássico. Não foi por acaso que cheguei a Dürrenmatt. Foi
discípulo, bebeu em Brecht. Lá está o
mesmo fino humor, a mesma ironia e teatralidade. Dürrenmatt também se faz valer
do entretenimento para arrebatar o público para a reflexão”.
É natural finalizar
tal “trilogia” com a obra máxima de Dürrenmatt. Como Brecht, Dürrenmatt é
mestre em dissecar as relações de poder e os conflitos morais em suas obras, em
questionar o papel do herói e a sua necessidade para uma sociedade justa, em
fazer uso do humor para gerar reflexão. Nas três peças: Alma Boa, Galileu Galilei e A
Visita da Velha Senhora, tudo isso está explícito. A diferença é que Brecht
prefere desconstruir as ilusões de que nos alimentamos e propor uma possível
transformação, enquanto Dürrenmatt as mantém vivas e ri delas por serem apenas
isso: ilusões, enganos pelos quais lutamos e sempre lutaremos.
Ficha Técnica:
Autor:
Friedrich Dürrenmatt
Stage
rights by Diogenes Verlag AG Zürich
Tradução: Christine
Röhrig
Adaptação: Christine
Röhrig, Denise Fraga e Maristela Chelala
Direção Geral: Luiz
Villaça
Direção de Produção:
José Maria
Elenco: Denise Fraga, Tuca Andrada, Fábio Herford,
Romis Ferreira, Eduardo
Estrela,
Maristela Chelala,
Renato Caldas, Beto Matos, David Taiyu, Luiz Ramalho, Fernando Neves,
Fábio Nassar e Rafael
Faustino
Direção de Arte:
Ronaldo Fraga
Direção Musical: Dimi
Kireeff
Trilha Sonora Original:
Dimi Kireeff e Rafael Faustino
Desenho de Luz: Nadja
Naira
Produção Executiva:
Marita Prado
Preparação Corporal e
Coreografias: Keila Bueno
Direção Vocal: Lucia
Gayotto
Preparação Vocal:
Andrea Drigo
Visagismo: Simone
Batata
Assistente de Direção:
André Dib
Assistente de Produção:
Musical Nara Guimarães
Engenheiro de Mixagem:
Fernando Gressler
Camareira: Cristiane
Ferreira
Assistente de
Iluminação e Operador de Luz: Robson Lima
Operador de Som: Janice
Rodrigues
Cenotécnicos: Jeferson
Batista de Santana, Edmilson Ferreira da Silva
Assessoria Financeira:
Cristiane Souza
Fotografia: Cacá
Bernardes
Making Off: Pedro
Villaça e Flávio Torres
Redes Sociais: Nino
Villaça
Programação visual:
Gustavo Xella
Assessoria de
Imprensa BH: Personal Press
Projeto realizado através da Lei Federal de
Incentivo à Cultura.
Produção
Original: SESI São Paulo
Patrocínio
Exclusivo: Bradesco
Realização:
NIA Teatro, Ministério da Cultura e Governo Federal
SERVIÇO:
A Visita da Velha Senhora
Data:
19, 20, 21 e 22 de julho 2018 - Quinta à sábado 21h | domingo 18h.
Local:
Teatro Unip
Endereço:
SGAS
913 Sul Conjunto B, Asa Sul – ao lado Colégio Objetivo e Faculdade Unip
Informações:
(61)
99677-3027
Classificação: 14 anos
Duração: 120 min
Gênero: Comédia Trágica
Ingressos: até dia 15 de Julho: R$ 60 (inteira) | R$ 30,00 (meia). A
partir de 16 de Julho: R$ 70 (inteira) | R$ 35 (meia)
Pontos de Vendas:
-
Brasília Shopping – central de ingressos, piso G2,
loja 1
-
Loja Fnac no ParkShopping
- Nos
dias do espetáculo, no Teatro UNIP: 19, 20 e 21 de Julho a partir das 18h. Dia
22 de Julho a partir das 15 horas.
- Site www.eventim.com.br
- Site www.eventim.com.br
OBS:
Todas as sessões terão audiodescrição e tradução simultânea em libras.
==> Foto: Cacá Bernardes
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