“A simplificação é uma poderosa geradora de ideias justas e
verdadeiras, mas também de ideias duvidosas, frágeis e falsas”, pontifica
o sociólogo francês Raymond Boudon, em seu Crer e saber: pensar o político, o moral e o
religioso, lançamento da Editora Unesp. Ele alicerça sua
obra sobre estes pilares e se, por um lado, exige certa abstração do
leitor, por outro oferece uma valiosa contribuição sobre o papel que a
sociologia exerce no avanço do conhecimento científico, desde os autores
clássicos, como Max Weber e Émile Durkheim, até os teóricos mais atuais.
Em suma: procura sistematizar suas análises, o que amplia a relação entre
considerações teóricas e estudos sociológicos quantitativos.
“Meu objetivo, portanto, é recuperar o avanço científico, em matéria de análise dos fenômenos políticos, morais e religiosos, inaugurado pelos grandes sociólogos clássicos e aprofundado por um grande número de seus sucessores, pôr em destaque seus princípios e insistir sobre a importância não apenas histórica, mas prática e sobretudo política desses princípios”, escreve o autor.
Os oito ensaios que fazem parte desta obra buscam compreender este assunto partindo de vários prismas, com base nas diferentes manifestações científicas. Os dois primeiros capítulos, em maior e menor grau, são sobremaneira epistemológicos, mais “áridos” que os seguintes, dedicados à sociologia e à história. “Eles têm em comum o fato de ilustrar, por sua convergência, o avanço científico realizado pela sociologia. (...) Minha declaração não diz respeito à história e à filosofia das ciências sociais. O que me interessa assinalar, sobretudo, é que, para além de sua importância teórica, essa questão se reveste de um alcance prático e, mais precisamente, político decisivo”, anota Boudon.
No domínio político, preocupa-se com a soberania popular e os desvios da democracia representativa. Segundo o autor, a concepção de “tirania da maioria”, formulada por Tocqueville, parece ameaçada na contemporaneidade pela “tirania das minorias atuantes”, segundo a qual lobbies minoritários e ruidosos aproveitam-se da inércia da maioria silenciosa para exercer o poder político.
“Os textos que compõem este livro têm algo em comum – eles procuram estar atentos ao fato de que a sociologia, que é uma fonte de inspiração para o conjunto das ciências sociais, é uma arma que permite defender o política, o histórica, o cultural ou o filosoficamente correto, mas que também, como o sabre de Joseph Prudhomme, permite combatê-los”, explica.
Sobre o autor – Raymond Boudon (1934-2013) é um dos mais importantes cientistas sociais contemporâneos. É conhecido pelas pesquisas sociológicas sobre mobilidade social e desigualdade de oportunidades e pela defesa do individualismo metodológico. Entre outras obras, publicou L’inégalité des chances (1973), La logique du social (1979) e Dictionnaire critique de la sociologie (1982).
Título: Crer e saber: pensar o político, o moral e o religioso
Autor: Raymond Boudon
Número de páginas: 297
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$64,00
ISBN: 978-85-393-0692-3
==> Foto: Divulgação
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