A melancolia surge como inquietação ocidental pela primeira vez na voz
do fisiólogo grego Hipócrates (460 a.C.-370 a.C.), como um transtorno do
humor associado a um mal físico, provocado pela bílis negra. Na
Antiguidade, a tradição hipocrática preserva esse estado afetivo como
doença do corpo, passível de conduzir à epilepsia, à cegueira ou à
loucura. De lá para cá, o conceito se transformou. Ganhou novos contornos
a partir da construção de vasto material, em diferentes tempos e pelas
mãos de uma sorte numerosa de autores. À medida que a medicina se separa
da filosofia, o termo se reveste com outros significados, não raro
relacionados à condição existencial do homem. É essa trilha que o
pesquisador Luiz Costa Lima percorre para mapear o fenômeno da melancolia
ao longo dos séculos e construir Melancolia: Literatura, lançamento da Editora
Unesp.
Dividido em três capítulos, o texto alcança uma miríade de autores na tentativa de abordar a linha escolhida pelo autor, já que o tema contempla “mil faces”. “Fiz então questão de incluir o exame de alguns textos gregos, e não só de contemporâneos, embora, pela menor proporcionalidade daqueles, procurasse indicar tanto a diferença da incidência quanto a diversidade da experiência da melancolia nos dias de agora”, escreve Luiz Costa Lima.
Merece destaque a escolha de Costa Lima em jogar luz sobre dois
escritores decisivos da literatura moderna ocidental: o tcheco Franz Kafka
e o irlandês Samuel Beckett, “representantes de uma ficção que, sempre
mantendo a melancolia como lastro particularizante, agora assume uma
vertente crítica, irônica e satírica, sempre de cunho negativo, em seu
diálogo com o mundo a ela contemporâneo”.
Mais do que apenas mapear o constructo teórico da melancolia sob ótica humana ao longo dos séculos, Luiz Costa Lima descortina ao leitor como a experiência melancólica, na cultura ocidental, afetou, de diferentes modos, as diversas expressões do pensamento – da medicina à filosofia, da teologia à psicanálise e as artes plásticas e a literatura, mostrando as mudanças que historicamente sofre a experiência da melancolia e seu "acolhimento" pela literatura, ao mesmo tempo em que não se restringe em estabelecer uma mera e direta relação de causa e efeito entre elas.
Sobre o autor – Luiz Costa Lima é crítico literário e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Publicou importantes livros de ensaios, entre eles Mímesis e modernidade (1980), Vida e mímesis (2000), O controle do imaginário e a afirmação do romance (2009) e Frestas: a teorização em um país periférico (2013).
Título: Melancolia: Literatura
Autor: Luiz Costa Lima
Número de páginas: 366
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 68,00
ISBN: 979-85-393-0665-7
==> Foto: Divulgação
0 comments:
Postar um comentário