Após nove
anos sem realizar exposições individuais em Brasília, o artista Elyeser Szturm apresenta
ao público um recorte inédito de sua pesquisa mais recente. São monotipias em
silicone e esculturas em pedra-sabão, resultado de anos de investigação poética
e de uso de novas técnicas. A exposição “Céus e Nós” ocupa a Galeria 3 do CCBB
Brasília, de 15 de novembro de 2016 a 8 de janeiro de 2017. A programação em
torno da mostra conta com visitas orientadas pelo artista, assim como com
monitores para estudantes e conversas com artistas, curadores, críticos,
historiadores de arte, galeristas e produtores, em datas que ainda serão
divulgadas. Além disso, estarão disponíveis aos visitantes recursos de
acessibilidade, como visitas guiadas por intérprete de libras e audiodescrição
de obras da exposição.
Com mais de
40 anos de carreira, marcada pela experimentação poética de suportes e
procedimentos artísticos, nas séries “Céus e Nós” Elyeser questiona os limites
da pintura e da escultura. “O artista deve estar atento à técnica, mas esta
deve estar submetida aos ditames da linguagem, da expressão poética”, afirma.
Formada por mais de 20 peças, entre obras pictóricas e tridimensionais, a exposição lança ao público a pergunta: é possível ser lírico ainda hoje?
A série Céus apresenta monotipias
em silicone criadas a partir de 2013 que exploram o lirismo da cor azul e foram
inspiradas nos tetos estrelados das capelas italianas góticas e pré-renascentistas,
como as pintadas por Giotto na capela Scrovegni, por exemplo. São películas de
silicone produzidas por um método criado por Elyeser a partir de suas
investigações pictóricas. O artista prepara uma parede, com reboco feito de cal
e pigmentos azuis. Depois de talhar o reboco e fazer as incisões que remetem a
estrelas e nuvens, ele aplica uma camada de silicone que ao ser retirada traz impressas
as texturas, relevos e cores da superfície parietal.
“Desde 1997 venho realizando trabalhos que
giram em torno destas interrogações. Essas películas de silicone são espalhadas
sobre superfícies porosas o suficiente para que se possa arrancá-las”, conta o
artista. “Um dia, passei silicone em cima de um
cupinzeiro para preparar um molde. Quando retirei, vi que saiu uma pele, a
textura do cupinzeiro inteiro e achei interessante”. A partir de então, Elyeser
passou a produzir suas peles de silicone aplicando o material em muros de casas
antigas, de cidades como Goiás Velho e Pirenópolis.
Na produção das obras da série Céus,
o artista passou a ter mais controle sobre o resultado do processo, preparando
ele mesmo o reboco da parede e utilizando procedimentos da técnica de afresco. O
resultado traz ao público esse diálogo que “remete a uma tradição muito forte
na História da Pintura, que é o estudo de céus e nuvens” explica Elyeser,
citando artistas como Giotto, J.M.W. Turner, John Constable, Courbet e os
impressionistas, entre outros.
Já a série
Nós aponta para um outro caminho na carreira de Elyeser, a escultura. “Já havia
produzido objetos tridimensionais, mas é a primeira vez que apresento obras
talhadas”, explica. O material escolhido, pedra-sabão, remete também à religiosidade,
e tem como referência a arte colonial brasileira, o barroco mineiro e a obra de
Aleijadinho.
Enquanto a
série Céus aponta para a verticalidade e a ascensão, as esculturas da série
Nós, talhadas em pesadas pedras-sabão, fazem o público olhar para o chão. Segundo
o artista, “são peças sem pedestal, que a contrário da escultura pré-moderna,
não tem a pretensão de vencer a gravidade”. Querem ser uma intervenção na
paisagem. Agrupadas em 6 núcleos de peças, as esculturas muitas vezes sugerem a
forma de nuvens, estabelecendo relações com as monotipias e criando um jogo lírico
entre pesado e leve, alto e baixo, céu e chão. Entre o que está no céus e o que
está no chão. Céus e nós.
Sobre o artista
Elyeser Szturm participa de salões
e exposições desde 1974. Nasceu em Goiânia e vive em Brasília desde 1994, onde
leciona no Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Viveu em Paris de
1989 a 1994, onde fez doutorado em Artes Visuais na Université de Paris VIII a
Saint Denis e participou de salões como o Jeune Peinture, realizando individual
na Galerie du Haut Pavé em 1992. Ganhou o Prêmio de Viagem ao Exterior do XVI
Salão Nacional da Funarte em 1998 e o VII Salão da Bahia em 2000. Participou da
Bienal 50 Anos, Brasília, Ruína e Utopia, Território Expandido 3 e Faxinal das
Artes, entre outras. Foi pesquisador do CNPq de 1998 a 2010. Experiência
poética e existencial do lugar talvez pudessem sintetizar sua busca.
Serviço
Exposição "Céus e Nós", de Elyeser
Szturm
Local: Galeria
3 do CCBB Brasília
Endereço: SCES
Trecho 2 – Brasília/DF
Temporada: 15 de novembro de 2016 a 8 de janeiro de 2017
Visitação: de quarta
a segunda-feira, das 9h às 21h
Ingresso: Entrada
franca
Informações: 61
3108-7600.
Classificação indicativa: Livre
==> Foto: André Carvalho
0 comments:
Postar um comentário