"Nossa parceria" - álbum que celebra a intimidade e a fluidez da conversa de cordas, melodias e versos de Moraes Moreira e Davi Moraes, pai e filho - remonta há 2013, quando Davi começava a gravar um disco seu. Três faixas eram assinadas com o Moraes: "Seu Chico", "Chorinho pra Noé" e "Quando acaba o carnaval". Veio então a notícia de que eles foram contemplados na seleção pública do Programa Petrobras Cultural que incluía, além de uma série de shows, um CD de material inédito.
- Cheguei pra ele e disse: "Velhinho, esse disco é nosso! Já temos três parcerias!". Tive essa ideia porque meu pai estava gostando muito do que havíamos feito juntos até ali, eu, ele e Chico (Neves, produtor) - conta o guitarrista. - Ele comprou na hora. E aí começamos a trabalhar na outra parte.
Há uma origem ainda mais remota para o que ouvimos em "Nossa parceria". O início dos anos 1970, no sítio "O cantinho do vovô", mais conhecido como o lendário "sítio dos Novos Baianos".
- Recém nascido, Davi já ouvia meu violão - lembra Moraes. - Mais tarde um pouquinho começamos eu e a mãe dele a colocarmos o seu carrinho perto do lugar onde a gente ensaiava a banda. Ele dava sinais de que estava gostando, ficava calmo, às vezes até dormia embalado por aquele som. Cresceu e adorava ir a meus shows, ficava imitando os músicos. Seu brinquedo preferido sempre foi um instrumento, e assim chegou no cavaquinho.
O cavaquinho, que Davi começou a tocar porque era o mais adaptado às suas mãos de criança, veio a ser referência fundamental para sua guitarra mestiça, rítmica, mista de choro e de rock, de samba e de frevo, de tamborim e bandolim. E é esse instrumento - e esses instrumentos, já que Davi passeia com desenvoltura por vários - que ouvimos em "Nossa parceria". Álbum igualmente mulato, como deixa clara já a faixa de abertura, "Bossa capoeira", do mestre Batatinha ("o Cartola baiano", sintetiza Moraes), homenageado num texto escrito e declamado por Moraes. Ouve-se ali a ancestralidade do fraseado do berimbau ao lado do século XXI trazido na levada que remete ao pagode baiano contemporâneo, em versão mais cadenciada.
A mestiçagem do álbum é forjada a partir de três eixos: os cenários e a profusão de ritmos afro da Bahia; o samba, o choro e a bossa nova do Rio; e o frevo de Pernambuco. Todos juntos. Atravessando tudo, a lembrança de mestres e da tradição desses lugares. A faixa seguinte, "Bahia oi Bahia" (de Vicente Paiva e Augusto Mesquita) foi sugerida a Moraes por João Gilberto, reverenciado na introdução da gravação - uma bossa nova com cavaquinho e percussão carioquíssima de Marçal, mas embebida em baianidade.
- Cheguei pra ele e disse: "Velhinho, esse disco é nosso! Já temos três parcerias!". Tive essa ideia porque meu pai estava gostando muito do que havíamos feito juntos até ali, eu, ele e Chico (Neves, produtor) - conta o guitarrista. - Ele comprou na hora. E aí começamos a trabalhar na outra parte.
Há uma origem ainda mais remota para o que ouvimos em "Nossa parceria". O início dos anos 1970, no sítio "O cantinho do vovô", mais conhecido como o lendário "sítio dos Novos Baianos".
- Recém nascido, Davi já ouvia meu violão - lembra Moraes. - Mais tarde um pouquinho começamos eu e a mãe dele a colocarmos o seu carrinho perto do lugar onde a gente ensaiava a banda. Ele dava sinais de que estava gostando, ficava calmo, às vezes até dormia embalado por aquele som. Cresceu e adorava ir a meus shows, ficava imitando os músicos. Seu brinquedo preferido sempre foi um instrumento, e assim chegou no cavaquinho.
O cavaquinho, que Davi começou a tocar porque era o mais adaptado às suas mãos de criança, veio a ser referência fundamental para sua guitarra mestiça, rítmica, mista de choro e de rock, de samba e de frevo, de tamborim e bandolim. E é esse instrumento - e esses instrumentos, já que Davi passeia com desenvoltura por vários - que ouvimos em "Nossa parceria". Álbum igualmente mulato, como deixa clara já a faixa de abertura, "Bossa capoeira", do mestre Batatinha ("o Cartola baiano", sintetiza Moraes), homenageado num texto escrito e declamado por Moraes. Ouve-se ali a ancestralidade do fraseado do berimbau ao lado do século XXI trazido na levada que remete ao pagode baiano contemporâneo, em versão mais cadenciada.
A mestiçagem do álbum é forjada a partir de três eixos: os cenários e a profusão de ritmos afro da Bahia; o samba, o choro e a bossa nova do Rio; e o frevo de Pernambuco. Todos juntos. Atravessando tudo, a lembrança de mestres e da tradição desses lugares. A faixa seguinte, "Bahia oi Bahia" (de Vicente Paiva e Augusto Mesquita) foi sugerida a Moraes por João Gilberto, reverenciado na introdução da gravação - uma bossa nova com cavaquinho e percussão carioquíssima de Marçal, mas embebida em baianidade.
Outra bossa nova de sotaque soteropolitano - com uma modernidade pop e elegante à la Marcos Valle - vem em seguida, "Centro da saudade". Composta por Davi Moraes, Carlinhos Brown e Pedro Baby, a canção faz o Pelourinho descer em Ipanema com versos como "Venha pra caminha/ Que eu vou lhe dengar". Destaque para o vibrafone de Marcelo Lobato.
"Seu Chico" e "Chorinho pra Noé" são choros instrumentais que trazem de forma mais crua o diálogo de pai (violão) e filho (bandolim), parceiros nas duas. Na primeira, com a diferença marcante do steel drum de Lobato, dando à faixa um ar ao mesmo tempo etéreo e artesanal - afinado ao cruzamento de tempos e espaços do álbum.
"Só quem ama leva tombo", só de Moraes, é bossa nova com o ritmo marcado no violão do pai e na guitarra palhetada do filho, numa espécie de cavaquinho jazzy. A letra, explica o autor, parte de falas ouvidas por aí, na boca do povo:
- É uma canção popular, desde o título. Quando surgiu o primeiro verso, "Quando for assim me liga", quis manter esse clima de ditos populares. Coisas como "vem jogar conversa fora", "quando quiser ombro diga" etc.
Filho do Rio contemporâneo, o samba solar "Coração a batucar", de Davi com Alvinho Lancellotti, traz o piano e o sintetizador de Daniel Jobim e a percussão de Marcelinho Moreira. No arranjo, a mesma leveza consciente de si presente na letra: "E o nosso bloco sobe a ladeira da ilusão/ De pé no chão".
O álbum viaja para Pernambuco (carregado de Bahia nas guitarras de Davi) em "Frevo capoeira" e "Quando acaba o carnaval". Na primeira, outros mestres são lembrados, agora os do frevo, como Capiba e Levino Ferreira. A outra, talvez a de estrutura mais ousada do disco - com a tuba de Eliezer Rodrigues (o arranjo de tuba é de Augusto Albuquerque) e as camadas de guitarras de Davi -, canta a vitória da alegria sobre a Quarta-de-Cinzas.
A alegria segue sendo reafirmada na última canção do disco, a faixa-título "Nossa parceria" - cuja base surgiu numa jam de músicos como Davi, Alberto Continentino, Cesinha e Marlon Sette. Sobre o groove, cheio de Black Rios e Vitórias Régias, Moraes defende num canto falado a alma (familiar, mulata, atemporal) do disco: "Bossa capoeira/ Uma vida inteira/ Luta, uma dança/ Um tempo, um lugar". Leonardo Lichote Abril/2015
"Seu Chico" e "Chorinho pra Noé" são choros instrumentais que trazem de forma mais crua o diálogo de pai (violão) e filho (bandolim), parceiros nas duas. Na primeira, com a diferença marcante do steel drum de Lobato, dando à faixa um ar ao mesmo tempo etéreo e artesanal - afinado ao cruzamento de tempos e espaços do álbum.
"Só quem ama leva tombo", só de Moraes, é bossa nova com o ritmo marcado no violão do pai e na guitarra palhetada do filho, numa espécie de cavaquinho jazzy. A letra, explica o autor, parte de falas ouvidas por aí, na boca do povo:
- É uma canção popular, desde o título. Quando surgiu o primeiro verso, "Quando for assim me liga", quis manter esse clima de ditos populares. Coisas como "vem jogar conversa fora", "quando quiser ombro diga" etc.
Filho do Rio contemporâneo, o samba solar "Coração a batucar", de Davi com Alvinho Lancellotti, traz o piano e o sintetizador de Daniel Jobim e a percussão de Marcelinho Moreira. No arranjo, a mesma leveza consciente de si presente na letra: "E o nosso bloco sobe a ladeira da ilusão/ De pé no chão".
O álbum viaja para Pernambuco (carregado de Bahia nas guitarras de Davi) em "Frevo capoeira" e "Quando acaba o carnaval". Na primeira, outros mestres são lembrados, agora os do frevo, como Capiba e Levino Ferreira. A outra, talvez a de estrutura mais ousada do disco - com a tuba de Eliezer Rodrigues (o arranjo de tuba é de Augusto Albuquerque) e as camadas de guitarras de Davi -, canta a vitória da alegria sobre a Quarta-de-Cinzas.
A alegria segue sendo reafirmada na última canção do disco, a faixa-título "Nossa parceria" - cuja base surgiu numa jam de músicos como Davi, Alberto Continentino, Cesinha e Marlon Sette. Sobre o groove, cheio de Black Rios e Vitórias Régias, Moraes defende num canto falado a alma (familiar, mulata, atemporal) do disco: "Bossa capoeira/ Uma vida inteira/ Luta, uma dança/ Um tempo, um lugar". Leonardo Lichote Abril/2015
PATROCÍNIO
SERVIÇO
Moraes Moreira e Davi Moraes
Data: 3, 4 e 5 de agosto – quarta, quinta e sexta-feira
Local: Clube do Choro de Brasília (Setor de Divulgação Cultural, Bloco G - Eixo Monumental, Brasília - DF)
Horário do show: 21h
Horário de abertura da casa: 20h
Capacidade: 400
Classificação etária: 14 anos
Data: 3, 4 e 5 de agosto – quarta, quinta e sexta-feira
Local: Clube do Choro de Brasília (Setor de Divulgação Cultural, Bloco G - Eixo Monumental, Brasília - DF)
Horário do show: 21h
Horário de abertura da casa: 20h
Capacidade: 400
Classificação etária: 14 anos
Ingressos:
R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia entrada para estudantes, idosos com idade a partir de 60 anos, professores e músicos, força de trabalho da Petrobras na compra de até dois ingressos, clientes do Cartão Petrobras na compra de até dois ingressos, mediante apresentação de comprovante para obter o desconto)
Pontos de venda: Pontos de venda: bilheteria do Clube do Choro de Brasília – SDC BLOCO “G” (de 2ª a 6ª feira de 10h as 22h e sábados de 19h as 21h) ou através do site: www.clubedochoro.com.br
Mais informações: (61)3224-0599
==> Foto: Marcos Hermes
0 comments:
Postar um comentário