Depois da abolição da escravatura, as elites brasileiras começaram a
manifestar certa irritação contra os libertos, sentimento que não pode ser
explicado pelas preocupações de fazendeiros com a falta de mão de obra ou
dos delegados de polícia com a manutenção da ordem pública. As mesmas
tendências racistas foram internalizadas pelos imigrantes europeus, a
maioria dos quais nunca havia visto negros antes de aportar no Brasil. As
relações entre elites, imigrantes e negros tornaram-se ambíguas, cenário
que Karl Monsma resgata em A
reprodução do racismo: fazendeiros, negros e imigrantes no oeste paulista,
1880-1914, lançamento da EdUFSCar.
A partir do final da década de 1880, São Paulo atraiu muito mais imigrantes que qualquer outra província ou estado brasileiro em função, sobretudo, do programa paulista de imigração subvencionada para italianos e outros europeus que aceitavam trabalhar nas fazendas de café. No estado paulista, os fazendeiros de café enfrentaram a rebeldia dos cativos e, depois da abolição, precisavam controlar uma grande massa de trabalhadores composta principalmente de imigrantes, com uma minoria significante de brasileiros, em que se destacam os libertos.
Os negros esperavam ser tratados com dignidade por cumprirem as mesmas funções que os brancos, e os imigrantes se sentiam ameaçados por isso, ou mais precisamente pela possibilidade de serem tratados como negros. Em longo prazo, o racismo levou à consolidação de divisões raciais no mercado de trabalho e no sistema escolar que dificultavam a mobilidade social de negros e aumentavam ainda mais a desigualdade. Todos esses fatos são destrinchados neste livro que não desenvolve uma explicação completa das diferenças raciais de hoje, mas levanta algumas hipóteses a respeito dos processos que ampliaram as pequenas vantagens iniciais dos europeus nas primeiras décadas após a abolição.
Para isso, o autor enfatiza sobre as teorias do racismo e sua
reprodução, contextualizando o pós-abolição na América e no Brasil e
examinando como os fazendeiros, administradores de fazendas e delegados de
polícia exerciam autoridade sobre negros no período da abolição e como
isso influenciou suas percepções. A mesma análise é feita com os
imigrantes, o que leva a um comparativo entre as relações estabelecidas
com os negros, sejam eles escravos, libertos ou nascidos livres. Para
encerrar, Monsma analisa as consequências desses processos para as
posições sociais e econômicas de negros e imigrantes, como a desigualdade
racial crescente.
Sobre o autor – Karl Monsma é professor de Sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atua como especialista na área de sociologia histórica, com ênfase em temas relacionados a racismo, imigração e identidades étnicas.
Título: A reprodução do racismo: fazendeiros, negros e imigrantes no oeste paulista, 1880-1914
Autor: Karl Monsma
Número de páginas: 366
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 42,00
ISBN: 978-85-7600-440-0
==> Foto: Divulgação
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