Entre calmarias e tempestades no mar de Bruna Mendez

Se música tivesse cor, as canções do disco “O Mesmo Mar que Nega a Terra Cede à Sua Calma” teriam a intensidade do azul oceano. Através de um título quase melódico, a cantora Bruna Mendez lança o seu primeiro disco, fruto de um trabalho desenvolvido ao longo do último ano, numa junção entre compor, criar melodias, produzir e gravar. Produzido por Adriano Cintra, considerado como um dos nomes mais da geração de músicos-produtores de São Paulo, o álbum foi gravado em janeiro deste ano, no Estúdio Rocklab, na cidade de Pirenópolis.
São 11 faixas compostas e elaboradas por Bruna, com co-autoria da escritora Michelly Jardim, num universo que se joga entre o singular e o cotidiano, o estranho e o apático, entre as tempestades e as calmarias do mar, elemento que dá nome ao título do disco e à canção ‘Calor, Sol e Sal”, que abre o álbum: “tudo que é muito aqui parece ser bem mais”.  Ao lado dos experimentos de uma música brasileira que tritura e mescla, a junção entre o baixo de Thiago Ricco, a guitarra de Eduardo Goiaba, a bateria de Lucas Tomé, o teclado de Adriano Zago e a veludosa voz de Bruna criam uma atmosfera rítmica, sensorial e quase palpável.
Até então com apenas um EP lançado no Festival Bananada de 2014, a gravação do disco foi desenvolvida ao longo de um mês. “O processo foi muito simples. As músicas já pediam algo e por mais que eu quisesse fugir disso trazendo o Adriano (Cintra), o que aconteceu foi o oposto, ele me puxou pra minha realidade e reforçou o que eu sou - mas talvez não quisesse ser - foi um processo de aceitação e a partir dessa aceitação as coisas começaram a fluir”, aposta a cantora.
Nos últimos anos, Adriano Cintra fez parte dos grupos Caxabaxa e Ultrassom, além de ter integrado a exportada Cansei de Ser Sexy. O trabalho “Animal” é o seu primeiro projeto solo, lançado em outubro de 2014 pela Deck Music. “Num primeiro momento aconteceu um estranhamento. Estávamos acostumados a quebrar cabeça com arranjos, passar dias pensando em uma bateria e o Adriano chegou também pra desconstruir esse processo, não precisava ser complicado nem doloroso”, conta.
Ondas prateadas em forma de maré
De Goiânia, Bruna divide seu tempo entre a música e os trabalhos com Publicidade e Propaganda, e talvez isso explique a habilidade da cantora em conceber a produção gráfica do disco.  Para a ilustração, ela convidou os artistas Ritchelly Oliveira e Benjamim Garcia, com um traço realista, o que faz com que o desenho ganhe sentidos sensoriais, assim como as canções do álbum, que beiram ao cheiro de mar, a textura da areia e das conchas, o calor do sol.
Recentemente Bruna participou da segunda edição da ocupação Pulso, numa equipe de 30 músicos e produtores de diversas regiões do País em São Paulo. Antes disso, desenvolveu o EP Pra Ela, com seis faixas que mesclam as influências que a artista buscou em gêneros como MPB, bossa nova, reggae, samba, baião e rock, em nomes como Bob Marley, Peter Tosh, Caetano Veloso, João Gilberto e Vinícius de Moraes. Em “O Mesmo Mar Que Nega a Terra Cede à Sua Calma” Bruna vai além: a artista pega todas suas referências embaladas nos últimos anos, joga num caldeirão sonoro, tempera com a água salgada de Adriano Cintra e o resultado é um disco sem fim. E nem começo.
O disco será lançado oficialmente no dia 12 de agosto, no Sesc Centro, em Goiânia. O projeto foi patrocinado pela Prefeitura de Goiânia - Lei de Incentivo a Cultura 2015/02.
Ouça “O mesmo Mar Que Nega a Terra Cede à Sua Calma”: https://www.youtube.com/watch?v=IdXlzd3BxTM


==> Foto: Divulgação

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