Os atores Abaetê
Queiroz e Roni Sousa,
com direção de Humberto Pedrancini, se multiplicam em 25 personagens numa
comédia que reconta a história da Sagrada Família. O espetáculo, que fica em
cartaz até dia 10 de outubro e 06 a 15 de novembro é um convite a refletir, com
pitadas de humor e ironia, temas como racismo, igreja e capitalismo. O texto da
peça foi inspirado em obra do escritor italiano Dario Fo.
Recheado
de humor e sátira, com forte caráter crítico e fundamentação social, o texto denuncia
valores humanos deturpados. Temas como racismo, opressão, status quo, igreja e capitalismo são trazidos à cena na
interpretação de Abaetê Queiroz e Roni Sousa, dois expoentes da cena teatral de
Brasília. O Primeiro Milagre tem
como pano de fundo a história da Sagrada Família, remontada desde a jornada dos
três Reis Magos até realização do primeiro milagre do menino Jesus.
A
obra de Dario Fo, enredo para a presente montagem, teve como referência o
Evangelho de Mateus, um texto inautêntico que traz em seu conteúdo uma história
conflitante a dos Evangelhos. Tomando partido das desconexões entre o Novo
Testamento e o Evangelho de Mateus, Dario reconta o nascimento de Jesus e
inclui temas novos e atuais. Novas nuances, que o italiano insere em sua
narrativa, são adaptadas para o texto de O
Primeiro Milagre de forma a discutir a sociedade contemporânea numa
vestimenta dos séculos passados.
Para a
montagem, a afinada equipe concordou em erguer um espetáculo alinhado com a
obra crítica e desmistificadora de Dario, “não apenas por questões literárias e
estéticas, mas para que houvesse verdade no processo”, conta Roni Sousa, ator e
proponente do projeto. Diante disso, segundo Roni, “optamos por uma estrutura simples
que pudesse, ao mesmo tempo, ser apresentada em um teatro de médio porte como também
em um pátio de escola ou até mesmo na rua, de forma a fazer chegar a quem
precisasse ter acesso a um texto com esta proposta”.
Como
surgiu o projeto
Em
2013, durante a execução do espetáculo "Encontros", um projeto de Moisés
Vasconcellos com o diretor Humberto Pedrancini e atuação de Roni, Roni propôs
um novo trabalho para dar continuidade à boa parceria. Juntos, decidiram
remontar "O Primeiro Milagre", que teve sua primeira estreia, com a
participação de Pedrancini e Moises, 20 anos atrás, e recebeu inúmeros prêmios
em festivais nacionais. Para compor o time, convidaram Abaetê Queiroz, parceiro
de longa data.
Com a
equipe formada, iniciaram então o trabalho de pesquisa navegando pela obra de
Fo, “percebemos, de cara, que não havia um momento melhor para esse projeto se
solidificar, com o país passando por uma autocrítica intensa”, relembra Roni.
Ficha técnica:
Direção: Humberto Pedrancini
Elenco: Roni Sousa e
Abaetê Queiroz
Iluminação: Moises
Vasconcellos
Sonoplastia: Tomás
Seferin
Operador de som e assistente
de produção : Kamila Rodriguez
Figurino: Cytia Carla
Foto: Joana França
Web-designer: Roniê
Sousa
Designer gráfico: Maíra
Zannon
Produção: Tatiana
Carvalhedo (Carvalhedo Produções)
Gestor financeiro:
Henrique Rocha
Serviço:
Local: Sesc Paulo Autran
Endereço: CNB 12,
AE 2/3 - Taguatinga Norte
Dias e horários: 9 e 10
de outubro, sexta e sábado, às 20h.
Informações: 3445.9150
Capacidade: 200 pessoas
Duração: 45 minutos.
Entrada: Franca mediante
doação de 2 quilos de feijão
Classificação indicativa:
12 anos.
Local: Teatro Goldoni
Endereço: EQS
208/209
Dias e horários 06 a 15
de novembro, sextas e sábados às 21h e domingo as 20h.
Informações: 3244.3333
Ingressos: R$ 40 (inteira
)
Capacidade: 110 pessoas
Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura em 1997,
é considerado por muitos como o principal escritor italiano vivo. Herdeiro da
escola de Moliere, calca seus textos na crítica ácida à sociedade e suas
instituições, utilizando a comédia como ponte reveladora das realidades quase
sempre desfavoráveis aos mais pobres ou menos instruídos. Adepto da temática
anarquista, não raro, extrapola em sua narrativa uma visão de estado sombria e
perturbadora.
Roni Sousa, 22 anos, idealizador deste projeto, iniciou
sua carreira no teatro aos 12 anos em ONG que atendia crianças carentes, o que
determinou sua trajetória nas artes cênicas que traz, como força motivadora,
temas e questões sociais. Em 2012, tornou-se professor e diretor de teatro para
mais de 1000 crianças carentes, com apoio do projeto da Unesco e TV Globo, Criança
Esperança. O jovem artista tem grande admiração pela obra do dramaturgo Dario
Fo, justamente em razão dos temas e questões sociais abordados em seus textos.
==> Foto: Joana França
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