Nos en(tre)cantos de Dulcineia Del Toboso ou Dulcineia em Cantata da atriz Karla Calasans

Depois de 410 anos em silêncio, Dulcineia Del Toboso, a dama sem-par de Dom Quixote de La Mancha, decide falar. À espera de seu cavaleiro andante, a dama, mergulhada na cova de Montesinos, procura encontrar explicações a respeito de quem ela realmente é. A partir da música, a senhora do cativo coração faz ressoar angústias, dúvidas, amores e outros tantos sentimentos e questionamentos guardados nesses mais de quatro séculos. Esse é o enredo do espetáculo Nos En(tre)cantos de Dulcineia Del Toboso ou Dulcineia em Cantata da atriz  Karla Calasans. A peça continua em cartaz no teatro da Casa d'Italia, de sexta à domingo.

“Se Dulcineia era difusa e imprecisa, ela nunca foi tão precisa como agora. Ela que foi só silêncio nasceu para o mundo”, define a autora do espetáculo. Tudo gira em torno do grande conflito da dama: saber quem é. Seria Dulcinea apenas fruto da imaginação de Dom Quixote? Seria uma farsa? Ou seria simplesmente amada pelo conjunto de fórmulas e códigos que representa como mulher? Das muitas possibilidades, Karla Calasans idealizou e concebeu esse espetáculo  para cantar os recantos e os encantos de Dulcineia Del Toboso, personagem criada no imaginário de Dom Quixote e que ganha vida a partir dos seus reais questionamentos.

Como Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote, Karla Calasans imaginou como seria o encontro da dama com ela mesma. "Ela não quer ser mais uma mulher silenciada ", explica. A imperatriz de Mancha passou 410 anos tentando se encaixar nas definições do cavaleiro, naquilo que ele idealizou como mulher. Com a ausência de som na cova, ela se descobre encantada pela possibilidade de ser outras e essa se torna sua grande aventura.

Nesse aspecto, Karla Calasans quer chamar a atenção do público para o dia a dia de muitas mulheres que vivem o mesmo dilema. "Quero falar do feminino silenciado ao longo dos tempos. Com uma estrutura contemporânea, ecoando e fazendo voz em cada um de nós. Forjando, cá dentro de nós, voz", afirma. Por isso, vários são os elementos no espetáculo que remetem ao universo feminino. Desde a cova de Montesinos que simboliza o reencontro com o feminino e com o berço da Terra, até o cenário feito com a técnica do quilling - filigrama em papel, trazendo a imagem de uma espiral que é totalmente feminina.

O texto de Nos en(tre)cantos de Dulcineia Del Toboso ou Dulcineia em Cantata é resultado do trabalho de pesquisa de mestrado de Karla Calasans, defendido em junho de 2010, no Departamento de Literatura da Universidade de Brasília (UnB). Momento em que a atriz decidiu estudar o porquê do silêncio de Dulcinea em Dom Quixote. Com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), este ano, as palavras ganharam vida, não somente por Karla Calasans, mas também por toda uma equipe, predominantemente feminina, que de forma delicada e genuína deu voz à Dulcinea Del Toboso que chega agora ao teatro para encantar tantas outras plateias.

Serviço:
Dias: 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de setembro
Sexta e sábado às 20h e domingo às 19h

Local: Teatro Goldoni - Asa Sul (208/209 sul - entrada pelo Eixo L)
Reservas (61) 3244-3333
Venda para grupos a partir de 10 pessoas – Juana (61) 8428-9999

Entrada 5 reais (meia) e 10 reais (inteira)
Classificação Indicativa: 12 anos

Ficha técnica:
Intérprete: Karla Calasans
Direção: Hanna Reitsch
Assistente de direção: Luciana Vasques
Diretora Musical: Zila Siquet
Músicos: Zila Siquet, Keu Aragão, Kalley Seraine
Iluminação: Carmen Santiago
Cenógrafa: Barbara Miranda
Figurinista: Nadine Diel
Designer gráfico: Carolina Senna
Produção: Chang Produções

Breve currículo:
Karla Calasans  é uma artista que vem caminhando nas artes cênicas, plásticas, musicais e literárias de uma forma própria. Possui graduação em Letras pela Universidade Católica de Brasília. É também mestra pelo Departamento de Literatura da UnB. Desde 1999, atua na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal e hoje integra a equipe do Canal E – TV Educativa SEEDF, além de atuar também, desde 2011, como professora universitária. Enquanto atriz, estreou, oficialmente, em 1995 com o espetáculo Medeia e Maria, no grupo de teatro do SESI em Taguatinga-DF. Entre 1996 e 1998, fez parte do teatro universitário da Universidade Católica de Brasília, atuando nas montagens de Morte e Vida Severina, Édipo Rei, O Rinoceronte. Durante nove anos, entre 2000 e 2009, integrou a Cia Yinspiração e Poéticas Contemporâneas (direção de Luciana Martuchelli), atuando nos curtas-metragens O Filminho e Tricô; e nos espetáculos: Tertúlias à Luz de Velas, Medeia – Gaia  em Fúria, A Página em Branco e ARS – As Mil Folhas Peladas dos Poemas. Entre 2009 e 2013, atuou em campanhas institucionais, como: Plano de Formação de Professores – Plataforma Freire (2009); Vacinação HPV para Meninas (2013) e Mais Médicos para o Brasil (2013). Karla Calasans também, ao longo desses anos, desenvolveu outros projetos, tais como: facilitadora da oficina de leitura dramática O Fazendeiro de Percepções (UnB -2004), atuação no curta-metragem Extrusos (dirigido por Marcelo Díaz e exibido no 37º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, 2004),  e o lançamento do seu 1º livro Nas Bordaduras de um Botão (2014).

==> Foto: Emilia Silberstein

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