O Teatro I do CCBB Brasília
recebe, nas tarde de 24 a 27 de setembro, expoentes da Jovem Guarda que
marcaram época e foram precursores de novas vertentes da música brasileira,
como Renato Barros, da banda Renato e Seus
Blue Caps, Michael Sullivan, Lafayette, Getúlio Côrtes e
Jerry Adriani. Serão encontros
abertos ao público e com entrada franca, nos quais cada artista vai contar um
pouco de sua experiência vivida dentro da Jovem Guarda.
Convidados também para
participarem, estão os jornalistas Irlam Rocha, do Correio Braziliense, José
Telles, Jornal do Comércio
Recife, o pesquisador, compositor e cantor dos anos 60, Albert Pavão, e Marcelo
Fróes, autor do livro “Jovem
Guarda em Ritmo de Aventura”, que irão instigar os músicos com perguntas e
levantando temas. Ao final, Marcelo Fróes abre para perguntas da plateia.
De acordo com
Marcelo Fróes, “há muito o que se dizer sobre a Jovem Guarda além de música, como comportamento, moda, cinema, juventude,
urbanidade etc. e todos os artistas convidados têm um pouco pra comentar
sobre cada um destes tópicos”, e avisa, “serão, inclusive, oportunidades
ímpares para fãs e curiosos conhecerem os bastidores e desvendarem as lendas
que envolvem este grande fenômeno da música nacional como o patrulhamento da
crítica, as influências recebidas assim como as passadas adiante”.
Os bate-papos acontecem em
paralelo à série de shows do projeto “Jovem Guarda 50 anos – Em ritmo de
festa”, também com patrocínio e realização do Banco do Brasil, que ocupam as
mesmas noites, de 24 a 27, do Teatro I do CCBB Brasília. Para Giselle Kfuri,
coordenadora e produtora da série, “as conversas serão intuitivas e descontraídas,
conduzidas, é claro, dentro dos contextos de cada artista”, e aposta, “várias declarações inéditas vão rolar”.
Programação:
24/9
(quinta-feira):
12h30: “Papo Firme”
com Renato Barros, Michael Sullivan, Albert
Pavão e Marcelo Fróes.
20h30: Show de Renato
e seus Blue Caps com Michael
Sullivan.
25/9
(sexta-feira):
12h30: “Papo Firme”
com Lafayette e Getúlio Côrtes, Irlam Rocha
Lima e Marcelo Froés.
20h30: Show de Lafayette
e Os Tremendões com Getúlio Côrtes
26/9 (sábado):
12h30: “Papo Firme”
com Jerry Adriani, José Teles e Marcelo
Fróes
20h30: Show de Jerry
Adriani e músicos
27/9 (domingo):
12h30: “Papo Firme”
com José Teles, Irlam Rocha e Marcelo Fróes
20h30: Show de Wanderléa
e músicos.
Local: Centro
Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES
Trecho 2 – Brasília/DF.
Duração da série “Papo Firme”: 120 minutos.
Lotação do teatro: 327 pessoas.
Classificação
indicativa: 12 anos.
Ingressos:
Entrada franca, mediante retirada de senha disponível uma hora antes do início.
Ficha técnica:
Mediação: Marcelo Fróes
Produção Artística: Humberto Braga
Coordenação geral: Giselle Kfuri
Produção: MPB Marketing Produções Artísticas
Coprodução: Valor Cultural
A
Jovem Guarda
Pegando
onda na popularização dos meios de comunicação, e como verdadeiro agente
provocador, a Jovem Guarda teve como marco do seu nascimento um programa
de televisão de mesmo nome apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e
Wanderléa, cuja estreia se deu em 22 de agosto de 1965. Roberto
Carlos, “O Brasa”, Erasmo Carlos, “O Tremendão”, Wanderléa,
“A Ternurinha”, como eram apelidados, conquistaram um sucesso estrondoso
com o programa que era exibido ao vivo, somente para São Paulo, nas tardes de
domingo e em outras cidades em vídeo tape.
Uma
das características do movimento era o estilo, com roupas
coloridas, calças colantes em formato boca-de-sino e minissaia com botas
de cano alto, e cabelos compridos, de preferência lisos. O som teve como
principais influências o rock’n’roll americano original e a beatlemania, e
foi marcado por covers de músicas inglesas, americanas e italianas,
o termo “iê-iê-iê” foi usado como denominação do rock tocado pela turma da
Jovem Guarda, em referência ao som lançado pelos Beatles em 1963.
O
movimento aconteceu em meio à Ditadura Militar, mas foi pouco censurado
justamente pelo conteúdo leve da música: velocidade, carros, amor, bem
como das gírias (broto, carango, barra limpa, lelé da cuca, mancada, pão, papo
firme, maninha, pinta, pra frente, e a clássica ‘é uma brasa, mora?’).
Em
1968, quando havia mais programas concorrentes de músicas para a juventude do
que patrocinadores, a coisa começou a entrar em colapso. E teve seu ponto final
oficial quando Roberto Carlos venceu o Festival de San Remo e resolveu
mergulhar de vez numa carreira de cantor romântico, deixando o programa Jovem
Guarda – que logo depois chegou ao fim, condenando sua concorrência.
Com
o fim daquele momento, os artistas da música jovem tomaram
caminhos distintos. Enquanto alguns se mantiveram identificados com
o rock, a exemplo de Erasmo Carlos, e outros se mudaram para amúsica
sertaneja, como Sérgio Reis, a maioria enveredou para a música
romântica, como foi o caso de Roberto Carlos, Wanderley Cardoso,
Jerry Adriani e Ronnie Von. A Jovem Guarda serviu de influência para
diversos gêneros e movimentos musicais no Brasil, destacando o rock, o
sertanejo e até o samba-rock.
Os jornalistas:
Albert Pavão
Se Nilton Santos
é a Enciclopédia do Futebol, Albert Pavão pode ser apontado com o mesmo
atributo no que se refere ao Rock Nacional. Cantor, compositor e escritor,
Albert foi um dos pioneiros do rock brasileiro, destacou-se também como
pesquisador desse gênero realizando diversas palestras pelo Brasil. No
final dos anos 50 e início da década seguinte, participou ativamente do cenário
musical brasileiro ao lado dos irmãos Celly e Tony Campello, de Sérgio Murillo,
de Baby Santiago, além de sua irmã, Meire Pavão e de tantos outros, que abriram
caminho para o movimento Jovem Guarda. Ter vivido de perto tudo o que aconteceu
naquele período inicial, lhe deu bagagem para escrever o livro “Rock
Brasileiro 1955-1965”, que contém informações preciosas sobre o período,
inclusive com registros que foram gravados pelos artistas daquela época.
Albert se revela, ainda hoje, como uma pessoa antenada com o que vem sendo
produzido no rock nacional.
José Teles
Jornalista, é
crítico de música do Jornal do Commercio desde 1986 e já escreveu sobre o
assunto em diversas publicações pernambucanas e de outros estados, inclusive no
jornal A Bola, de Lisboa. Teve textos publicados pelo O Pasquim
(Rio), Bizz (São Paulo), Revista General (São
Paulo), Meus Caros Amigos (São Paulo), dentre muitas outras. Assinou
três edições da Continente Documento, com Luiz Gonzaga, Capiba e com o
Movimento Manguebeat. Colaborou com sites como o Clique Music editado
por Tárik de Souza, Jornal da Música (RJ, também editado por Tárik de
Souza), e em O Carapuceiro (SP, editado por Xico Sá). Em 1988,
ganhou, com Ronaldo Correa de Brito, o prêmio de Novos Ficcionistas, promovido
pela Fundarpe. Tem diversos livros publicados e premiados como O frevo
rumo à modernidade, O Baião do mundo e Do frevo ao manguebeat, sendo este
último uma referência na bibliografia da história da música pernambucana.
Irlam Rocha Lima
Um dos mais
importantes jornalistas de Cultura do DF. Trabalha no Correio Braziliense
desde os anos 1970, dedicando-se, sobretudo, à música. Existem personagens
cujas trajetórias se confundem com as histórias dos lugares que habitam. O
jornalista baiano Irlam Rocha Lima é um desses casos, afinal, nas últimas
quatro décadas, não há o que o repórter não tenha visto ou vivenciado na cena
musical da capital federal, que ele ajudou a construir ao abrir espaço para
artistas de cujo sucesso desconfiava. Presença constante das noites da cidade,
admirado por personalidades da MPB, Irlam foi pioneiro em um segmento
jornalístico muitas vezes negligenciado, mas ao qual ele se empenhou em
emprestar prestígio e credibilidade. Irlam já assistiu e comentou mais de 10
mil shows e foi o autor das primeiras reportagens de artistas como Cássia
Eller, Oswaldo Montenegro, Legião Urbana, Hamilton de Holanda entre outros.
Diversas vezes homenageado, Irlam é uma figura notável em Brasília pelo
profundo conhecimento da música e de tudo que acontece na capital federal em
termos de cultura.
Marcelo Fróes
Curador do
projeto é considerado um dos maiores conhecedores da Jovem Guarda. É
autor do livro “Jovem Guarda - Em ritmo de aventura” (Editora 34, 2000), editor
do jornal “International Magazine” e dono do selo musical Discobertas. Produziu
os projetos de caixas de CDs de Gilberto Gil (“Ensaio Geral”, 1999), Vinicius
de Moraes (“Como dizia o poeta”, Universal/2001) Nara Leão (“Nara”,
Universal/2002, e “Leão”, Universal/2003), Erasmo Carlos (“Esquinas do Tempo –
1950-2000”, Som Livre Direct, 2001), dentre outros artistas.
==> Foto: Felipe Diniz
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