Antes mesmo da criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb), um dos mais importantes indicadores da qualidade do trabalho
escolar no Brasil, em 2007, muitas dúvidas rondavam os docentes e gestores
educacionais. A principal delas era como interpretar os dados das
avaliações externas para integrá-los a um projeto pedagógico adequado à
realidade da escola.
Para o coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação Educacional (Gepave) da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), Ocimar Munhoz Alavarse, essa problemática persiste ainda hoje. “A avaliação é mal interpretada ou ignorada no país”, analisa o especialista.
Para ajudar os professores e líderes a compreenderem essas questões, a Editora do Brasil acaba de lançar o programa EducaBrasil, uma consultoria educacional estruturada especificamente para os problemas da educação pública no país. “Avaliações Externas e Avaliações Internas: um diálogo” é um dos temas que integram o projeto. A coordenação da área está a cargo dos pesquisadores do Gepave, Ocimar Alavarse e Érica Catalani. Para conferir as outras frentes de ação, acesse o site oficial.
Alavarse aponta que, nas últimas duas
décadas, as escolas brasileiras passaram a participar de avaliações
externas e em larga escala organizadas pelo Governo Federal, como a
Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil), Avaliação
Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional da Alfabetização
(ANA), que compõem o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Ao
lado dessas, também, coexistem aquelas ocorridas dentro da sala de aula,
desenvolvidas pelos professores, as denominadas avaliações internas.
Após a criação do Ideb, que reúne em um só indicador o fluxo escolar e a média de desempenho na Prova Brasil língua portuguesa, foco em leitura, e matemática, foco em resolução de problemas, o Ministério da Educação estabeleceu metas bienais a serem cumpridas pelas escolas. Para o pesquisador, “esse cenário impõe uma série de desafios para os gestores que devem, por exemplo, envolver os educadores em torno de um projeto comum para integrar as avaliações internas e externas e, assim, resolver problemas de aprendizagem”.
De acordo com coordenador, “a solução para essas questões seria investir em uma formação que privilegiasse a aprendizagem sobre o uso das avaliações e indicadores de desempenho”.
Para ajudar os docentes a lidarem com esses dilemas, o EducaBrasil vai capacitar docentes de escolas públicas a trabalharem as avaliações com base na realidade das escolas. Os professores receberão orientação para que afiram melhor em sala de aula (avaliação interna) e interpretem os resultados de avaliações externas.
Além de orientação presencial e à distância, o programa inclui a disponibilização de vídeos, textos e pesquisas, bem como indicações sobre como utilizá-los. “Queremos apresentar aos gestores o potencial que as avaliações têm. Evidentemente não é possível resolver todos os problemas, nem ignorar o trabalho de acompanhamento desenvolvido pelo Ministério da Educação, mas colocar nossos conhecimentos à disposição da melhoria da educação pública só traz benefícios”, explica Ocimar Alavarse.
Sobre os especialistas – Ocimar Munhoz Alavarse é licenciado em Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos-SP (1984). Mestre (2002) e doutor (2007) em Educação pela USP. Trabalhou como técnico de Desenvolvimento Profissional no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo (Senac, SP), de 1988 a 1994, e como coordenador Pedagógico na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, de 1995 a 2008. Atualmente é professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), onde coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave), investigando, principalmente, os temas de ciclos, progressão continuada, gestão educacional e avaliação educacional.
Érica Catalani é licenciada em Ciências e Matemática pela Universidade Brás Cubas (1989). Mestre em Educação Matemática pela Unicamp (2002). Professora de Matemática na Rede Estadual de Ensino de São Paulo, de 1988 a 1998. Professora de Matemática e Coordenadora Pedagógica na Rede Municipal de Ensino de São Paulo, de 1990 a 2005. Atualmente é Supervisora Escolar nessa Rede, onde também é responsável pelo Núcleo de Avaliação Educacional. Doutoranda em Educação na Faculdade de Educação da USP e membro do Gepave.
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