A CAIXA Cultural Brasília apresenta, de 23 de junho a 23 de agosto, a exposição
BRINQUEDOS À MÃO – COLEÇÃO SÁLUA CHEQUER,
com mais de 900 objetos utilizados pela infância de antigamente e ainda presentes
nas comunidades interioranas do Nordeste brasileiro. O acervo pertence a Sálua Chequer,
colecionadora e pesquisadora de cultura popular, que assina a curadoria da
mostra junto com o artista visual Zé de Rocha. O projeto é uma idealização da
Trevo Produções.
Pouco conhecidos das crianças dos
grandes centros urbanos de hoje, os brinquedos da exposição foram feitos à mão
por artesãos que transformam barro, pedaços de pau e de pano, latas de óleo e
caixas de papelão em objetos capazes de despertar emoções e fantasias, estimulando
a criatividade e a afetividade.
A paixão de Sálua Chequer pelos
brinquedos remonta à sua própria infância na região cacaueira da Bahia. As boas
lembranças levaram-na a adquirir peças feitas artesanalmente em suas pesquisas
de campo pelo interior nordestino. A colecionadora atribui sua admiração pelo
universo dos brinquedos populares à dedicação, ao cuidado e ao longo tempo dispendido
pelos artesãos para criar objetos simples e, ao mesmo tempo sofisticados, que
para serem utilizados exigem o contato físico e o manuseio.
As crianças que forem à exposição poderão saciar
a vontade de brincar no espaço chamado de Cantinho
do Brincar, com objetos lúdicos como cinco
marias, pula corda, bolinhas de gude, piões, dentre outros. A exposição também
conta com uma oficina de resgate de brincadeiras tradicionais, parlendas e
estórias, voltada para educadores, que será realizada em agosto.
A EXPOSIÇÃO
BRINQUEDOS À MÃO – COLEÇÃO
SÁLUA CHEQUER apresenta mais de 900 peças,
coletadas ao longo dos últimos 30 anos, durante pesquisas de campo em diversas
cidades do interior e nas capitais de estados do Nordeste.
Os brinquedos foram adquiridos por artesãos, presenteados por amigos
e garimpados em feiras livres nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco,
Paraíba, Ceará e Piauí.
Para chegar ao formato final da
exposição, os curadores Sálua Chequer e Zé de Rocha levaram em conta o diálogo
entre três olhares: o olhar de quem criou o brinquedo, o olhar da colecionadora
que o escolheu e o olhar do espectador que se encanta com o objeto. Em foco, a
recuperação da importância e do valor pedagógico dos brinquedos populares como
referência para as antigas e as novas gerações.
As peças, expostas em suportes
diversos, não são apresentadas como peças de museu. Ao contrário, convidam ao
movimento. Representam cenas do cotidiano e utensílios de trabalho como, por
exemplo, pequenos moedores de cana-de-açúcar, carro de boi e moinhos de água. Há
ainda mobílias de madeira para a tradicional brincadeira de casinha, com
mesinhas, cadeiras, sofás, geladeiras, camas e guarda-roupas, e miniaturas de
utensílios domésticos como peneiras, baldes e panelinhas feitos em barro,
madeira e metal.
Brinquedos mais conhecidos também
fazem parte da mostra como pula corda de sisal, peteca, piões, além de brinquedos
indígenas, entre eles, barquinhos à vela e boneco feito de pena e argila. Algumas
peças podem ser manuseadas por adultos e crianças que visitarem a exposição.
SUA MAJESTADE, O BRINQUEDO
As obras expostas evidenciam soluções
complexas e inventivas, liberdade criadora, curiosidade inquieta, uma imensa
capacidade de adaptação e superação. Segundo o curador e artista visual Zé de
Rocha, o brinquedo popular traz em si o encantamento dos jogos lúdicos. Não são
objetos criados para o deleite visual. São vetores que incentivam a interação e
a troca: “um simples pedaço de pano ou madeira tem a capacidade de, numa
simples brincadeira, criar mundos e transformar vidas”, diz.
Psicólogo e doutor em Saúde Pública,
Carlos Linhares afirma que todo brinquedo “sofre de incontinência criativa”.
Ele afirma: “o alumínio das latas velhas perde sua imanência de matéria bruta e
brinca de transcendência”. Para ele, brinquedos são instrumentos essenciais no
jogo de socialização e na assimilação de funções sociais. As brincadeiras
contêm lições como limites, crenças, valores. Talvez a primeira delas seja a da
lei da gravidade. Mas há também um aprendizado que costuma provocar lágrimas: o
da impermanência, que se aprende quando os castelos de areia caem com o fluxo
da água ou quando aquele brinquedo preferido quebra. Diz Carlos Linhares: “Não
à toa, trabalhos de reinserção de crianças em situação de risco utilizam a
pedagogia do brinquedo”.
A COLECIONADORA
Nascida na cidade baiana de Ibirataia, Sálua Chequer é
educadora, musicista, pesquisadora e brincante. Desde 1980, atua na área da
cultura popular. Foi assim que observou a presença marcante
dos brinquedos artesanais em feiras livres, mercados populares,
exposições de artesanato em várias cidades do interior do Nordeste e nas
capitais. Fascinada pelo colorido, pelas formas e pelo entusiasmo dos artesãos,
a pesquisadora começou a adquirir alguns brinquedos. Mas não bastava tê-los:
era preciso saber quem fez, para quem fez e porque fez.
O interesse foi crescendo e Sálua Chequer decidiu fazer Mestrado
em Arte, Educação e Gestão Cultural, tendo como objeto de pesquisa
o Brinquedo Popular, pela Universidad Internacional Menéndez Pelayo
(UIMP)/Instituto de Educação Brasil-Espanha (IEBE).
Sálua Chequer tem Licenciatura em Música pela Universidade
Católica de Salvador e Graduação em Eventos pela Universidade Salvador. É
também fundadora e diretora artística do grupo musical Camerata Popular do
Recôncavo. Desenvolveu e avaliou projetos de cultura popular, além de
participar de palestras e oficinas nessa área.
Ficha técnica:
Curadoria: Sálua Chequer e Zé de
Rocha
Projeto Expográfico: Zé de Rocha e
Vanessa Cerqueira
Produção local: Carvalhedo Produções
Realização: Trevo Produções
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
Serviço:
Exposição: “Brinquedos à Mão
– Coleção Sálua Chequer”
Local: CAIXA Cultural Brasília | Galeria Vitrine
SBS Quadra 4 Lotes 3/4, CEP 70092-900
Brasília/DF
Abertura: 23 de junho de 2015,
às 19h
Visitação: 24 de junho a 23 de agosto de 2015
Horário: de terça a domingo das 09h às 21h
Informações: 61 3206-9448 | 61 3206-9449
Ingressos: Entrada franca
Classificação etária: Livre para todos os públicos
==> Foto: Hudson Vagner
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